Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Entrevistas

Entrevista

Após desgaste entre Roma e Neto, Marinho aposta que 'tempo vai sarar as feridas em 2022' - 08/03/2021

Por Matheus Caldas

Após desgaste entre Roma e Neto, Marinho aposta que 'tempo vai sarar as feridas em 2022' - 08/03/2021
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Presidente do Republicanos na Bahia, o deputado federal Márcio Marinho (Republicanos) garante que o partido estará ao lado do presidente nacional do DEM, ACM Neto (DEM), nas eleições em 2022, quando  ele deve concorrer ao governo do estado. Para isto, ele aposta que o “tempo vai sarar as feridas em 2022”, referindo-se ao desentendimento público entre o ex-prefeito de Salvador e o ministro da Cidadania, João Roma.

 

Neto ficou irritado após Roma aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e assumir a pasta (leia mais aqui).  “Foi assim que nós fizemos. Não tem como você fazer um casamento sem mostrar a cara da sua namorada ou do seu marido, nós não temos esse perfil. Quando nós estamos, nós estamos no apoiamento, e coube então ao partido fazer uma indicação a um dos ministérios, o da Cidadania. Hoje temos a alegria de termos o deputado João Roma à frente desse ministério. É evidente, como eu disse, que Neto sabe respeitar a postura partidária. Não sei como é a amizade dele com João Roma da porta para dentro, mas sei que eles têm um respeito muito grande um pelo outro. O tempo vai sarar as feridas e em 2022 todos nós estaremos no mesmo palanque para fazer de ACM Neto governador da Bahia”, disse Marinho.

 

O deputado também defendeu a gestão de Bolsonaro frente à pandemia da Covid-19. Na visão do parlamentar, o presidente vem recebendo críticas de quem deseja “tirar proveito político” da crise. “Sempre disse o seguinte: que ele é o técnico da Seleção Brasileira. Quem deve escalar os titulares é o presidente Bolsonaro. Agora, ficam vários governadores querendo tirar proveito político e politizando um ambiente que não deveria ser assim, mas que todos deveriam ter a credibilidade, a coerência e, juntos, trabalharmos União, estados e municípios no combate à Covid-19. Tanto é que boa parte dos recursos para o combate vem do governo federal”, pontuou.
 

Eu queria que o senhor fizesse um balanço da Câmara dos Deputados em relação a pandemia e quais os projetos o senhor tem para mitigar as consequências da pandemia.

Primeiro, eu queria falar para você que a bancada do nosso partido na Câmara, desde o início da pandemia, sempre priorizou a questão da população, a necessidade de cada cidadão. Tanto é que, em todos os momentos, a gente estava aprovando todas as matérias pertinentes ao combate à Covid-19, tanto aqueles projetos oriundos do próprio governo federal quanto aquelas propostas colocadas pelos parlamentares. Em nenhum momento a gente se opôs a aprovar as urgências, as propostas, medidas provisórias e também as PECs em relação ao combate da Covid-19. Não foi só uma postura do Republicanos, como de todos os partidos que compõem o Congresso Nacional, diante da necessidade de estarmos apoiando estas medidas. A vida vale muito mais do que qualquer debate político. A outra questão, em relação às propostas, é que nós fizemos várias propostas de apoio a segmentos da sociedade para auxiliar músicos, pescadores, marisqueiras, o segmento da construção civil, entre tantos. Além disso, várias propostas como a protelação da cobrança de consumidores de vários setores, como das empresas de telefonia; a não cobrança de juros pelas empresas, pelos bancos, entre várias propostas que eu particularmente vi vão ao encontro, justamente, do apoio e da proteção das pessoas. Eu mesmo apresentei um projeto de lei que estabelecia a detenção e multa de quem aplicasse preços abusivos nos consumidores, porque naquele momento eu entendia que vários setores comerciais estavam explorando os consumidores. A gente foi pra cima e apresentou esse projeto. O adiamento do Enem para os alunos, que naquele momento estavam com dificuldade até de acesso ao exame, por não ter uma rede de internet ou não ter um computador para acompanhar as aulas em casa... Solicitamos a suspensão de cortes, encargos e da negativação dos nomes dos consumidores nas contas de água, energia elétrica, gás, internet e telefonia, tudo isso para minimizar o impacto da pandemia na vida de cada pessoa. Também encaminhamos mais de R$ 16 milhões de reais para o combate ao coronavírus no estado da Bahia.

 

O Republicanos tem sido um aliado do presidente Jair Bolsonaro e muitos setores da sociedade criticam veemente a condução dele acerca da pandemia. Qual sua opinião pessoal sobre essa postura que o chefe do Executivo tem assumido?

Nosso partido sempre teve um posicionamento muito claro, tanto é que agora que nós estamos participando efetivamente do governo do presidente Jair Bolsonaro. É importante dizer que boa parte das pessoas que fazem críticas estão politizando esse ambiente tão carente de atenção e querem tirar algum proveito político da postura do presidente da República, que tem sido por muita gente apoiada e por outras pessoas não apoiada. Eu sempre digo para as pessoas que no início da pandemia o presidente Jair Bolsonaro teria que ter mais pulso nas medidas que deveria tomar para ajudar estados e municípios. Sempre disse o seguinte: que ele é o técnico da seleção brasileira, quem deve escalar os titulares é o presidente Bolsonaro, agora, ficam vários governadores querendo tirar proveito político e politizando um ambiente que não deveria ser assim, mas que todos deveriam ter a credibilidade, a coerência e, juntos, trabalharmos União, estados e municípios no combate à Covid-19. Tanto é que boa parte dos recursos para o combate vem do governo federal.

 

O senhor mencionou que o Republicanos só entrou efetivamente no governo Bolsonaro agora, com o ministro da Cidadania João Roma. Após ele ter aceitado essa nomeação pode ter havido algum tipo de rusga entre o seu partido e o ex-prefeito ACM Neto, visto que vocês são aliados?

Nós temos que saber dividir as coisas. Somos aliados do prefeito Bruno Reis, tomamos a decisão coletiva, diante do crescimento que a cidade de Salvador teve durante esses dois mandatos do prefeito ACM Neto, com muito traquejo. Apoiamos, fazemos parte da gestão, Bruno Reis tem sido um parceiro nosso e ele tem cumpido tudo aquilo que combinou com a gente, e estamos muito tranquilos em ajudar ele na gestão da cidade de Salvador, temos uma aproximação muito grande pelo nosso amigo prefeito ACM Neto e tenho dito que existe zero chances de estarmos em lados opostos em 2022. Ele é o líder político e nós fazemos parte desse grupo capitaneado pelo prefeito ACM Neto. Agora, é evidente que é necessário respeitar o posicionamento político-partidário, ele é presidente de partido e ele sabe. É evidente que nessa negociação de apoio a eleição do Arthur Lira, lógico que ninguém é menino, você apoia determinada pessoa com o objetivo de estar participando daquela estrutura. Quando a gente foi apoiar o nosso amigo deputado Arthur Lira, é evidente que nós permitimos ali na composição daquela negociação a indicação de um assento na mesa que acabou sendo ocupada pela deputada Rosângela Gomes, do Rio de Janeiro, com a quarta secretaria da mesa diretora da Câmara dos Deputados. Boa parte dos parlamentares do nosso partido tem, como eu também tenho, uma aproximação muito grande com Bolsonaro, pela forma dele ser sincero e tratar as questões do país. Chegamos em uma reunião de bancada e botamos em discussão se iríamos ou não participar da gestão, como lhe disse, a maioria do partido tende a estar do lado do presidente Bolsonaro e, como a gente sempre é democrático, a maioria sinalizou de forma positiva que nós, a partir daquela reunião, poderíamos estar participando de forma objetiva do governo. Foi assim que nós fizemos. Não tem como você fazer um casamento sem mostrar a cara da sua namorada ou do seu marido, nós não temos esse perfil. Quando nós estamos, nós estamos no apoiamento, e coube então ao partido fazer uma indicação a um dos ministérios, o da Cidadania. Hoje temos a alegria de termos o deputado João Roma à frente desse ministério. É evidente, como eu disse, que Neto sabe respeitar a postura partidária. Não sei como é a amizade dele com João Roma da porta para dentro, mas sei que eles têm um respeito muito grande um pelo outro. O tempo vai sarar as feridas e em 2022 todos nós estaremos no mesmo palanque para fazer de ACM Neto governador da Bahia.

 

Essa ida de João Roma ao ministério da Cidadania poderia fazer do Republicanos uma espécie de terceira via, conforme alguns analistas apontam. Não há chance mesmo de que o partido se coloque como essa outra possibilidade e tenha um candidato único em 2022, não é?  

Pensamos desta maneira, de estarmos com o prefeito daqui a dois anos. Acho que quem vai estar nessa decisão de nos querer apoiando ele ou não é o próprio prefeito ACM Neto. Da parte do Republicanos, vamos trabalhar para estarmos juntos e fazer dele governador da Bahia, até porque eu ando o estado da Bahia e percebo a finalização muito positiva do nome de ACM Neto como governador. Acho que seja só uma questão de tempo para a gente ver a terceira via abaixar, eles terão o momento, acredito eu, de ter uma conversa olho no olho, um abrindo o coração para o outro e, ao final, quem vai ganhar com isso é o estado da Bahia. O que pudermos fazer para estarmos juntos, por parte deste presidente estadual haverá todo esforço para mantermos a coesão da base aliada do nosso futuro governador ACM Neto.

 

Veículos de imprensa apontaram que a ida de João Roma teria sido um esforço do Republicanos para se desvincular da Igreja Universal do Reino de Deus. Parte da estratégia do partido é se manter distante da igreja?

A maioria do partido faz parte da igreja. Só para você ter uma ideia, dos 32 deputados federais que nós temos, 14 são da igreja, o restante não são. A gente vê isso dentro da estrutura do próprio partido, então essas informações não correspondem com a realidade. Agora, a indicação de João Roma é por ele ser uma pessoa já testada no Executivo, já que a maior parte da vida dele foi trabalhando no Executivo. Acho que a bagagem que João Roma traz, neste momento, é muito importante para um órgão como o Ministério da Cidadania, que tem uma interface muito grande com as questões sociais, uma coisa que ele já vinha fazendo há muito tempo quando foi secretário, chefe de gabinete do prefeito ACM Neto, com toda condição de conduzir aquele espaço.

 

O senhor foi uma das pessoas enviadas para Angola para conter uma onda de revoltados contra bispos da Igreja Universal do Reino de Deus. Essa foi uma missão diplomática na condição de parlamentar ou foi pelo cumprimento da sua função como parte da estrutura da igreja?

Várias viagens que a gente faz são diplomáticas, tanto é que eu fiz uma viagem com o ministro Ernesto Araújo, o chanceler, onde nós visitamos vários países do continente africano. E tiveram viagens pessoais e que realmente foram para tratar de assuntos relacionados à igreja, mas nada custeado pela Câmara dos Deputados, foram pagas por mim, saíram do meu bolso.

 

A nomeação de João Roma abriu vaga para a suplente Tia Eron, que é uma política que esteve em segundo plano na cena local após ter perdido a eleição. A volta dela para a Câmara, mesmo que seja temporária, a coloca novamente no circuito do partido?

Você sabe que uma disputa eleitoral é muito dura, e cada pessoa sabe o quanto ela é difícil para que chegue ao mandato. A deputada Tia Eron, como outros deputados que concorreram na nossa coligação, como Aleluia, Imbassaí... Imbassaí e Sérgio Carneiro, que são políticos conhecidos e estiveram na nossa coligação não conseguiram renovar o mandato, à semelhança de Tia Eron. Com a ida de João Roma é lógico que a gente consegue repor a nossa base política na Câmara dos Deputados e é evidente que daqui a um ano e três meses, quando o deputado João Roma puder se compatibilizar para concorrer novamente a algum cargo, Tia Eron volta ao cargo de primeira suplente. A gente não tem uma bola de cristal para poder saber o que vai acontecer daqui a dois anos, mas acho que o partido está muito fortalecido, a presença dela novamente fortalece a bancada feminina do partido no Congresso Nacional e o futuro a Deus pertence.

 

Eu queria que o senhor fizesse um balanço do que foram as eleições de 2020 para o seu partido aqui na Bahia. Para o senhor o resultado daquele pleito foi satisfatório?

O resultado para nós foi satisfatório. Diante de um momento diferenciado partidário que o país todo passou, a não coligação para a proporcional, que pegou todo mundo de surpresa, foi a primeira eleição em que não houve financiamento privado. Então todos nós de partidos fomos pegos de surpresa. Tivemos o advento das cotas para negros e pardos também, que chegou de última hora, e a gente teve que se adaptar a esse momento político. Para o Republicanos, o resultado no estado foi satisfatório, conseguimos fazer um quadro de 190 vereadores, 9 prefeito e 19 vice-prefeitos que agora já começamos a ampliar mais a quantidade de prefeitos, até porque com a ida de João Roma para o [Ministério da] Cidadania muitos prefeitos estão se aproximando do nosso partido e para nós está sendo muito produtivo. A gente conseguiu fortalecer uma base que vai nos permitir, em 2022, sairmos muito fortalecidos para as eleições, tanto para deputados estaduais quanto federais, e, quiçá, ter aí uma participação muito objetiva na chapa majoritária encabeçada por ACM Neto.

 

Há alguma expectativa para que no futuro o Republicanos amplie o espaço dentro do governo Jair Bolsonaro?

Olha, a partir do momento que você faz parte de uma base política, quem comanda o grupo político quer fortalecer a sua base. Isso é lógico, tô dizendo aqui uma obviedade para você. Porém, quando a gente quer fortalecer a base, é evidente que você dá espaço na sua administração para fortalecer a base porque o entendimento é que você está se auto fortalecendo também. Se houver necessidade de estarmos ocupando mais espaços no governo municipal, no caso de Salvador, ou no federal, nós não vamos hesitar, de forma alguma, até porque a gente não foge disso. Força política é força partidária, que significa dizer participar de forma mais efetiva e objetiva dos governos que a gente participa, mas de forma a contribuir com a gestão, não sugar da gestão.

 

O ex-secretário das Prefeituras-Bairro de Salvador, Luiz Galvão, acabou sendo exonerado por ser uma cota de João Roma na gestão. Não sei se era especificamente uma cota pessoal ou do partido. Essa saída dele pode fazer com que surja algum outro nome do Republicanos?

Eu não sei se tem cota na prefeitura, as pessoas que falam. Mas em relação aos acordos políticos com o Republicanos, todos estão mantidos.