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Entrevista

José Sérgio Gabrielli compara gestão na Petrobras a ações na Secretaria de Planejamento - 25/06/2012

Por Evilásio Júnior / José Marques / Juliana Almirante

José Sérgio Gabrielli compara gestão na Petrobras a ações na Secretaria de Planejamento - 25/06/2012
Fotos: Lucas Franco/ Bahia Notícias

Bahia Notícias – Como é que foi deixar a Petrobras, uma megaempresa – uma das maiores do mundo, a maior do Brasil – e se deparar com a estrutura do Estado da Bahia?

Sérgio Gabrielli – Evidentemente que a Petrobras é uma empresa que tem uma estrutura de suporte nas decisões muito grande e é um pouco, digamos, um choque, você vir para uma estrutura que você tem que fazer muito mais atividades do que na Petrobras. Na Petrobras, você se dedica mais àquela atividade que você está alocado. O presidente tem algumas atividades específicas do presidente, mas as atividades de suporte e de apoio têm uma equipe extremamente profissional, que fazem o suporte para as decisões. Por outro lado, o processo decisório de uma empresa como a Petrobras é estruturado e 'procedimentado', para quase tudo tem um procedimento escrito, tem regras, tem procedimentos que você sabe o que fazer. No Estado, você sabe que tem toda uma coisa de improvisação na ação, você tem que fazer uma série de atividades de suporte e os processos decisórios são, muitas vezes, solitários. Você não tem mecanismos de checagem e de contribuições para a decisão em uma estrutura montada. Então, você acaba trabalhando muito.

BN – Mas achou deficitária a estrutura da secretaria?

SG – Não, deficitária não. A estrutura é comum de governo. Eu estou fazendo 100 dias na secretaria. Nesses 100 dias, o que ficou evidente é que o governo está fazendo muita coisa e, algumas coisas, com sobreposição. Então, tem vários órgãos fazendo o mesmo tipo de política e o mesmo tipo de ação. Isso acaba perdendo um pouco de energia. Por outro lado, eu acho que a eficiência da máquina pública pode ser melhorada. Com os mesmos recursos, você pode obter mais resultados. Para isso, é necessário que você tenha uma atenção maior para planejar as atividades. A estrutura da Secretaria de Planejamento precisa retomar um pouco esse papel de articuladora das diversas ações do governo. Eu acho que ela está retomando, aos poucos, esse papel e na formulação de grandes temas e grandes projetos.

BN – Hoje, entre esses projetos, talvez o mais impactante que a gente tem é o metrô da Paralela em que foi anunciado que as obras devem começar no primeiro trimestre de 2013, com prazo de 18 meses de execução para começar a funcionar parcialmente. Se a gente for contar esse prazo de 18 meses, caso essas obras comecem fevereiro ou março, nem parcialmente vai haver metrô na Copa do Mundo de 2014. O secretário de Planejamento já admite que não haverá Copa com metrô nem parcialmente?

SG – Eu acho que do ponto de vista do que nós temos hoje, nós temos 60 dias para uma consulta pública. Depois desses 60 dias vamos para um processo de edital, com concorrência, vai culminar um pregão de viva-voz na bolsa de São Paulo. Depois desse pregão, com a finalização do processo, nós vamos fazer mais 30 dias para fazer contrato, que a lei exige isso. Portanto, as obras devem iniciar no primeiro trimestre de 2013. Se você fizer a conta, a gravidez do metrô não permite que o nascimento seja antes da Copa. É óbvio que não, o que significa que, portanto, durante os jogos, que vão ser no período de junho, nós vamos, em conjunto com a prefeitura de Salvador, ter que montar esquemas especiais de transporte de grandes movimentos; ou seja, nós vamos ter que viabilizar linhas exclusivas de ônibus, vamos ter que viabilizar faixas segregadas para acelerar o acesso à Fonte Nova; nós vamos ter que criar mecanismos para o deslocamento do Aeroporto até os hotéis. Tem que fazer uma ação especial para os movimentos de populações durante a Copa. Acredito que seja perfeitamente viável isso. Acho que o metrô não pode ser pensado em ser um equipamento que iria ser feito só para a Copa. Acho que é um legado importante e ficará após para os baianos.

BN – O início de consulta pública já teve atraso mais de uma vez. Mesmo antes de você entrar, o próprio [ex-secretário] Zezéu Ribeiro tinha anunciado que em dezembro...

SG – A consulta pública já está no ar, no site.

BN – Mas estava prevista para abril.

SG – Mas ela já está no ar, não tem como ter atraso mais.

BN – O que foi que ocorreu para ter esse atraso e como garantir que não vai ter atraso nas obras do metrô?

SG – Uma obra de metrô é extremamente complexa. Os metrôs demoram anos para serem construídos, porque é uma obra estruturante da cidade, muda a ocupação da cidade. Uma obra de metrô intermunicipal, com várias instâncias de governo, é mais complexa ainda. Uma obra de metrô com várias instâncias de governo, com uma situação regulatória de transporte coletivo que a cidade de Salvador tem torna mais complexa ainda. Uma obra de metrô, com várias instâncias governamentais, com uma estrutura frágil, onde as linhas de ônibus não têm concessão definitiva, com uma crise mundial, torna ainda mais complexa. Em cima disso, se você ainda coloca dificuldades de financiamento e de gestão do setor público brasileiro, você tem que ver que é uma complexidade enorme. O fato de nós termos uma audiência pública de 60 dias é uma forma de captar opiniões e leitura crítica da proposta para que a licitação ocorra com menos problemas, mais precisa e, portanto, se ganhe tempo na fase licitatória para evitar problemas futuros. Garantir que não vai ter atraso é quase impossível. A única maneira que você tem para minimizar esse risco é planejar mais.

BN – Então, admite que haverá o atraso?

SG – Não, eu não admito que vai ocorrer o atraso. Quando você faz um projeto complexo é como fazer uma festa. Você sabe que tem uma data que vai começar tal hora, você projeta e se planeja para ela. No entanto, se um caminhão que ia levar a cerveja quebra, você não pode planejar que ele quebrou. Aí a cerveja vai demorar de chegar. Se o gelo não chegou na hora, a cerveja não vai estar gelada, as pessoas vão chegar não vão ter cerveja, as pessoas vão começar a tomar cachaça. Esse exemplo simples é para mostrar que qualquer coisa que envolve múltiplas tarefas e múltiplos atores, você só planejando vai reduzir, mas você não pode garantir que não vai acontecer. Você pode fazer tudo para que não aconteça. Tudo está planejado para não ter atrasos. A previsão é 18 meses para a primeira fase do metrô funcionar, que envolve a linha 1 até Pirajá e para iniciar a construção da linha 2, que é do Bonocô até Lauro de Freitas. O que é que vai acontecer com o licenciamento ambiental? O que é que vai acontecer com as chuvas? O que é que vai acontecer com a greve de operários? Você não pode prever, você pode planejar considerando uma média desses eventos, mas eu não posso dizer que esses eventos vão ser acima da média, eu não posso dizer o que vai acontecer.

BN – De que forma haverá integração entre as linhas?

SG – O metrô vai ser integrado. Ele tem a linha 1, que é da Rótula do Abacaxi até a Lapa, você vai estender até Pirajá e vai fazer de lá até Lauro de Freitas.Com isso, você vai ter um metrô de 36 km, e não de 6 km, e esse metrô vai ter estações que são de captação de passageiros, tanto dos que chegam a pé, mas a maioria vai chegar de ônibus. Você vai redefinir as rotas de ônibus para alimentar as estações de metrô, são as bacias de alimentação, rotas de ônibus redefinidas, mais curtas, mais velozes, onde você vai ter um movimento mais intenso para alimentar o metrô. A tarifa do metrô vai ser uma tarifa única, integrada, onde você vai ter um sistema de redistribuição da remuneração entre os ônibus e o metrô.

BN – Como acontece no Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo.

SG – Acontece em todo lugar do mundo.

BN – Agora o que não pode acontecer, e o povo é fica na expectativa, é a piada do metrô 'calça-curta', como se diz, esse de 6 km que está aí há 12 anos em construção e não funciona, pois envolve problemas de questões jurídicas, de acusação de desvios e embargo de Tribunal de Contas da União. José Sérgio Gabrielli, secretário de Estado de Planejamento, garante que o metrô linha 2 não vai virar a mesma piada do calça-curta e que a gente vai ficar 12 anos sem obra executada?

SG – Garanto que ele não virará piada, porque ele está sendo montado para ser executado. O planejamento é para ele ser executado em 18 meses, a primeira fase. Ele vai ter uma concessão de 30 anos. A forma de concessão desse metrô é diferente do anterior. A forma de concessão que vai ser licitada é o quê? Eu vou licitar a construção de um metrô e a operação desse metrô por 30 anos. Qual o critério para quem vai ganhar a licitação? Quanto é a menor parcela que o governo tem que dar para isso. A conta é a prestação do serviço que o Estado vai pagar para o operador construir. Então ele só vai receber depois que começar a funcionar. Então o ganhador vai ter todo o interesse em terminar mais cedo. Nós estamos vendo a Arena Fonte Nova. Formalmente não é o mesmo modelo, mas é equivalente ao que está acontecendo na Arena Fonte Nova. Ou seja, é diferente de quando o Estado está pagando, o sujeito não tem garantia, a receita não vem do equipamento funcionando. Nesse caso, o construtor tem todo o interesse em acelerar a obra, porque a obra não está sendo contratada como obra. O governo vai contratar o seguinte: quem me cobra menos para operar o metrô? E você só recebe quando o metrô está funcionando. Então, quem está construindo tem todo o interesse de agilizar, porque, senão, não recebe.

BN – Sem o metrô na Copa, vai ter que ter esse intermédio entre prefeitura e governo do Estado para que o cidadão e o turista que venha para cá tenha transporte público de qualidade.

SG – Eu acabei de chegar da Rio+20 [Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável]. Levei duas horas e meia do Aeroporto de Galeão até o Parque dos Atletas, onde estava o stand do governo da Bahia. No Rio de Janeiro, eles pegaram a linha vermelha e segregaram a pista para as delegações, criaram rotas especiais, deram feriado escolar durante o dia da reunião da Rio+20. Criaram esquemas de controle do sistema de sinalização do trânsito para fazer onda verde e mecanismos de redefinição de estacionamentos para acelerar o funcionamento, o fluxo. Então, você criou uma série de mecanismos evidentemente temporários para viabilizar o grande movimento. Só credenciados, tinham 44 mil pessoas. A Fonte Nova tem capacidade de 55 mil pessoas. Eu não acredito que vai ser 70 mil pessoas em todos os jogos, sempre tem. Vamos supor que sejam 200 mil pessoas. Esse número afeta substancialmente o fluxo da cidade? Afeta, mas não é uma coisa difícil de administrar.

BN – É inferior ao Carnaval.

SG – É, muito inferior ao Carnaval. Então é possível administrar.

BN – Vai ter transporte de qualidade durante a Copa?

SG – Vai ter transporte de qualidade, vai ter polícia, vai ter centro de controle de multidões, vamos ter câmeras pela cidade e tráfego especial. Tem que ter uma intervenção planejada para melhorar o fluxo durante a Copa.

BN – Mesmo que o prefeito a ser eleito em outubro seja ACM Neto, do DEM?

SG – Independentemente do prefeito. É questão do cidadão.

BN – Vamos mudar para a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, a Fiol. Tem o licenciamento do Ibama que vai ter um parecer no dia 22 de julho e uma resposta final em 30 dias...

SG – Para o lote 3 e 4.

BN – Como é que está a questão? Por que tem tido tanto imbóglio?

SG – A ferrovia está em plena construção. Se eu não me engano, são 1,6 mil homens trabalhando. São cinco trechos. Os trechos 3, 4 e 5 estão com problema de licenciamento ambiental porque envolve cavernas, morcegos e sítios arqueológicos. Então, isso está sendo redefinido, traçado, estão sendo discutidas as construções para viabilizar essa segunda etapa. O trecho de Ilhéus até Brumado está em construção. O porto, que é a ponta leste da Fiol, teve o espaço redefinido, foram feitas sete audiências exigidas pelos órgãos ambientais e acredito que vamos ter possibilidade de avançar na construção do Porto Sul. Eu acho que a Fiol é absolutamente fundamental como nova via logística do estado da Bahia. Notem que nós temos hoje vários movimentos extremamente importantes na logística do estado. Se olhar horizontalmente, lembrem do mapa da Bahia, na parte sul, você vai ter uma ferrovia ligando o oeste à costa, passando por nove territórios. Essa via vai viabilizar a expansão da produção de soja e de grãos no oeste e a parte de mineração em Caetité, Brumado, nessa região do semiárido. Além de permitir uma maior interação da atividade econômica com a expansão eólica na parte norte de Caetité. Você vai ter, com a recuperação da hidrovia São Francisco, na parte de Ibotirama que chega a Xique-Xique até Juazeiro, você vai navegar no Rio São Francisco na direção Norte/Sul e Sul/Norte. Em Juazeiro, você tem uma plataforma logística que é um centro de armazenamento do atacado que pode fortalecer a FCA [Ferrovia Centro-Atlântica], descendo de Juazeiro até o Porto de Salvador e o Porto de Aratu, ligando-os a Brumado. Você vai ter um polígono logístico que redefine a economia do estado da Bahia. Então, Fiol, Porto Sul e a expansão do oeste são fundamentais para o futuro da Bahia. Só para lembrar alguns números para vocês. A Bahia tem hoje R$ 79 bilhões de investimentos anunciados pelo setor privado para serem feitos até 2015. Desses R$ 79 bilhões, R$ 18 bilhões é em mineração, que é na região da Fiol; R$ 17 bilhões é em energia, parte também é no semiárido, área onde passa a Fiol. Desses R$ 79 bilhões, metade está relacionada com a Fiol. Ela é vital, é fundamental, pode ter uma atraso aqui e ali por causa do licenciamento ambiental, mas ela é fundamental para a expansão do estado.

BN – Qual a previsão de conclusão desses projetos?

SG – Esses projetos estão anunciados para serem iniciados até 2015, mas é investimento privado. O setor público, na logística, está prevendo investimentos de R$ 20 bilhões, além desses 79. Envolve R$ 8 bilhões da Fiol, R$ 3,5 bilhões para mobilidade urbana, R$ 7 ou 8 bilhões para o setor viário oeste, a Ponte Salvador-Itaparica, mais a hidrovia, em torno de R$ 6 bilhões, R$ 60 ou 70 milhões de aeroportos. Então você tem um conjunto de investimentos para serem feitos até 2015.

BN – Além do problema do licenciamento ambiental, com três trechos ainda estagnados na Fiol, o Porto Sul teve uma mudança de localização e uma polêmica em relação à família Marinho, que controla a Rede Globo...

SG – Isso é absolutamente normal, se você olhar hoje qualquer empreendimento no mundo, você vai ter conflito de interesses onde ele vai se implantar, em qualquer lugar. Se você imaginar, por exemplo, as discussões que têm para a expansão do Aeroporto de Londres, foi um horror, demorou sete anos só em discussões. O que acontece nas grandes cidades europeias, na discussão de você aumentar um traçado de uma rua... É parte da democracia, parte da modernidade. Evidentemente que nós temos hoje, na Rio+20, nós temos que combinar, claramente, sustentabilidade, crescimento e inclusão social e desenvolvimento, crescimento. Essas coisas precisam ser combinadas. Se você não conseguir combinar isso, você não tem condições de ter crescimento. Você tem uma rodovia que vai viabilizar um empreendimento desse tipo e passa por uma caverna que é área de proteção ambiental dos morcegos. Não quer dizer que você tenha que destruir o morcego, talvez você tenha que desviar se for possível, senão você vai ter que fazer uma opção. É justo levar em conta que existe esse problema, faz parte da vida moderna. Eu me lembro de uma história na Petrobras, na localização de um empreendimento, tinha um grande formigueiro e que se suspeitava que a formiga era uma espécie em extinção. A obra ficou nove meses atrasada até que se verificasse se a formiga era uma espécie em extinção.

BN – E era?

SG – Não era (risos). Você vê essa discussão de Belo Monte. É fundamental Belo Monte. Se nós não tivermos a energia de Belo Monte, teremos um problema grave de energia no país. Só que tem lá comunidades indígenas, o peixe tem que acasalar, você tem que fazer um motel para peixe (risos).  É parte da vida.

BN – Você falou que a maioria dessas obras tem previsão para ser iniciada em 2015. Entre elas a Ponte Salvador-Itaparica, que é um projeto que muita gente diz que é factoide...

SG – Não é factóide. O projeto também vai ter uma etapa de consulta pública, ele está em fase de montagem e também é extremamente importante para Salvador. Salvador se expande hoje em direção para Camaçari e Lauro de Freitas. Está começando a ter limite a capacidade de expansão da cidade. Qual o caminho para a cidade que vai crescer? O oeste. Onde é? É a ilha. A ilha tem hoje de área ocupável, tirando a já ocupada e a de preservação ambiental, duas vezes a área de Salvador. A ponte não é para ir para a ilha tomar banho de mar em Mar Grande. A ponte é para transformar a expansão da cidade em direção ao oeste, o que envolve a costa. A ponte tem que ser vista nessa perspectiva. Ela não pode ser vista como uma ponte para passar o final de semana em Mar Grande ou em Itaparica. Não é isso, se for isso, é um factoide. Portanto, tem que fazer o planejamento do desenvolvimento urbano de Vera Cruz e de Itaparica, tem que integrar ela com a expansão que vai acontecer na Foz de Paraguaçu, que vai passar por um processo de transformação gigantesco, com a instalação do estaleiro. Aquela região do oeste da Baía de Todos-os-Santos vai se transformar completamente. O estaleiro é um equipamento extremamente sofisticado, vai haver, no pico da obra, mais de cinco mil pessoas trabalhando. Pode ter possibilidade de ter uma cadeia de fornecimento no conjunto de atividade de mecânica pesada da região. Então, vai mudar totalmente o nosso Recôncavo.

BN – Gabrielli será o governador que vai dar início a essas obras?

SG – O governador de 2014 é quem vai cuidar dessas obras, não sei se é Gabrielli.

BN – Mas é o desejo de Sérgio Gabrielli ser governador?

SG –
Está muito longe ainda. Nesse momento, eu tenho que cuidar de fazer as coisas que eu devo fazer aqui e agora.

BN – Claro que a gente tem que discutir o programa de rádio Encontro com Gabrielli. É um programa financiado com recursos do governo?

SG – Não tem financiamento nenhum.  Nenhum centavo do setor público.

BN – Pode até tocar pagode, Black Style que não tem problema, não é?

SG – Não tem um centavo do setor público, nem do privado. As rádios estão passando porque querem.

BN – Você não precisa comprar um horário?

SG – A veiculação é gratuita. Se você quiser veicular no Bahia Notícias pode colocar.

BN – Mas qual é o objetivo?

SG – O objetivo é discutir problemas da economia baiana. É o que tenho feito, se você ouvir, o de hoje foi São João.

BN – Não é o objetivo de Gabrielli, que era uma figura que estava na Petrobras, no cenário nacional, ficar mais perto da população local?

SG – Não, eu me formei em 1971, desde então eu sou economista.

BN – O que se discute na política nacional sobre a provável candidatura é que o senhor estaria insatisfeito com a possibilidade de candidatura de Rui Costa, secretário da Casa Civil.

SG – Ele é meu colega de secretariado, nós somos amigos há muito tempo, foi meu aluno, nós temos muito respeito. Acho ele um excelente secretário e ele está coordenando a parte da Casa Civil. Está coordenando institucionalmente as ações do governo e eu estou trabalhando na parte econômica. Não vejo nenhum problema de disputa entre eu e ele.

BN – Há pouco tempo, a revista Época divulgou isso: O senhor, estaria em conversa de bastidores, com Rui Costa, dizendo que estava insatisfeito com a pouca divulgação do seu trabalho...

SG – Eu estou acostumado a ser vítima de ‘cuscuvilhice’. Sabe o que é isso? É aquela fofoca repetida, repetida, repetida, para criar uma realidade. Na Petrobras era uma expressão que eu usava muito. É uma expressão portuguesa. As candinhas diziam que a imprensa às vezes fazia isso. Então, não tem problema comentário de imprensa. Comentário de imprensa vai qualquer coisa, ainda mais sem fonte.

BN – O que a gente tem visto é que colocam-se como pré-candidatos do PT ao governo Luiz Caetano, que é o atual prefeito de Camaçari, Moema Gramacho, que é prefeita de Lauro de Freitas, Gabrielli, Rui Costa e o senador Walter Pinheiro. Todos com o discurso: 'Está muito cedo para se discutir isso...' Só que tem um aliado do governo, que é do PDT, que faz questão de toda vez marcar ponto e dizer: sou pré-candidato a governo do Estado.

SG – O presidente da Assembleia Legislativa [Marcelo Nilo] é absolutamente legítimo para postular a candidatura. Não vejo porque não. Ele foi presidente duas vezes.

BN – Não, está na terceira e quer caminhar para a quarta.

SG – Ele tem toda a legitimidade de postular, eu só acho que nós estamos no segundo mandato do governador Jaques Wagner. Nós temos uma eleição municipal em 2012, então qualquer discussão sobre 2014 é absolutamente precipitada. É precipitada do ponto vista da gestão do governo e do ponto de vista político, porque o importante agora é a eleição dos prefeitos e vereadores. Não tem porque discutir a eleição de 2012 agora.

BN – Falando em eleições deste ano, em São Paulo a recente aliança do deputado Paulo Maluf, Lula e Fernando Haddad...

SG – A aliança não foi com Maluf, foi com o PP.

BN – Mas ele é o presidente estadual do partido em São Paulo.

SG – Deixa eu mostrar aqui a foto de Geraldo Alckmin com Maluf, acabei de receber  (mexe no celular).

BN – Qual a sua opinião sobre essa aliança?

SG – O PP é parte da base do governo federal e parte da base estadual. A pessoa Maluf é irrelevante. O PP é parte da base do governo. Eu não acredito que Maluf seja igual ao PP. Maluf é uma pessoa, o PP é o partido que está na frente. O PP viabiliza a ampliação da base e da ação política da candidatura de Haddad. Se com o PP vem Maluf, é parte da dificuldade da vida.

BN – Mas Gabrielli iria à casa de Maluf para selar essa aliança?

SG – Eu não vou analisar a circunstância do fenômeno porque eu não sei todos os dados. Depende da circunstância, já fiz na época da CPI da Petrobras, eu conversava com todo mundo, por exemplo.

BN – E aqui em Salvador, qual é o vice que Gabrielli preferiria que Pelegrino, seu correligionário, tivesse para disputar as eleições? Seria do PP?

SG – Acho que o prefeito João Henrique deveria ter um candidato do seu partido para defendê-lo. Acho que a melhor solução seria o PP apoiar um candidato para defender o governo João Henrique. Acho que Pelegrino não tem condições de defender o governo. Então, nesse sentido, na minha opinião, não venho participando das negociações, é que o prefeito tivesse um candidato que defendesse o governo dele porque Pelegrino não vai, não tem como, não participou do governo no segundo mandato. O PT não tem porque participar do segundo governo de João Henrique. O PT não participou, por que vai defender?