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Entrevista

Jaques Wagner admite que greve dos professores é momento mais crítico do seu governo - 11/06/2012

Por Evilásio Júnior

Jaques Wagner admite que greve dos professores é momento mais crítico do seu governo - 11/06/2012
Fotos: Léo Bala / Tudo FM

Bahia Notícias - Mais de dois meses de greve dos professores. O governador pretende sentar diretamente para conversar com os líderes do movimento grevista?

Jaques Wagner - Repare: quem faz essas negociações diretamente é a Secretaria de Administração e a de Educação, que já tem na verdade uma mesa permanente formulada. Eu quero voltar a dizer que quem saiu da mesa foram eles, não fomos nós. Nós demos, desde o começo de 2007 até agora, 71,5% de reajuste para os professores. Isso dá um ganho real acima de 30%, ou seja, 30% acima da inflação. Temos feito um esforço muito grande com o Todos pela Escola, o Topa, a chegada de novas universidades federais, a abertura da possibilidade de os professores de nível médio fazerem curso de licenciatura para progredir na carreira... Então, oferecemos o que nem todo Estado ofereceu, que foi 6,5% para toda a categoria. Para o primeiro nível de licenciatura, oferecemos 4,66% a mais, que dá um total de 11,5%. Eu faço questão de dizer esses números porque, se você pegar o reajuste das carreiras privadas e públicas no Brasil, não tem ninguém muito acima de 6,5%, a não ser nesse caso o piso dos professores, que foi estipulado em 22%. Aí eu cito ume exemplo aqui bem próximo. Os rodoviários saíram da greve com 7,5%, os metroviários de São Paulo com 6,5%. O sindicato dos professores da rede privada entrou [em greve] pedindo 14%. O pessoal das escolas ofereceu 6%. A gente deu entre 6,5% e 11,5%. Tem um balizamento. Não adianta ficar com números fora disso aí. Antes de começar a greve, apresentamos outra proposta, que seria antecipar um ganho real que projetamos de 4% e 3% em 2013 e 2014 para 2012 e 2013, em novembro e abril, na forma de promoção na carreira. O impacto do ponto de vista do ganho salarial ficava entre 22% e 26%. Ou seja, até abril do ano que vem, quem é professor licenciado, na forma de promoção da carreira, chegaria a um ganho salarial de até 26%. Eles queriam que a gente puxasse isso tudo para 2012. Não adianta. Não tem esforço que eu faça porque eu não posso comprometer o orçamento. Eu tenho Lei de Responsabilidade Fiscal. É diferente da iniciativa privada. Eu tenho limite orçamentário e tem a questão da legalidade, de que x% da minha receita corrente líquida eu posso gastar com salários. Espero que a gente possa ter a sensibilidade dos professores para que as aulas retornem, para não sacrificar os alunos. Espero que eles aceitem essa proposta e façam um calendário de reposição de aulas. E aí nós vamos mandar rodar a folha daquilo que foi descontado porque não estava sendo trabalhado. Além disso, não tem para onde eu ir porque nós temos um limite. Essa proposta estava colocada para que não tivesse greve. Eles entraram em greve e eu retirei a proposta, evidentemente. Agora, estou recolocando. A bola está com eles. Não posso estourar o orçamento do Estado. A questão salarial é discutida todo ano. 

BN - Os professores têm questionado que esses 22% inclusive propostos por Fátima Bezerra, que é do PT do Rio Grande do Norte...

JW - Mas a proposta dela não foi aprovada ainda.

BN - ...previa o uso do Fundeb e o orçamento do Estado não seria comprometido.

JW - Isso não é verdade. Essa informação é totalmente equivocada...

BN - Os professores têm disseminado isso dentro do movimento grevista...

JW - É só alguém da imprensa ou deles mesmos pegar o orçamento do Estado. Eu aporto para o Fundeb algo na ordem de R$ 760 milhões por ano. O Fundeb é um fundo no qual você aporta X e recolhe Y. No caso da Bahia, eu aporto mais do que retiro. Até agora, eu já botei R$ 620 milhões. Devo botar este ano R$ 850 milhões. Não é real essa questão. É como se eles dissessem 'o Fundeb paga tudo'. Hoje, eu já estou consumindo 77% do dinheiro do Fundeb que deveria ser para salário e outros investimentos, quando o recomendado é 60%. Eu estou acima dos 25% do orçamento obrigatórios para a educação. Assim como na área de saúde, onde o obrigatório é 12% e nós estamos com 13,5%. Não é verdade que o Fundeb abrigaria esse reajuste. É que fizeram uma confusão. A lei que o presidente Lula mandou, do piso, não falava em Fundeb. Falava em criar o piso, e depois o piso seria reajustado pelo valor da inflação do ano. Na hora de votar a lei, fizeram uma emenda que diz que, em vez de ser a inflação, é a variação do Fundeb. Para você entender: se o Estado brasileiro resolver investir mais na educação, aumenta o nível de investimento do Fundeb. Significa que cada aluno vai custar mais caro para o dinheiro público, o que é um dado positivo. O que os professores querem é que todo esse reajuste de Fundeb seja todo gasto...

BN - Com o pagamento do salário?

JW - Eu preciso melhorar a rede de escolas, tecnologia, equipamentos. Não existe isso, gente. É como se dissessem que todo dinheiro que aumentasse de investimento em hospital seria para o salário dos médicos. Ok, eu boto o médico lá e o equipamento de raio-X é de mil novecentos e antigamente. Isso não existe. Em novembro, a comissão da Câmara dos Deputados derrotou essa ideia de que a variação era pelo Fundeb. O que a Fátima fez é um expediente que existe, mas é só para empurrar com a barriga. Ela disse que queria que o plenário da Câmara confirmasse a decisão da comissão. Então, existe a decisão da comissão e um pedido para que o plenário confirme essa decisão, o que ainda não foi votado. Ficou essa zona cinzenta. A comissão já decidiu que [o reajuste] é pela inflação, o texto anterior realmente dizia que era pela variação pelo Fundeb; mas também não era para todo mundo, era para o piso.

BN - O governo do Estado pode pedir suplementação do governo federal para pagar os 22% reivindicados?

JW - Essa hipótese de recorrer ao governo federal para pagar o piso só existe quando você não paga o piso. É só pegar o contracheque. O menor contracheque de professor 40 horas – porque outro dia alguém me falou que conhecia uma pessoa que ganhava metade disso; é óbvio que se for 20 horas semanais é metade disso. O piso é para 40 horas semanais, com 28 de sala de aula e 12 de preparação. Vou repetir: o piso de professor ensino médio é de R$ 1.659. Então, é óbvio que eu não tenho como recorrer ao governo federal porque nós já pagamos esse piso. Mesmo assim, eu conheço estados como o Rio Grande do Sul, que não pagam o piso, e que não adianta ir ao governo federal porque não tem mais orçamento na educação para fazer esse socorro. E eu não tenho nenhum problema com a abertura das contas do Fundeb. Como eu disse, a gente coloca mais dinheiro no Fundeb do que retira.
 

BN - A gente sabe que o movimento da APLB é liderado pelo PCdoB, embora a Intersindical, liderada pelo PSOL, tenha feito bastante barulho. Inclusive é o pessoal da Intersindical que distribui o questionamento em relação ao Fundeb. O PCdoB faz parte do governo do Estado. Com esse namoro com o PR, pode ser o PCdoB a perder vaga dentro do governo para a entrada do PR?

JW - Eu não trabalho com nenhum tipo de retaliação. É evidente que, quando você traz um novo partido para dentro do governo, é claro que você reacomoda as posições. Essa decisão ainda não foi tomada. Eu não tenho ainda o desenho novo do que vai se fazer. Agora, não é uma coisa de entra um e empurra outro. Vamos esperar primeiro a conversa com o PR.

BN - Alguns professores questionam a intolerância do governo do Estado, que é liderado por uma pessoa que cresceu dentro do movimento de base e diz que não senta para negociar.

JW - Eu não sento? Nós estávamos na mesa. Quem levantou foram eles. Hoje, eu fui para a televisão e estou aqui dizendo que estou recolocando [a proposta]. Quem senta para negociar são os secretários de Administração, do Trabalho, de Educação. O que quer dizer sentar para negociar? Tem uma proposta minha na mesa. Qual é a proposta deles? Onde é que está a intolerância? Essa proposta estava na mesa há 56 dias, antes da greve. Eles nem apreciaram na assembleia. Eu conheço isso. Aí, disseram 'greve', não sei se porque achavam que eu ia dar 22% já. Tem uma regra. As pessoas precisam entender o seguinte: o tempo em que o governador daqui achava que fazia tudo à revelia da lei passou. Como o governador é sempre o poder e os professores são a parte dita frágil, fica parecendo que eu sou o algoz. Mas onde é que está a intolerância?  

BN - O senhor avalia o atual momento como o mais crítico do seu governo?

JW - Olha, nunca é um momento bom porque você tem desgaste. A população não quer muito saber quem tem razão; quer ver o serviço acontecendo. Então, seja [greve] de policial, de professor, é óbvio que é desgastante para mim. Você vem fazendo um esforço em todas as carreiras para melhorar. É normal querer mais salário, mas tem que ter um bom senso de saber o quanto encaixa. Não dá para ganhar tudo de uma vez só. Acho que isso produz um desgaste, mas, voltando à normalidade, você volta também. Há uma leitura boa da população sobre tudo o que a gente tem feito. Até na seca, que a responsabilidade não é diretamente da gente – porque tem muita obra feita na área de água desde que a gente começou o governo –, é óbvio que o cara fica insatisfeito.

BN - E as outras categorias? O governador não tem avançado tanto com os professores prevendo que já vem aí movimento de policiais civis, médicos e outras classes?

JW - Cada categoria tem uma realidade própria. É claro que eu tenho que cuidar, mantendo um certo equilíbrio entre todo mundo. Não posso tratar alguém estupidamente diferente dos outros. A cada caso, tem as carreiras, onde as pessoas têm progressões. E tem o reajuste geral de 6,5%. Agora, eu quero insistir que eu tenho que operar dentro de um orçamento. Se você também fizer todo o investimento na área salarial, acaba que você não tem para fazer estrada, hospital, comprar carro de polícia. 

BN - Esse desgaste trará impacto para a campanha de Nelson Pelegrino a prefeito de Salvador?

JW - É difícil ter essa visão. Nós estamos a cinco meses da eleição. É difícil dizer porque são instâncias diferenciadas. Governo do Estado é uma coisa e governo municipal é outra. Eu continuo achando que o projeto político que a gente vem tocando na Bahia e no Brasil é bem avaliado pela população. E acho que a gente tem uma chance muito grande de ganhar com um candidato nosso, da base. No caso, nesse momento, o candidato mais forte é Nelson Pelegrino. Sempre tem impacto, mas não acho que seja nada que vá decidir. Assim como a presença do ex-presidente Lula ou da presidente Dilma é positiva, mas não está dizendo que isso é decisivo. O cara tem simpatia em votar em uma indicação do Lula ou da Dilma. Em São Paulo, o [Fernando] Haddad conta muito com isso. Agora, isso não é 100% da eleição. Tem o desempenho do candidato, tem a proposta oferecida. Ainda tem muita água para rolar. Eu, por exemplo, que já participei de quatro eleições majoritárias, acho que processo decisório se dá a partir de agosto, nos últimos 60 dias. A gente ainda está na fase de apresentação de candidaturas. O quadro eleitoral não está nem completo. A gente não sabe quantos candidatos vão se apresentar. É claro que a população começa a se definir mais quando começa a disputa eleitoral propriamente dita. Hoje, 50% ou 60% das pessoas não sabe em quem vai votar na eleição municipal. Isso é o normal. Em 2006, a gente decidiu a eleição muito mais no final. Eu tenho muita fé de que Nelson Pelegrino consegue ganhar essa eleição. O PT já participou de governos, mas nunca foi governo na cidade. Eu creio que a gente tem essa possibilidade de ganhar. Eu acho que, pelo número de candidatos, essa eleição aponta, como a de 2008, para dois turnos. Não apostaria que a fotografia de hoje é a fotografia final.
 

BN - Dilma e Lula vêm para cá?

JW - Essa é uma decisão deles, mas eu acho que sim. Se o quadro se configurar como está, creio que sim.

BN - Pelegrino, Leão, Trindade e Marinho... São todos da base do governo. Já temos umas seis candidaturas. Digamos que vinguem três. Wagner vai para todos esses palanques ou vai ficar apenas com Pelegrino?

JW - Em 2008, eu fui às três convenções [Imbassahy, João Henrique e Pinheiro], mas não participei diretamente da campanha no primeiro turno. E, em um determinado momento, entrei em um programa de televisão de Walter Pinheiro. A minha postura deve se repetir. Eu vou trabalhar até o começo de julho, quando tem as convenções finais, para tentar diminuir esse leque. Não acho bom ter tantos candidatos da base. Aí, é uma avaliação que eu vou fazer, a depender do diálogo que eu tiver, para saber em quais dessas convenções eu irei. A princípio, com quem for da base e tiver me ajudado em 2010 – o que não é o caso de todos – eu me sinto na obrigação de ter reciprocidade. Com aqueles que não fizeram a nossa campanha, eu não tenho essa obrigação. É o que eu tenho dito no interior. Quando tiver duas pessoas que desde 2010 estavam na base, é claro que a minha tendência é ficar equidistante. Se houver um terceiro candidato, de oposição, com chance de ganhar, aí eu posso ir fortalecer a candidatura daquele que está disputando melhor.

BN - Agora, o senhor participou só da convenção, mas o material publicitário ficou a campanha inteira. Por exemplo: João, Lula e Wagner. Esse ano, pode aparecer de novo, sei lá, Leão, Dilma e Wagner...

JW - Mas é porque os candidatos usam. A imagem eu não posso proibir. De qualquer forma, quem é apoiador do meu governo, se vai fazer um processo de campanha onde diga que está no meu governo ou no da presidenta Dilma, eu não posso proibir essa pessoa de usar. Mas eu não fui no palanque para fazer essa participação direta.

BN - Um assunto que foi pauta nacional e internacional na semana passada foi o anúncio de Salvador como sede da Copa das Confederações. Muita gente ficou insatisfeita e reclamou porque o Brasil vem jogar em Salvador na fase de grupos, mas, depois dessa primeira fase, a cidade vai ser sede apenas da disputa do terceiro lugar, enquanto Fortaleza, por exemplo, tem uma semifinal. O senhor acha que a Fifa desprestigiou a Arena Fonte Nova?

JW - Na verdade, houve uma avaliação lá atrás que, na minha opinião, foi equivocada. Alguém suspeitou que a gente teria dificuldade em concluir a Fonte Nova. Essa questão das semifinais e da final já estava determinada, que seriam Rio, Belo Horizonte e Fortaleza. Que foram avaliadas lá atrás como as mais adiantadas. Hoje, Salvador está entre as duas primeiras, depois de Fortaleza. Acho até que, quando começarmos a colocar a cobertura, estaremos na frente de Fortaleza. Não dá para dizer que fomos desprestigiados porque ganhamos um jogo do Brasil. Tem cidade que vai participar, mas não vai ter jogo do Brasil. Estou torcendo que alguma outra grande seleção jogue aqui. Quem mais teve jogo teve três. Então, nós tivemos o máximo. Vamos esperar o sorteio da Copa do Mundo, que é no começo de dezembro de 2013. Eu tenho trabalhado muito para trazer o sorteio para cá, porque o sorteio das chaves é considerado pela Fifa o terceiro evento mais importante da Copa do Mundo, atrás da abertura e da final. Estamos fazendo o dever de casa: está aí a Fonte Nova evoluindo; o metrô, nós vamos colocar a licitação na rua agora em julho e, portanto, a Fifa tem tido uma postura muito contributiva com a gente.

BN - Salvador viveu agora uma greve dos rodoviários e ficou claro que a cidade não tem mobilidade urbana alguma. A cidade parou e há uma expectativa muito grande em relação ao metrô. Como ficou definido esse imbróglio? A prefeitura quer colocar o metrô da Linha 1 para rodar no próximo mês e o governo quer a inauguração somente quando estiver integrado ao metrô da Paralela, que só deve ser concluído após a Copa do Mundo, segundo o segundo declarou.

JW - Isso já foi esclarecido. A etapa de teste da linha já pronta, que é entre a Lapa e a Rótula do Abacaxi, vai ter que ser feita. O orçamento vem do Ministério das Cidades. E eu estou colaborando com a prefeitura para que esse processo de teste – que, repito, não é uma operação comercial – seja feito. Ele pode representar um investimento da ordem de R$ 30 milhões. Comercialmente, o equilíbrio se dá quando houver a Linha 1, que é até Pirajá, e Linha 2, que é até Lauro de Freitas, integradas. O governo sempre tem que botar um subsídio para complementar a tarifa, mas aí estará em uma faixa daquilo que é razoável. Graças a Deus, o entendimento com a prefeitura está acontecendo. E eu quero botar essa licitação na rua, porque, como você disse, Salvador sofre muito com o transporte. Nós somos uma cidade com uma densidade demográfica muito grande. Não é que só o metrô vai resolver. Nós temos que abrir a 29 de Março. Eu já disse que, na minha opinião, a atual rodoviária deveria ser transferida para um ponto mais centralizado de região metropolitana, mesmo que fosse se aproximando mais ali do CIA, para você poder distribuir e não ter o fluxo de ônibus entrando aqui. Quando este rodoviária foi feita, há 30 e tantos anos, aquele ponto não era o olho do furacão. Hoje, a gente é o olho do furacão. Se ela for para a ponta do metrô e as pessoas puderem descer da rodoviária para já entrar no metrô, eu acho que isso vai desafogar a região do Iguatemi. 

BN - Segundo balanço do jornal O Globo, de 2011 para cá, o senhor é o governador recordista em viagens internacionais. Viajou 78 dias, a um custo de R$ 285 mil, enquanto o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, gastou R$ 342 mil em 29 viagens. E Antônio Anastasia, de Minas Gerais, viajou a um custo de R$ 687 mil.

JW - Foram 14 viagens. Eu acho que a matéria é incompleta, porque ela deveria qualificar a viagem de cada um. Eu viajo para vender a Bahia lá fora. A última que eu fiz foi para os Estados Unidos. Saí daqui na quarta-feira à noite, cheguei quinta de manhã, cumpri agenda o dia inteiro – estive na Coca-Cola, na Delta [Airlines], com os empresários de lá, com o pessoal do movimento negro de lá. Sete da manhã eu pousei na cidade, sete da noite do outro dia eu estava no avião, voltando. Em três dias, dormi duas dias no avião e um no chão para poder defender os interesses da Bahia. Três empresas de energia eólica já estão produzindo aqui. Agora, tem mais uma que vai produzir. Fui na Coréia para viabilizar o nosso estaleiro. E três dessas viagens foram a convite da presidenta Dilma, que foi para a China, Alemanha e depois para o Haiti. As outras viagens são feitas sempre com o interesse do estado da Bahia. O jornal deveria ter destacado que, apesar do número de viagens ser maior ao de outros governadores, a despesa é muito menor. Sempre viajo com pouca gente, para economizar. Eu sou muito tranquilo. Minhas viagens são todas públicas, em função do interesse do estado. Viajo porque o mundo lá fora conhece o Brasil de São Paulo e Rio. Precisa conhecer o potencial da Bahia. E o resultado está aí. Eu fui para a China para viabilizar a vinda da JAC Motors para cá. Porque o cabra de lá quer que eu vá conhecer a fábrica, falar com o governador de lá. Fui para a China e trouxe uma processadora de soja que está em Barreiras. Fui para o Japão e tem uma grande processadora de algodão em São Desidério. A gente tem que ir lá fora para mostrar o que a Bahia tem e trazer empresas para cá. Eu viajo a trabalho e é sempre muito corrido. Muito secretário meu diz: “governador, o seu pique eu não aguento, não. O senhor mal chegou nos Estados Unidos e já está saindo; fica ruim”. Então, eu vou continuar viajando porque a Bahia precisa ser mostrada lá fora.       
 

BN - O PR vai entrar em qual pasta do governo do Estado?

JW - Não tem ainda essa decisão tomada. Eles entraram no governo federal. Foi um passo. É evidente que isso significou, eu já tinha conversado com César Borges. Vou ter outra conversa com ele agora, no começo da semana, mas não tem ainda uma pasta determinada. É claro que eu quero conversar inclusive para eles virem compor a candidatura de Pelegrino, mas essa é uma negociação que ainda não teve. Mas o ambiente que foi construído é muito favorável para que eles venham para a base do governo aqui, já na disputa municipal. 

BN - Mas a Agersa foi criada para isso?

JW - A o quê?

BN - Agersa. A agência de saneamento que foi criada na semana passada.

JW - Não, não. Isso já era um processo antigo que estava sendo trabalhado. É uma exigência, inclusive, da lei, do Estatuto das Cidades. Os governos estaduais têm que ter uma agência de saneamento, como tem hoje a Agerba, que engloba tudo. A Agerba tem transporte, energia, água. Está longe de ser uma coisa preparada para abrigar. Na verdade, não teve nenhuma conversa nesse sentido. A gente vai ter agora. É evidente que, eles vindo para a base, vão querer participar do governo. Isso faz parte do jogo, mas não teve ainda nenhuma conversa.

BN - E o PSC? Foi fechado [o ingresso no governo]?

JW - Eu conversei com o deputado Everaldo [Pereira] em nível federal, com Eliel Santana, e acho que o ambiente é muito favorável. Ainda não batemos o martelo, mas estou trabalhando. Tive uma conversa com [Carlos] Lupi, do PDT, que foi boa. Claro que existe uma negociação que é a própria montagem da chapa. Tivemos uma conversa também com o PP, do prefeito João Henrique e do deputado João Leão. Tem muita negociação em marcha. A partir de 10 de junho, começa o prazo das convenções. Aí, tem 15 dias para todo mundo fazer o acerto definitivo.