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Entrevistas

Entrevista

Presidente da FBF quer dupla Ba-Vi de volta na 1ª fase do Baiano e não descarta 4ª reeleição

Por Edimário Duplat e Lucas Cunha

Presidente da FBF quer dupla Ba-Vi de volta na 1ª fase do Baiano e não descarta  4ª reeleição
Fotos: Francis Juliano | Bahia Notícias
O presidente Ednaldo Rodrigues, em entrevista ao BN. Foto: Francis Juliano | BN

Na última sexta-feira (11), o presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigues, esteve na redação do Bahia Notícias, onde concedeu uma longa entrevista para debater diversos assuntos ligados ao futebol estadual e nacional. Rodrigues antecipou que deve propor uma nova fórmula para o campeonato baiano em 2015, com o retorno da participação de Bahia e Vitória desde a primeira fase da disputa. “Os clubes entendem que sem a dupla Ba-Vi fica uma competição sem brilho, sem atrativo para seu torcedor”, diz o dirigente sobre as reclamações das outras equipes da elite estadual pela ausência das duas maiores forças locais no início do Baianão. O mandatário da FBF também considerou justas as demandas do movimento Bom Senso F.C. por mudanças no calendário futebolístico, mas criticou a “falta de diálogo com as federações”, dando como exemplo a Bahia. “Não há interlocutor local”. O presidente ainda alertou os clubes menores para se desprenderem da ‘dependência de Bahia e Vitória’ e promete maior rigor na cobrança por melhores gramados nos estádios em 2015. “Não depende só da federação o avanço do futebol baiano”, disparou. No comando da FBF desde 2001, Ednaldo não descartou tentar a reeleição em abril de 2015, quando termina o seu atual terceiro mandato. “A maioria dos associados do colégio eleitoral que vota para presidente da federação respalda e confia  na diretoria e pede que nós possamos continuar fazendo o nosso trabalho. Mas é muito cedo para se discutir isso”. Leia abaixo a íntegra da entrevista:

BN: O Campeonato Baiano de 2014 está chegando ao seu fim. Qual o balanço que o senhor faz da edição deste ano?
Ednaldo Rodrigues: É uma avaliação positiva, já que a competição está em um modelo diferente. Tivemos que repetir o mesmo formato que 2013, por conta do estatuto do torcedor. Fizemos a modificação naquele ano – com anuência de todos os clubes, já que a FBF não tem nenhum ato ditatorial – pois como 2014 é um ano de Copa do Mundo com calendário bem enxuto, nós antecipamos o que estava sendo planejado para o biênio 2014/2015 e ano que vem poderemos realizar uma competição diferente.  O propósito da entidade é fazer com que os clubes possam jogar desde o seu inicio, salvaguardando os direitos daqueles que jogam pela Série A e Série B da pré-temporada, respeitando as férias dos atletas e o regulamento da CBF, que determina que os clubes da Copa do Nordeste não atuem na primeira fase. Vencemos, porque conseguimos realizar as duas competições e agora, de acordo com o calendário da CBF para 2015, que deve ser disposto a partir de junho, a federação vai procurar adequar uma competição que seja do agrado de torcedores, clubes e imprensa.
 
BN: Esse é um processo que vai ser criado junto com os clubes, mas o que o senhor já tem escutado de reclamações da fórmula atual? Seria, por exemplo, o fato de times com menor pontuação que os outros terem obtido classificação para a semifinal por estarem em grupos diferentes? Esse é um dos pontos de reclamação dos clubes ou existem outras demandas?
Ednaldo: A primeira fase da competição acaba sendo bastante desmotivada por conta da ausência de clubes como Bahia e Vitória, além do terceiro representante da Copa do Nordeste. Mesmo assim, não é uma fase amistosa. Neste período, o primeiro colocado garante vaga na Copa do Nordeste e o segundo garante vaga na Copa do Brasil. Mas, mesmo com todas essas conquistas, os clubes entendem que sem a dupla Ba-Vi fica uma competição sem brilho, sem atrativo para seu torcedor. Portanto, essa é a tônica das reclamações dos clubes.
 
BN: E as reclamações dos clubes rebaixados? Alguns deles justificam que são poucos jogos para se definir o rebaixamento, por exemplo. Essa demanda chega até a FBF?
Ednaldo: Chega sim. Eu considero que os filiados da federação são parceiros da entidade, não temos como ficar distantes do reclame dos clubes e estamos sempre sintonizados com seus anseios. Essa situação realmente é verdadeira: os clubes acabam jogando pouco. Mas eles precisam entender que se em 2012 tivemos 132 jogos, é porque tínhamos um calendário de quatro meses de competição. Por conta da Copa do Mundo, o calendário diminuiu. Nós tivemos três meses, com o início da primeira fase em oito de janeiro e terminando agora em 13 de abril. Portanto, são oito rodadas na fase inicial. O interessante agora é estarmos detectando o problema, conversando com Bahia e Vitória para que possam retornar a primeira fase com atletas reservas, fazendo com estes entrem em forma e a própria equipe já esteja no clima da competição. Eu entendo que os clubes pensem de forma diferente, mas creio que foi por essa falta de entrosamento que eles ficaram de fora das fases decisivas da Copa do Nordeste. 
 
BN: Então o senhor acha, por exemplo, que Bahia e Vitória deveriam fazer algo parecido com o que o Atlético Paranaense vem fazendo no estadual? Levar uma equipe sub-23, mesclada com alguns profissionais que estão se adaptando ao time em um primeiro momento, para só depois na segunda fase colocar o time principal? 
Ednaldo: Com certeza, até porque esses tempos de campeonatos elásticos acabaram. Os clubes pequenos precisam entender que o calendário não é o tempo que eles querem. O calendário é feito conciliando várias competições e, portanto, mais enxuto. Talvez não tanto quanto como é pregado pelo movimento Bom Senso. Mas também não tão elástico quanto (os clubes) querem. Acho que temos que ter um redutor para achar a competição ideal.
 
BN: Sobre o Bom Senso, o que o senhor acha das propostas que estão surgindo? Eles têm uma demanda em relação aos jogadores de times menores, que não tem calendário e jogam pouco. Como levar essa reivindicação para a realidade do futebol baiano, onde as maiores rendas destes times são em jogos contra Bahia e Vitória?
Ednaldo: Em relação às propostas do Bom Senso, eu tenho conhecimento de forma fragmentada, aquilo que a imprensa noticia. Não tem um interlocutor local. Eu entendo que essas propostas possam ser trabalhadas, não são à toa. Só acho que aquelas propostas deles precisam chegar às federações, e chegando até elas, que se observe o que pode ser construído.  Porque existem situações onde se fala: “querem apenas que (os estaduais) cheguem a sete datas”, mas por trás pode ser que haja toda uma contrapartida. Então é interessante que as federações conheçam as propostas na sua integralidade, para que possamos dali procurar trabalhar. As competições precisam ser mais bem trabalhadas, para evitar a falta de competitividade e de público. A Copa do Nordeste mesmo eu fui um dos que mais defendi a competição. Coincidiu praticamente que, quando cheguei na federação, o torneio acabou. E por que? O torneio era feito por uma liga e a CBF, na ocasião, estava dentro de uma CPI e ficou temerosa de que as ligas assumissem o comando do futebol brasileiro. Fui um dos que lutou pela Copa do Nordeste, tanto que tive uns problemas no inicio da gestão com a CBF por conta que, em 2003, fizemos um torneio do Nordeste aleatoriamente, onde a federação colocou árbitros e delegados financeiros sem a chancela da CBF. Isso foi para mostrar que era viável sim ter o campeonato. Quando foi em 2004, não se podia mais ter essa competição e realizamos o “Nordestinho”, que foram quatro clubes de Sergipe e quatro clubes da Bahia. Fluminense de Feira e Sergipe disputaram uma final com um publico de 10 mil pessoas no Joia da Princesa. A gente sabe que é viável, mas não se pode ser feito de forma aleatória, para que a CBF possa saber que é viável. A Copa do Nordeste é assim, feita pelos clubes, a Liga e as federações. Na final deste ano, tivemos um público de mais de 62 mil pessoas. É dessa forma que devemos trabalhar, mas às vezes somos uma voz dissonante, porque tem muitos colegas que entendem que não pode ser assim.
 
BN: E quem seriam essas pessoas?
Ednaldo: As federações. Tem alguns colegas que a gente tem trabalhado para que modifique a visão.
 
BN: Seriam as federações do Nordeste?
Ednaldo: Não foi fácil para alinhavar o campeonato do Nordeste não. Foi muita luta, muita reunião, mas hoje valeu a pena porque as federações querem fazer uma competição estadual também padronizada. Esse ano, você pode verificar que a engenharia (do formato) foi toda nossa. A FBF teve uma participação muito decisiva em estender mais a competição sem estender as datas, conciliando com os estaduais, distribuindo a competição e não tendo conflito com a Copa do Brasil. Portanto, o projeto é esse aí.
 
BN: Enquanto cresce essa rivalidade e o público na Copa do Nordeste, vemos uma queda no Baiano. A média de público de quase 2500 torcedores do Campeonato Baiano cai para 1500 se excluirmos os BaVis, e fica em apenas 540 se retirarmos os dois times da competição. Como fazer o campeonato ser rentável em termos de público?
Ednaldo: Se você pegar só a segunda fase, ela fica em torno de 4000 pagantes. Isso mostra que a primeira etapa da competição nessas duas edições sem os clubes principais, Bahia e Vitória, não dá motivação ao torcedor. Então cada clube precisa fazer o seu trabalho e fazer o seu torcedor saber que ali está se disputando duas vagas para um torneio nacional. Mas essa cultura só pode acontecer se os clubes se desprenderem da dependência de Bahia e Vitória, com situações que podemos fazer em cada município. Mas isso não é só a federação, o clube tem que querer essa mudança, fazer com que sua comunidade e seus esportistas possam estar integrados com o clube. É assim que se têm condições de se mudar essa situação, entre outras questões que a FBF já visualizou e sempre informa aos clubes. Quando eles colocam que o principal é jogar com Bahia e Vitória, acho que devemos verificar posições também sem as duas equipes, contanto que os clubes busquem um movimento com cada município, cada região sua. Exemplo: em Conquista existe um comércio muito forte, indústrias. Acho que tem que existir uma mobilização do clube e do seu torcedor com o empresariado local, fazendo um elenco com mais qualidade. Por que não adianta o clube fazer uma equipe para a primeira fase e depois fazer outra mais competitiva para a segunda. 
 
BN: Falando de competições nacionais, nós acompanhamos aqui o imbróglio da vaga para a Série D, que causou dúvidas em alguns clubes. O Jacuipense mesmo, que já estava eliminado no baiano, não sabia se teria chance graças a sua campanha na Copa Governador do Estado. Não ficou meio confusa essa questão da vaga, isso não pode acabar fazendo com que o Baiano seja desvalorizado?
Ednaldo: Veja bem, é o contrário. Exemplo: o Conquista ganhou a condição de disputar a Série D graças a Copa Governador do Estado. Aí esse mesmo clube foi pra disputa do terceiro lugar, que foi criada quando começou o campeonato. O terceiro lugar, e está bem explicito no regulamento, é para o clube fora da Série B e da Série A, ou que não tenha conquistado a vaga em qualquer situação anterior. Aí a CBF, que recebe as informações vai querer saber de onde o clube recebeu a vaga. O Conquista viria como terceiro lugar do baiano, e o Serrano viria como?
 
BN: Então, na verdade, o Conquista agora teria a vaga da Série D conquistada pelo baiano e doou a vaga da Taça Governador para o Jacuipense?
Ednaldo:
Exatamente, porque deve existir a interdependência das competições. Elas dizem por onde acessa. A Taça Governador dá uma vaga a Série D, o terceiro lugar também acessa a Série D. O clube ganhou as duas coisas e não pode dizer “eu vou te dar aquela vaga”. Não é assim que está escrito. A vaga do Baiano é a principal e nós quisemos valorizar a decisão do terceiro colocado.  Se nós fizéssemos como o Serrano e seus torcedores queriam, a CBF iria falar que a vaga não é dele, pois ele viria de que competição? Nós explicamos e o Serrano entendeu, mas alguns torcedores parecem que não viram da mesma forma. 
 
BN: O senhor já falou, em entrevista ao Bahia Notícias, que existe a intensão de aumentar para dez o número de participantes na Copa Governador, além de retirar Bahia e Vitória da competição. Procede mesmo, como está essa negociação? 
Ednaldo: A federação, ao final do campeonato baiano, tem como intenção, junto com a assessoria jurídica e técnica da FBF, visualizar o que é melhor para a competição ou quem sabe para outra que possa vir a substituí-la. E temos que exigir muito para que em 2015 os estádios estejam, principalmente no setor de gramado, compatíveis. Vai ter clube que vai ter que jogar fora de seu estádio ou até estar fora da competição se isso não acontecer. Com jogos, não tem condições de executar qualquer tipo de obra no estádio. Mas os clubes podem fazer um trabalho junto aos gestores, mostrando que é importante disputar a competição, algo que pode envolver toda a região. Tem uma série de outras situações que também se beneficiam: a hotelaria, mão de obra, o vendedor ambulante. O clube tem que mostrar que ele não é uma despesa, e sim, uma receita. Ou então ir jogar em outro local. Precisa trabalhar com seu prefeito para avançar nas melhorias de cada estádio. Em Conquista mesmo, o estádio é muito bom, mas o gramado tem que ser melhorado. A bola quica muito. Em Juazeiro, a mesma coisa. Passamos daquele prazo de ter entendimento, sendo tolerante, chega um momento que não tem mais condição, a qualidade do espetáculo cai, e ainda pode ter um atleta com uma lesão por conta de um gramado irregular. Vamos ter uma reunião prévia com os clubes, as vistorias já começam agora depois do campeonato baiano. Vamos colocar a par de cada situação a prefeitura e o clube, e às vezes até para o deputado que representa aquela região.
 
BN: A Bahia receberá três seleções (Croácia, em Mata de São João; Suíça, em Porto Seguro; e Alemanha, em Santa Cruz de Cabrália) em centros de treinamento para a Copa do Mundo. Há alguma movimentação da federação para transformar estes locais em legados para o futebol baiano após o Mundial?
Ednaldo: Todas são instalações construídas especificamente para a Copa do Mundo. Em Porto Seguro, existe o projeto de a cidade ter um clube próprio disputando a segunda divisão, pode ser aproveitado. Em Santa Cruz de Cabrália acho não que tem estrutura suficiente para uma equipe atuar em um campeonato profissional. Já Mata de São João acho que pode, sim, caso alguém perceba que pode ser adaptado para um clube. Claro, seria um local para um público mais reduzido, mas é possível para uma segunda divisão, por exemplo.
 
BN: Algumas equipes reclamam da discrepância de apoio entre os times amadores e profissionais por parte da federação. Procede a reclamação? Existe estímulo para que o time amador se torne profissional?
Ednaldo: A legislação é muito diferente no que se cobra de um time profissional e um amador. A equipe amadora não tem contrato com os atletas, éuma série de situação exigidas  que aumentam o custo. Por exemplo, a transferência de um atleta de uma federação como a do Rio Grande do Norte para a Bahia tem um custo de quase mil reais. Não existe isso no futebol amador, até mesmo para fomentar o futebol. Não dá para colocar para os amadores todas as exigências do futebol profissional. Nós liberamos toda a renda para as seleções no intermunicipal, avançamos também na questão do material esportivo, algo que também é feito no futebol feminino. Desde 1997, temos aqui na Bahia o campeonato feminino. E é através desse campeonato que muitas atletas daqui vão para a seleção brasileira. A gente na federação não pode fazer muito, não temos verba pública, o custeio vem de taxas e das rendas de jogos, por isso temos limitações de orçamento. O futebol amador não tem apoio do comércio, porque dizem que não dá visibilidade. Mas o futebol profissional tem que mostrar que pode dar contrapartidas para quem quiser investir. Ter uma parte em um atleta que for vendido, publicidade, são situações que os clubes tem que buscar. Eles têm que ser mais agressivos. Nós saímos de um campeonato com 132 jogos para um com 76 partidas, mas as receitas que conseguimos para três meses de competição são maiores do que nos anos anteriores. Se o time jogou menos, teve menos despesa. O clube que vai ganhar menos esse ano vai receber em torno de R$ 250 mil reais líquidos. Isso é por conta do número de jogos. O clube que jogou mais, que é o caso do Serrano, recebe mais ou menos R$ 400 mil. São pequenas receitas, mas são as que foram possíveis. Quando você multiplica esses valores pelos 10 times, dá um volume de mais de 4 milhões. É lógico que isso é bruto, tem impostos que são descontados, mas ainda tem o patrocínio máster, que é outra receita que eles têm. Fora as placas de publicidade de cada clube que não entram nesse rateio, é diretamente deles. Não depende só da federação o avanço do futebol baiano. Cada vez mais o clube, tenha o orçamento que for, precisa se profissionalizar. Já temos esse reflexo em alguns times: o Felipe Carneiro, presidente da Jacuipense, tem essa visão. O Ederlane Amorim, do Vitória da Conquista, e o Thiago Souza, do Bahia de Feira, também tem um profissionalismo muito grande. Aos poucos, o nosso futebol vai se profissionalizando e a gente espera que esse processo seja concluído.
 
BN: O senhor falou em avanço do futebol baiano, mas há uma questão que sempre avançamos e depois retrocedemos: a arbitragem local. Este ano, em 2014, novamente não teremos um árbitro baiano apitando a final do estadual. Por que está decisão? Que pressões o senhor recebeu para esta decisão?
Edvaldo: Pelo o que me lembro, em 1994, por exemplo, o árbitro não foi baiano. Se não me engano foi Márcio Resende de Freitas. Assim como o que aconteceu em várias outras decisões desde então. Não é uma questão de alguém impor, não é o nosso estilo. Temos que entender que os árbitros não são profissionais, têm outras profissões. Entender também que isso é uma prestação de serviço e quem recebe o serviço tem direito de fazer parte da escolha. Não houve pressão de um nenhum clube, graças a Deus, nesse particular de dizer ‘eu quero árbitro de fora’. Tem que prevalecer o bom senso. Nesse ano, não tivemos grandes equívocos da nossa arbitragem. Mas tem outras questões que você tem que estar antenado. Ouvimos muitas situações de torcedores, houve uma enquete na imprensa em a maioria das pessoas queria um árbitro de fora. É um trabalho que a federação fica sozinha, junto com o sindicato dos árbitros, defendendo isso. Não tem uma voz dos clubes dizendo que confia na arbitragem baiana. O nosso trabalho é tentar que exista esse avanço para 2015, investindo na arbitragem da Bahia. Fazemos avaliações físicas, ao longo do ano, tem o curso da escola baiana de arbitragem que deve começar outra turma entre agosto e setembro. Por incrível que pareça, não vou falar o nome, mas tivemos alguns clubes que desde a segunda fase do baiano pedem árbitros de fora em seus jogos. Nós resistimos. Espero que haja uma aceitação em 2015 para que as decisões em nosso estado tenham árbitros locais, seja quem for que esteja disputando o título.
 
BN: Estamos às vésperas do Ba-Vi que vai decidir o campeonato baiano e que, nesta semana, vive a polêmica da ‘invasão tricolor’, campanha feita pelos torcedores do Bahia para ocuparem parte do espaço reservado para o Vitória, mandante do jogo em Pituaçu. Até vimos um dirigente do Vitória dizer que, caso haja realmente essa ‘invasão’, poderia tirar o time rubro-negro de campo. Como a federação vem acompanhando essa situação?
Ednaldo: Bem de perto. E preocupados, lógico, ninguém pode minimizar a situação, as coisas no futebol sempre têm uma projeção maior. Conversamos com nosso jurídico, estivemos com representantes na reunião sobre segurança que houve em Pituaçu. Essa situação não pode acontecer, até porque temos uma polícia militar competente em eventos, especialmente no futebol. O que o comandante e todos os oficiais de polícia colocam é que essa é uma situação que eles vão disciplinar. E também acreditamos na disciplina do torcedor baiano. Nosso estado pode ter tido algumas situações isoladas, mas é um dos lugares em que temos maior tranquilidade em decisões de competições. Às vésperas de uma Copa do Mundo, ninguém quer que nosso estado possa estar no mundo inteiro de uma maneira negativa. Sobre um time não ir a campo, é uma situação desconfortável para o próprio clube. É só abrir o regulamento, a lei Pelé, qualquer código, já diz o que pode acontecer. E a federação não se curva, ela cumpre a lei. Pode ter um momento de falar... tem que entender o momento, tem muita paixão envolvida, tenho certeza que isso vai só fazer parte da rivalidade que é pertinente a Bahia e Vitória, onde todos falam coisas assim, mas depois todos esquecem.
 
BN: Mudando de assunto, vamos falar sobre as futuras eleições na CBF e FBF. Qual é a posição da federação baiana para a eleição na CBF? E o senhor, pretende permanecer na FBF ou até, quem sabe, gostaria de um cargo na futura nova gestão da CBF?
Ednaldo: Na CBF, a eleição tem que retratar o sentimento dos filiados. Os filiados são as 27 federações e os 20 integrantes da Série A do Campeonato Brasileiro. É um colégio eleitoral de 47 membros. A federação sempre se posicionou de forma independente, naquilo que é o melhor para o futebol baiano, como foi a questão da Copa do Nordeste. Situações em que temos reivindicado a CBF têm sido atendidas, como na Série D, quando a CBF banca despesas em distâncias acima de 700km, dá apoio para hospedagem e alimentação. Se as reivindicações estão sendo atendidas, eu acho que não precisa mudar as pessoas. Tivemos um pedido pessoal do Marin (José Maria Marin, presidente da CBF) para que pudéssemos, principalmente em um ano de Copa do Mundo, marcharmos unidos. Então vamos apoiar o candidato que ele lançou, o Marco Polo Del Nero, atual presidente da federação paulista. É um colega que nós temos uma afinidade muito grande, e vamos dar todo o apoio. E acredito que todas as federações devem também estar dando apoio. Houve um sentimento de que poderia existir uma chapa dissidente, teve um momento que disseram que éramos rebeldes. E, na realidade, a gente só estava praticando a nossa independência. O futebol tem que ser discutido com os filiados, que é o que fazemos aqui. Então isso não é uma questão de cargo, e sim de entender aquilo que posso ser útil, mas não coloco nenhuma exigência para ocupar um cargo, de forma nenhuma.  Acho que cada dirigente tem o seu trabalho e escolhe quais são as pessoas que vão fazer parte do seu grupo, mas sempre estou à disposição para ajudar. Tive um papel muito importante, a pedido do presidente Marin e do Marco Polo, pois havia uma desunião de algumas federações, não havia diálogo. E consegui reverter a situação, através do próprio Francisco Noveletto (presidente da Federação Gaúcha de Futebol), que era o candidato a presidente. Ele terminou abdicando disso, porque viu que não adiantava a pessoa querer uma candidatura, se aqueles que representam um segmento iriam votar no candidato não estão naquela candidatura. E foi isso que eu comentei com ele: “Noveletto, o pessoal te respeita, mas no momento eles querem uma união para a Copa do Mundo”. Um dia, se ele tiver condição e disputar, vai ter o respeito dos colegas. 
 
BN: E as eleições na FBF? O senhor pretende permanecer?
Ednaldo: Estamos na Federação desde 2001. São três mandatos, aprovados pelos filiados, que são os clubes da primeira e segunda divisão estadual e as ligas municipais. Nosso mandato vai até abril de 2015. Ainda está muito distante essa questão. Mas nós temos a confiança da maioria dos associados. No nosso colégio eleitoral, os clubes da primeira divisão têm um peso na divisão dos votos. Por exemplo, o Bahia, por ter conquistado o título nacional e ser da primeira divisão, tem direito a seis votos. O Vitória tem direito a cinco votos, por ser vice-campeão nacional, e os demais integrantes da primeira divisão tem direito a quatro votos. Outros times que tiveram títulos baianos também chegam a três, quatro votos, a depender do número de títulos conquistados, e tem as ligas municipais, que tem um voto. Aquela que conquistou título do campeonato intermunicipal, independentemente do número conquistado, tem direito a mais um voto. Então, esse colégio eleitoral que vota para presidente da federação, respalda e confia  na diretoria, e pede que nós possamos continuar fazendo o nosso trabalho. Mas é muito cedo para se discutir isso. Tem muitas coisas que queremos terminar: o campeonato baiano, acompanhar os nossos clubes na Copa do Brasil e no campeonato brasileiro, portanto é uma discussão para se levar para o final deste ano.
 
BN: Então o senhor não descarta um novo mandato?
Ednaldo: Não descarto porque é aquela questão: é o colégio que me legitima, que vota, e a eleição é nada mais do que uma homologação de uma confiança, de um trabalho que é reconhecido.  A gente sabe que tem críticas, e tem muitas coisas ainda a serem conquistadas, mas é um trabalho que a gente faz com muita transparência e seriedade, sem precedentes. Agora, é um direito de qualquer um colocar sua candidatura para a federação, é uma questão democrática, desde que preencha os pré-requisitos, que estão no estatuto. É salutar que tenha a candidatura, dentro de uma linha que possa ser de discussão de futebol, confiança e transparência. Porque se for uma candidatura depreciando, isso com certeza eu não vou debater. Mas o que for do futebol, com certeza nós estaremos sempre debatendo. E aí os eleitores, que são os filiados, é que decidem. E a federação vai estar sempre à disposição para os anseios dos filiados. Então é muito cedo para a pessoa dizer que é candidato, tem muito trabalho para ser feito antes, mas quero reiterar que temos a confiança, e continuaremos trabalhando de uma forma muito aberta, limpa e transparente, para que os filiados e os torcedores continuem confiando. Esse é o nosso trabalho.
 
BN: Gostaria que o senhor também explicasse uma recente polêmica no TJDF/BA, quando chegou a ser modificada a forma como eram realizados os sorteios dos árbitros, e depois essa decisão foi suspensa pelo STJD...
Ednaldo: Olha, a federação vai sempre cumprir as decisões que sejam emanadas de qualquer poder, seja do tribunal de justiça desportivo, seja ele da justiça comum, seja ele da justiça federal. Agora, questões que dizem respeito ao trabalho funcional da entidade, dentro da prerrogativa democrática e de lei, a federação vai se voltar, naquilo que ela achar que está tendo ingerência, não contra, mas dentro da lei, para buscar que aquilo seja discutido no colegiado. Por exemplo, a federação e mais 26 federações e mais a CBF fazem o sorteio de arbitragem com dois árbitros concorrendo, a grande maioria faz já colocando os assistentes. É normal que cada um pense de outra forma, e é por isso que é interessante a democracia. Foi proposto que a federação fizesse o sorteio com três árbitros, três assistentes, três ou quatro árbitros reservas para um jogo. São doze árbitros para um jogo. Quando se tem um quadro de árbitros enxuto, e quando esse quadro de árbitros tem, do quadro nacional, nove árbitros centrais e onze assistentes, diminui mais ainda. O campeonato baiano é uma competição profissional, ela tem seis jogos por rodada, no caso do campeonato baiano. Tem mais cinco jogos por rodada da segunda divisão, então isso faz com que, aqueles que são os mais preparados possam não ser escalados, e, com isso, cai a qualidade. A federação então buscou junto ao STJD que continuasse fazendo o seu sorteio, com base na maioria das outras federações, e ontem (quinta-feira, 11), inclusive, teve a decisão final, por unanimidade, dando provimento ao que nós solicitamos. Não temos nenhuma ingerência no tribunal, que tem seu livre poder de punir e absolver. Não interessa para a FBF punir A, B ou C. Queremos que o tribunal funcione da forma que está dentro da lei. E reiteramos que sempre ouve uma boa relação com outros tribunais, com outras composições deste. A parte que nos cabe é da Lei Pelé, do Estatuto do Torcedor e do Código Brasileiro da Justiça Desportiva, onde a federação indica dois auditores e uma lista tríplice de procuradores do qual será votado pelo pleno para ser procurador geral, como aconteceu agora, já que desde 2010 eu colocava a lista lá e não era votada. A federação só fez exercer o seu direto de lei e isso é a verdade. Não teve outra situação e estamos à disposição do tribunal para que se possa julgar a disciplina do futebol com toda a isenção. Sempre seremos cumpridores das determinações do tribunal , e aquelas ingerências que entendemos que não é possível fazer, vamos buscar a nossa condição.