Exposição virtual apresenta resultado de imersão do projeto Acervo Imediato
O projeto Acervo Imediato estreia nesta quinta-feira (22), a partir das 10h, com uma exposição artística virtual. Voltado para a proposição da construção de novas memórias que coloquem a pessoa negra como protagonista de sua história, o projeto é resultado do processo de imersão com três artistas visuais: Jamile Cazumbá, Safira Moreira e Shai Andrade.
A criação artística foi conduzida a partir da reflexão: “Como construir a memória do presente?” e traz obras com narrativas visuais que dialogam para mobilizar novos regimes de identidade e representação, divulgando a produção artística de mulheres negras.
O público que conferir a exposição também pode se inscrever para participar de um bate-papo virtual com as artistas no mesmo dia, às 20h. As inscrições para o bate-papo acontecem através do site do Acervo Imediato até às 17h do dia 22 de abril.
Idealizado pela Denda Coletiva, o projeto também contou com uma ação que convidava o público a interagir na construção desses registros através do compartilhamento de histórias e imagens cotidianas através da hashtag #acervoimediato.
A obra de Safira Moreira apresenta uma série de fotografias em que a artista garimpa imagens encontradas em álbuns de famílias brancas, que foram descartados e comercializados em feiras de rua, datados entre os anos 40 e 60. Neste trabalho a artista busca o lugar das mulheres negras nesses retratos e faz intervenções com uma crítica ao período colonial. “Trago nessa obra desejos por mim inalcançados: nomear as mulheres negras das imagens; ruir com o sentido de oposição - não existimos “a partir de”, somos o além-mar-atlântico”, conclui Safira.
Já Jamile Cazumbá traz o ritual-recital-performático "um transe de dez milésimos de segundos” onde reflete sobre a instalação das memórias ancoradas no seu corpo e a relação entrelaçada com o tempo. “O que é construir a memória do presente senão reconhecer a forma plena da própria existência?”, questiona a artista.
Shai Andrade, por sua vez, cria o seu “Tarot de Memórias” ao fotografar as sete mulheres de sua família, que não estão registradas nos poucos álbuns de fotografias que guardam, e transformando-as em um oráculo ancestral do presente-futuro. Segundo Shai, “o tarot ancestral é um convite de retorno ao passado que construiu o meu futuro, me firmando na certeza de que não tem como construir a memória do presente sem olhar para trás”.