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Entrevista

Goleiro e motivador nato, Anderson revela: 'Hoje, eu sou Bahia'

Por Ulisses Gama

Goleiro e motivador nato, Anderson revela: 'Hoje, eu sou Bahia'
Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia

"Sou pernambucano, conheço a trajetória dos clubes do Nordeste, principalmente do Bahia, equipe bicampeã brasileira. O Fernando Prass realizou o sonho de jogar na Seleção Brasileira aos 38 anos. Eu, aos 32, consegui chegar em um grande clube do futebol brasileiro, o Bahia. É uma oportunidade única na minha vida". As palavras do goleiro Anderson ao desembarcar em Salvador para ajudar o Tricolor em 2016 não mudaram. Na verdade, mudaram sim. O sentimento aumentou. Com mais oportunidades em 2018, o experiente arqueiro hoje fala como um torcedor do Esquadrão de Aço. "Hoje, se eu parasse de jogar, ia ter 20 mil sócios e eu. Hoje eu sou Bahia. A minha maior alegria aqui foi entrar na Copa do Nordeste e subir aquela ladeira (antes do Ba-Vi  decisivo da Copa do Nordeste 2017). Nunca senti aquele calor humano. A torcida não pede para ganhar, pede para ter raça. Aquilo motiva. Quando cheguei, eu disse que queria buscar um clube grande e consegui. Falo para o pessoal aqui que se for para sair daqui, vou para casa. Era o que eu buscava como atleta. Cheguei e vai ser difícil sair agora", revelou, em entrevista ao Bahia Notícias. Apesar de não ter a faixa de capitão, Anderson é líder e age como um motivador antes das partidas no vestiário do clube. Mas nem sempre foi assim. "Fui capitão com 17 anos, me lembro que Givanildo Oliveira me colocou de capitão em um Sport contra Santa Cruz na Ilha do Retiro lotada, não sabia o que falar (risos)", explicou. No papo com a reportagem, Anderson comentou sobre a disputa pela titularidade, a chegada de Enderson Moreira, aposentadoria e o futuro do Esquadrão nas competições do ano. Leia a entrevista completa: 

 

Mesmo não tendo muitas atuações, você permaneceu no clube. Ao que credita mais uma renovação no início do ano?

A gente vem trabalhando, se dedicando. O pessoal vê a minha dedicação e você acompanha o meu dia a dia. Vou completar três anos de clube e graças a Deus nunca me machuquei. É importante para o funcionário. É continuar nessa batida e, se Deus quiser, ser campeão da Copa do Nordeste.

 

Hoje você é o titular e teve boas atuações contra o Ceará. Como vê a disputa pela vaga?

É difícil. Douglas e Fernando são excelentes goleiros. Me preparo para jogar todos os jogos. Mas depende do treinador. Era o Guto, depois o Claudinho e a agora o Enderson. Ele vai conhecer o dia a dia. Sabemos da importância de buscar o título jogando, isso agrega para a gente. É difícil, mas falo que temos que estar sempre preparados. Sabia que isso ia ocorrer. O Thiago Mehl (preparador de goleiros) tinha um trabalho com Jean, Muriel e Anderson, depois Jean, Anderson e Rafael. O Thiago saiu... Depois o Bahia contratou o Douglas, dei um pouco de azar... Mas aí continuei trabalhando e a oportunidade surgiu. Não era do jeito que eu queria, com o Douglas machucado, mas faz parte do futebol.

 

Como tem sido o trabalho com Enderson Moreira?

Ele implanta um pouco do que a gente já tinha, com linhas altas, goleiro adiantado. Ele está moldando o nosso jeito do sistema defensivo e a segunda linha para que a gente se ajude mais. Ele quer um bloco mais fechado e compacto. Isso vai no dia a dia, ele tem pouco tempo. Por enquanto ele está mais na boca do que no trabalho em campo. Contra o Ceará conseguimos manter as linhas bem compactas e devagarzinho vamos nos acertando. Ele é um cara que escuta. Explica, a gente fala e vamos nos moldando. Compramos a ideia dele e vamos até o final.

 

Você é um jogador que brinca, mas também fala sério na hora necessária. Antes dos jogos, você pede a palavra e passa motivação ao resto do elenco. De onde veio esse espírito?

Sempre tive isso. Antes não tinha isso de transmissão dos bastidores e do vestiário. Futebol era mais reservado. Era capitão com 17 anos, me lembro que Givanildo Oliveira me colocou de capitão em um Sport contra Santa Cruz na Ilha do Retiro lotada, não sabia o que falar (risos). O zagueiro Roberto, que era até baiano, pediu a palavra e falou com o grupo. Depois ele me chamou e disse: 'A partir de hoje, inventa algo na sua cabeça para falar. Tu é o capitão e nós queremos ouvir'. Fiquei com isso na cabeça, fui levando para a vida. As palavras que uso aparecem durante a semana ou quando estou indo para o estádio. Na final da Copa do Nordeste em 2017, que repercutiu bastante... Sabia que o Sport tinha uma torcida que empurrava, que joga na pressão, e vi o nosso time meio desligado. O time de 2016, com Guto, ficava meio ansioso antes dos jogos e dava uma acordada nos caras. A do Ba-Vi [Copa do Nordeste 2017] eu vi um torcedor chorando e batendo no peito. Falei com o Hernane: 'Se a gente não se arrepiar, é melhor a gente parar de jogar bola'. Pedi para os caras pararem o ônibus da ladeira. Os caras ficaram receosos, achando que iam andar demais, cansar. A gente desceu e foi aquilo... Eu brinco bastante, mas na hora de falar sério eu falo. Antes o mais velho falava e eu não escutava, mas já falo para os meninos. Falei para o Marco Antônio que pode ser a última final dele. Futebol tem essas coisas.

 

Como é a sua relação com o Bahia?

Hoje, se eu parasse de jogar, ia ter 20 mil sócios e eu. Hoje eu sou Bahia. A minha maior alegria aqui foi entrar na Copa do Nordeste e subir aquela ladeira. Nunca senti aquele calor humano. A torcida não pede para ganhar, pede para ter raça.Aquilo motiva. Quando cheguei, eu disse que queria buscar um clube grande e consegui. Falo para o pessoal aqui que se for para sair daqui, vou para casa. Era o que eu buscava como atleta. Cheguei e vai ser difícil sair agora.

 

Com 35 anos, já pensa em aposentadoria?

Agora não penso nisso. Goleiro não corre e é só se cuidar. Nunca tive problema com peso, lesão. Dá para jogar mais quatro anos, chegar na idade do Buffon jogando. É nesses caras que a gente tem que se inspirar.

 

Se inspira em algum goleiro?

Olho todos os goleiros. Estava falando com o Thiago Mehl – ele é mais novo do que eu – que dei sorte na bola porque está mais moderno. Eles estão usando os pés e eu usava bastante, só que não era como hoje. Olho muito os goleiros novos, De Gea (Manchester United e seleção da Espanha)... Também vejo os antigos. Uso os dois. Gosto de orientar e participar dos jogos falando. Mas inspiração só em meu pai, mesmo.

 

Anderson ganhou mais oportunidades em 2018 | Foto: Ulisses Gama / Bahia Notícias

 

No Brasileirão, o Bahia está na zona de rebaixamento. Como reverter a situação?

Temos que vencer, a gente sabe que é importante. Sabemos que é difícil, mas é ter tranquilidade. Temos que focar agora na Copa do Nordeste, depois tem a Copa do Brasil e vamos ligar a chave do Brasileiro. Essas competições prejudicam o Brasileiro. Ainda vamos ter 40 jogos no ano. É uma competição muito importante e nós não vamos cair.

 

O Bahia está com vantagem nas oitavas de final da Copa do Brasil e pode avançar. É possível sonhar com o título nacional?
Dá para sonhar. É o que está mais próximo e temos que aproveitar da melhor maneira possível. Se Deus quiser, a gente passa do Vasco e aí vai ficar bom para a gente.

 

O que é preciso fazer para o Bahia voltar a conquistar a Copa do Nordeste?
A classificação foi merecida. Não conseguimos apresentar um grande futebol, mas foi um jogo que ninguém conseguiu colocar ritmo. Falei que a gente não se apresentou bem, mas é ter tranquilidade. Garra não faltou. Temos que respeitar o Sampaio e se Deus quiser vamos conseguir o título. Temos que imprimir ritmo fora de casa e trazer o resultado para cá. A responsabilidade é nossa, mas é ter responsabilidade.

 

Como vê as recentes cobranças da torcida?
A torcida do Bahia tem o direito de cobrar, eles pagam ingresso. Sabemos que não faltou determinação. Eles cobraram um bom futebol, isso é normal. É ter tranquilidade e mostrar futebol, que eles merecem.