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Bronze na vela no Pan, casal baiano traça nova meta: fazer campanha olímpica para 2024

Por Gabriel Rios

Bronze na vela no Pan, casal baiano traça nova meta: fazer campanha olímpica para 2024
Foto: Gabriel Rios / Bahia Notícias

Com a participação da dupla Juliana Duque e Rafael Martins, a Bahia voltou a ser representada na vela em um Pan-Americano depois de 32 anos. De quebra, o casal conquistou a medalha de bronze na classe Snipe no Pan de Lima, no Peru. Juliana destacou a importância do feito, que coroou a participação inédita na competição.

Foto: Jonne Roriz / COB

 

“Para a gente era um sonho estar representando o país no Pan-Americano. Lutamos muito e conseguimos classificar, sendo que só se classificam um por classe. Eu não tinha me tocado da importância que é ganhar uma medalha. Só começou a cair a ficha quando vi todo mundo vibrando, a família ligando emocionada... Estou muito feliz. É uma experiência única”, disse Juliana.

 

Rafael reforçou o discurso de Juliana, e afirmou que o resultado dá confiança para outras conquistas. No entanto, o velejador salientou para as dificuldades de apoio, e o desequilíbrio com os esportistas do Sudeste.

 

“Voltamos fortalecidos do campeonato, e achando que realmente dá. É difícil, estamos no Nordeste, e sabemos que o apoio não é o mesmo do eixo. O dinheiro não corre do mesmo jeito, mas não é um sonho impossível. Precisa de trabalho, dedicação e foco”, afirmou Rafael.

 

A medalha de bronze pode ter sido o pontapé inicial para o sonho olímpico do casal. De acordo com Juliana, eles iniciaram uma nova meta: fazer uma campanha olímpica para 2024.

 

“Quando se faz uma campanha olímpica, não dá para fazer de um ano para o outro. Tem gente que está há oito, dez anos na classe... Por isso pensamos em 2024, pois teremos tempo de preparação. Não é simples. A nossa única dificuldade é a capacidade financeira, do quanto a gente pode investir e ser uma atleta capaz de ganhar uma medalha ou não”, explicou Juliana.

 

Pensando na Olimpíada de 2024, que acontecerá na França, a dupla precisará escolher uma nova classe, já que a Snipe, que eles competem, não é olímpica. É possível que os testes sejam feitos na classe 470, na Copa Brasil de Vela, em outubro. “Vamos testar esse barco e decidir até o fim do ano qual será o barco para iniciarmos o processo”, revelou Juliana.

 

Porém, a busca por esse sonho olímpico passa muito por um suporte financeiro. A dupla lamenta a falta de patrocinadores. Eles treinam no Yatch Clube da Bahia, mas salientam que, apesar de muito bom, não é o suficiente para chegar numa Olimpíada, já que não recebem salário para se dedicarem somente ao esporte.  

 

“Aqui no clube temos um apoio muito bom. Suporte técnico, físico, fisioterapia, psicologia, é bastante coisa. Mas ainda falta, e eu não sei se tem como só uma entidade cobrir, alugar barco fora, viajar, pagar técnico fora, que é super caro. Nos EUA, os atletas gastam cerca de 500 mil dólares. Só o clube não tem como fazer isso”, comentou Juliana.

 

“O suporte que o Yatch Clube dá para a gente, nenhum outro clube dá no Brasil. Não temos o que reclamar, mas o clube não é a entidade que vai nos dar um salário para sermos 100% do tempo velejadores. A gente precisa buscar uma empresa parceira, que acredite no nosso projeto, e possa pagar um salário para que a gente foque somente no esporte”, explicou Rafael.

 

Juliana está cursando o oitavo semestre de Engenharia Ambiental, e também dá treinos particulares, enquanto Rafael representa uma veleria no Norte e Nordeste e presta serviços em barcos. “Demos um passo da escada que temos para subir. É possível, mas não adianta não termos um suporte. Gastar um dinheiro e perder nosso tempo? Precisamos estar bem estruturados para podermos chegar lá”, afirmou o velejador.

 

Questionado se a vida de casados já atrapalhou em alguma prova, Rafael foi rápido: “Deixa ela falar isso aí...”. Apesar de admitir algumas discussões, Juliana afirmou que a confiança deles como casal, ajuda muito na hora das competições: “A gente discute no barco, mas é normal. Vejo como algo positivo, pois um tranquiliza o outro em momentos de nervosismo. Um conhece bem o outro. No Pan foi um ponto muito positivo, pois conseguimos manter mais a calma que outras duplas”, explicou Juliana.

Após o bronze no Pan, o casal mira a Olimpíada de 2024 | Foto: Divulgação / Yacth Clube da Bahia 

 

“O melhor é que a gente consegue é separar muito a vida de casados com a de atletas. A gente deixa muitas coisas no barco, e quando vai para casa é outra coisa. Assim como os estresses de marido e mulher nós não levamos para o barco”, completou Rafael.

 

Após o bronze no Pan, Juliana passará um mês fazendo curso na Marinha. Em outubro, eles terão o Mundial de Snipe, que acontece em Ilhabela, interior de São Paulo, e a Copa Brasil de Vela.