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Marca Bahia Notícias

Notícia

Projeto experimental de arquitetura em Salvador será detalhado em livro

Por Bruno Leite

Projeto experimental de arquitetura em Salvador será detalhado em livro
Foto: Alan dos Anjos

Caminhando por uma das transversais da Avenida Joana Angélica, pouco além dos arredores do Colégio Central da Bahia, indo adiante pelo calçamento já desgastado do Centro de Salvador, um endereço que está se tornando um ponto de encontro para artistas e ações culturais pode ser visto e chama a atenção: o casarão que hoje sedia o projeto Mouraria 53.

 

Localizado exatamente no ambiente que o nome sugere, a iniciativa toca, de forma experimental, atividades como intervenções arquitetônicas e de práticas diversas de ocupação que, em breve, virarão tema de um livro.

 

"Eu diria que o intuito do Mouraria 53 é habitar essa casa, de forma experimental, coletiva, criativa. Acredito que, resumindo, é isso que a gente está fazendo desde o início. Dentro disso, propostas muito variadas têm coexistido neste espaço. São propostas culturais, ligadas à saúde, à moradia", conta o jornalista e fotógrafo Fernando Gomes, um dos integrantes do projeto.

 

Ali habitam e tiveram espaço propostas como shows, performances, exposições, cursos e oficinas. Atualmente, segundo Fernando, por conta da pandemia, as ações que dependem da reunião de muitas pessoas tiveram que ser suspensas, mas o escritório de uma editora, uma moradia e a realização de clipes e ensaios fotográficos estão mantendo o casarão em constante movimento. A produção de uma série de lives e uma obra para a implantação de uma cozinha também estão em curso.

 

 

DAS RUÍNAS À LITERATURA
O local, que hoje é um território de fruição, nem sempre foi assim e apresentava um estado de arruinamento. Abandodado como diversos outros da área do Centro Antigo da capital baiana, o imóvel começou a receber as primeiras intervenções em 2017, quando foi cedido ao coletivo.

 

O livro vai contar essa história. Produto de uma parceria do Mouraria 53 com a Editora Gris, a proposta será financiada pelo Itaú Cultural após serem selecionados por um edital. "Foi um projeto que escrevemos juntos e fomos pensando juntos a partir de algumas reuniões, elaborando o que seria essa proposta", explica o jornalista.  

 

A previsão é que ele comece a ser executado em abril deste ano. Até lá, reuniões virtuais devem definir detalhes sobre o conteúdo da obra, como a construção dos textos, imagens e edição. 

 


Mutirão para realização de obras na casa | Foto Fernando Gomes

 

Fernando Gomes conta que pretendem convidar pessoas ligadas à casa e aos assuntos que são tratados no espaço, "para que seja uma coisa ainda mais coletiva". "Acredito que esse projeto começou a partir da ocupação da casa pelo coletivo, porque a história que vai ser contada no livro começa a partir das nossas atividades na casa e que, eu creio, justificaram nossa aprovação no edital", aposta.

 

REFLEXÃO SOBRE (E NO) CENTRO ANTIGO
O casarão foi alterado ao longo dos últimos três anos a partir da soma de várias pessoas. Uma estrutura que antes era voltada para a moradia de uma só família agora é um ponto de inflexão e reflexão na região mais antiga da cidade. 

 

"Tem uma série de reflexões que o projeto Mouraria 53 leva, não só pelo que funcionou ou como funciona, como é possível você transformar casas que já foram unifamiliares em algum momento em espaços bastante diversos e isso não precisa vir de uma maneira que se torne comércio ou faça a fachada em uma vitrine", indica outro membro do coletivo, o arquiteto e urbanista Pedro Alban. 

 


Workshop realizado na Mouraria 53 | Foto: Reprodução/Instagram

 

Para Alban, as intervenções e adaptações feitas no casarão da Rua da Mouraria mostram que é possível tornar mais funcionais as edificações históricas e responder a crises que rondam estes lugares e se relacionam com uma "falta de dinheiro" ou a "falta de vontade".

 

"O processo da Mouraria mostra, dentro de um projeto de arquitetura e de uma construção coletiva de artes e convivência, como você cria o desejo por alguma coisa. Esse modelo de trabalho é muito informativo para uma cidade que tem uma série de casarões abandonados por crises diversas", defende o profissional.

 

Essas inovações são notáveis e se expandem, na opinião de Pedro Alban, em outras propostas tanto na arquitetura quanto nas artes. Ele conta que membros que interagiram com a casa criaram projetos de outro tipo, a exemplo de uma empresa, formatada a partir da arquitetura experimental da casa, que reaproveita materiais de imóveis que estão em processo de demolição.