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Integrante do Time Guga, tenista baiano fala de projeto e planeja chegar a elite profissional

Por Leandro Aragão / Gabriel Rios

Integrante do Time Guga, tenista baiano fala de projeto e planeja chegar a elite profissional
Natan Rodrigues | Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

O tenista brasileiro melhor posicionado na última atualização do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP) é Thiago Monteiro, de 24 anos, que aparece no 114º lugar. Desde o ex-número 1 do mundo Gustavo Kuerten, o Brasil não emplaca nenhum nome no Top 20. Thomaz Bellucci (255º) foi quem chegou mais perto ao ficar na 21ª colocação da lista em julho de 2010. Porém, o cenário muda quando se fala do ranking juvenil. Se entre os profissionais o país não tem um atleta sequer entre os 100 melhores, sete garotos brasileiros  aparecem no ranking da Federação Internacional de Tênis, da sigla inglesa ITF, até a 96ª colocação. O número 1 do Brasil na lista dos jovens é Thiago Wild, que foi campeão da categoria na última edição do US Open.

 

Historicamente, o Brasil sempre teve bons tenistas no juvenil, porém pouquíssimos conseguem manter o mesmo sucesso quando chegam ao profissional. Visando preparar jovens talentos para brigar no Top 100 profissional, o ex-tenista Gustavo Kuerten deu início a um projeto pioneiro no país ao lançar o "Time Guga", no último mês de junho (leia mais aqui). Seis garotos brasileiros foram selecionados para fazer parte do grupo, e entre eles está o baiano Natan Rodrigues, de 16 anos. O jovem destro, de 1,83m de altura, conquistou mais um título para a sua coleção no sábado passado (6), o Bahia Juniors Cup, disputado no Clube Bahiano de Tênis, em Salvador. Com o resultado, subiu duas posições e apareceu na 59ª posição do ranking da ITF.

 

"Desde pequeno eu já tinha uma boa carreira juvenil. Aí com 14 anos ganhei a copa dele lá, a Copa Guga, e sempre estive nas pontas do ranking brasileiro, em primeiro ou segundo. No final do ano passado, a gente já especulou esse Time Guga. Por palavra, tinha seis jogadores, eu e mais cinco, mas oficializou mesmo agora. Todos os pais dos atletas foram lá, assinaram o papel. É muito bom, porque Guga é um ídolo nosso, estar num time desses é muito importante, de peso, mas temos que tirar proveito disso e seguir bem na carreira", contou Natan em entrevista ao Bahia Notícias.

Natan Rodrigues em ação no Bahia Juniors Cup | Foto: João Ubaldo Correia / Sudesb

 

A base de treino de Natan no Time Guga fica na cidade paulista de São José do Rio Preto. Ele e o paulista Mateus Alves, de 17 anos, estão sob os cuidados do treinador Thiago Alves. O projeto tem braços em outras duas cidades brasileiras, Joinville (SC) e Belo Horizonte (MG). Além de Natan e Mateus, o catarinense Pedro Boscardin (15 anos) e os mineiros João Victor Loureiro (15 anos), João Ferreira (17 anos) e Bruno Oliveira (16) completam a equipe de jovens do ex-número 1 do mundo.

 

"O tênis brasileiro é muito bom nos juvenis, se não me engano tem uns sete tenistas no Top 100, que é uma marca boa. Mas quando chega ali na transição, acho que o brasileiro peca um pouco, não sei o que acontece. A ideia do Time Guga é nos preparar. Aqui no Brasil só três conseguem ir ao profissional. O Guga quer botar seis, sete, até oito jogadores brigando no Top 100 profissional, como os espanhóis fazem. Brasileiro só tem um ou dois ali, nunca vem uma geração forte. No juvenil vem, mas no profissional acaba pecando na transição", enfatizou o baiano. "O brasileiro sai bem do juvenil, talvez até com um pouco de salto alto, não sei... E acaba vendo que não é por ali que as coisas são. Profissional é outro jogo, é outra coisa. Às vezes peca no salto alto, às vezes pelo jeito brasileiro encontra dificuldades e não vai atrás delas, acabam desistindo e aí não dá certo", completou.

 

Os jovens talentos estão sempre voando pelo mundo para treinar. Antes de disputar o Bahia Juniors, Natan conta que passou seis semanas no exterior fazendo treinamentos e disputando alguns torneios. "A gente tem um treinamento em Barcelona, que se não fosse o Guga não seria possível. Isso é importante para nós", pontuou. Inclusive, as viagens estão ajudando o baiano a não sentir a mudança para São José do Rio Preto e nem a falta da família. "Para falar a verdade, ainda não fiquei só, porque lá fiquei no máximo duas semanas, porque aí eu viajo e fico quatro a cinco semanas fora, volto, fico mais uma ou duas. Sempre nesses intervalos de uma ou duas semanas ou meu pai ou minha mãe estão lá comigo. Não fiquei literalmente sozinho", explicou ele, que mora numa pequeno apartamento na cidade paulista.

 

Por se tratar de um projeto em estágio inicial, o Time Guga ainda não tem patrocinadores e são os próprios atletas que bancam suas despesas. Natan não soube dizer o custo. "É meu pai que cuida dessa parte aí e não converso desse assunto com ele. Como ele me fala: 'Vai só jogar e deixa que eu cuido desse trabalho'. É meio que meu empresário", falou. No entanto, a conta deve ser alta, já que o baiano recebe uma bolsa do programa FazAtleta, do Governo da Bahia, tem um patrocinador privado, que é a empresa Solutis Tecnologia, e ainda recebe os materiais esportivos da Wilson. Além de contar com uma ajuda financeira do pai.

Natan foi campeão do Bahia Juniors vencendo Pedro Boscardin | Foto: João Ubaldo Correia / Sudesb

Além de Guga, que está à frente, o projeto é coordenado por Hugo Daibert, que também é treinador do duplista Bruno Soares, destaque do circuito profissional ao lado do britânico Jamie Murray. Os dois comandantes da iniciativa lideram uma equipe que conta com os treinadores Ricardo Schlachter e Bruno Baeta, além de Thiago Alves, técnico de Natan.

 

ESTREIA EM GRAND SLAMS
O ano de 2019 promete a realização de alguns sonhos para Natan. Com a campanha no Bahia Juniors, o jovem tenista garantiu vaga nos quatro Grand Slams do circuito do tênis. Na categoria juvenil, ele vai disputar o Australia Open, Roland Garros, Wimbledon e o US Open. O primeiro será o torneio australiano, que acontece sempre em janeiro.

 

"Estou na expectativa para jogar, estou ansioso. O primeiro é na Austrália, em janeiro, acho que vai ser muito gratificante. É um torneio para 18 anos e eu vou jogar com 16, pois não terei completado 17", destacou ele, que faz aniversário no dia de Iemanjá, 2 de fevereiro.

 

Os pisos dos torneios mais importantes do tênis são diferentes um do outro, com exceção do Australia Open e do US Open, disputados em quadra dura, enquanto os jogos de Roland Garros são no saibro. "Particularmente prefiro a quadra dura. Acabei de ganhar o Bahia Juniors na quadra dura. Mas não tenho problema nenhum com o saibro", falou Natan.

 

Já Wimbledon será uma dupla estreia para o baiano, pois até então ele nunca atuou na grama. "Tenho esse sonho de jogar na grama uma vez", afirmou, revelando sua admiração pelo charmoso torneio inglês. "É a grama sagrada, joga todo de branco. Acho isso bem interessante", completou.

 

CARREIRA
Natan Rodrigues entrou no tênis incentivado pelo pai, que sempre foi fascinado pela modalidade. Com quatro anos, ganhou a primeira raquete de presente do seu "velho" e a partir daí tomou gosto pelo esporte. Os títulos foram aparecendo logo que entrou na disputa dos torneios.

 

"Com nove anos, joguei o meu primeiro Brasileiro, que foi em Curitiba, e ganhei. Foi o primeiro torneio fora da Bahia. Depois, com 12 anos, ganhei o Banana Bowl (tradicional torneio da América do Sul). Com 14 anos, entrei na saga dos ITFs, que são os torneios sub-18. Ganhei meu primeiro título de ITF com 15 anos, em Itajaí (SC), no ano passado. Até o momento, meu maior título do ITF foi na Colômbia", disse.

 

Os bons resultados e o desempenho satisfatório em torneios no exterior encorajaram Natan a investir no sonho de se tornar tenista profissional. "Sempre estive na ponta do ranking brasileiro, era diferenciado aqui no país, mas quando fui para jogar os torneios de fora vi que estava em bom nível. Depois que ganhei o primeiro ITF com 15 anos, e, no início do ano, cheguei à semifinal de um torneio no Equador, fiz uma pontuação boa entrando para o Top 100 do mundo", afirmou. E falou dos sonhos que espera conquistar no futuro no circuito da ATP. "Quero ser da elite profissional, Top 100 do mundo. Sempre almejar mais e mais, se possível chegar no Top 10. Nos torneios, sempre tive vontade de ganhar Wimbledon, na grama. Adoro esse torneio! Mas espero que no ano que vem eu possa realizar meu sonho de jogar pela primeira vez em Grand Slam. Tem muita coisa para rolar ainda e vamos trabalhar o dia-a-dia para ver o que acontece", finalizou.

Foto: Srdjan Stevanovic / ITF