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Único brasileiro contemplado com bolsa de Soros, baiano fará mostra sobre 'Recôncavo'

Por Jamile Amine

Único brasileiro contemplado com bolsa de Soros, baiano fará mostra sobre 'Recôncavo'
Foto: Arquivo Pessoal

Natural de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, o artista visual Tiago Sant’Ana é o primeiro brasileiro contemplado com a Soros Arts Fellowship, iniciativa da Open Society Foundations, organização filantrópica criada pelo bilionário americano George Soros.

 

Ele e outros 10 artistas, curadores, produtores culturais e pesquisadores de diversos países receberão o prêmio de 80 mil dólares, para desenvolver projetos relacionados à imigração, espaço público e artes. A execução dos trabalhos deve ser realizada pelo período de 18 meses.

 

“O processo de seleção da bolsa se dá por meio de indicação. A Open Society Foundations, que é a organização por trás do prêmio, solicita a profissionais do mundo inteiro indicações de artistas que estejam alinhados com o conceito do prêmio: estar num nível de carreira médio ou emergente, além de trabalhar com temas relacionados ao espaço público, diásporas e imigração, por exemplo. Após esse processo de indicação, há a submissão do projeto. E a última etapa é uma avaliação por diversos profissionais das artes, além de um entrevista”, conta Tiago, em entrevista ao Bahia Notícias. “É um processo longo e a peneira é rigorosa, mas o tratamento da fundação é primoroso e nos faz sentir confortáveis mesmo estando sob avaliação”, garante o artista baiano. 

 

Com o prêmio, Sant’Ana pretende seguir um caminho que já vem trilhando, com foco na identidade cultural. “Eu vou dar continuidade a uma série de trabalhos que eu venho desenvolvendo na região do Recôncavo da Bahia, onde nasci e cresci, em torno das ruínas dos antigos engenhos de açúcar. É um projeto que trata sobre história, sobre memória e também da necessidade de tecer narrativas sobre o nosso passado sobre um ponto de vista que se distancia de uma visão eurocêntrica. Essa pesquisa culminará numa exposição que realizarei em um museu de Salvador em 2021”, detalha o artista visual.

 

Sensibilizado com o atual cenário do país, Tiago destaca a importância de um prêmio como a bolsa Soros Arts Fellowship. “Esse é um dado muito importante porque estamos vivendo uma situação muito complexa no setor cultural no Brasil. Há um desmonte sistemático das políticas públicas nesse setor. Então, ser contemplado é como um respiro”, diz o baiano. “Além disso, ser da região do Nordeste, uma região que está fora do eixo principal da arte no Brasil, é outra questão a ser citada. Há muitas pessoas produzindo em diversas geografias do país e esse corpo de trabalho também deve ser visto como importante”, conclui. 

 

 


No trabalho “Passar em branco”, o artista faz intervenção nas ruínas do antigo Engenho da Vitória, em Cachoeira, no Recôncavo da Bahia

 


SOBRE O ARTISTA
Tiago Sant’Ana (Santo Antônio de Jesus, 1990) é artista visual, curador e atualmente está concluindo Doutorado em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Seus trabalhos imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras, entendendo as dinâmicas coloniais que envolvem a produção da História e da memória. Foi um dos artistas indicados ao Prêmio PIPA 2018 e vencedor do Prêmio Foco ArtRio 2019.

 

Já expôs seus trabalhos em diversos países como Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Colômbia. Participou de festivais e exposições nacionais e internacionais como “Rua!” (2020) e “O Rio dos Navegantes” (2019), no Museu de Arte do Rio; “Histórias afro-atlânticas” (2018), no MASP e Instituto Tomie Ohtake; “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis” (2017-2018), no Fowler Museum at UCLA; “Negros indícios” (2017), na Caixa Cultural São Paulo e “Reply All” (2016), na Grosvenor Gallery. 

 

Foi curador-assistente da 3ª Bienal da Bahia (2014), além de ter organizado outras mostras como “O espaço dividido” (2019), “Kaurís” (2019); “Concerto para pássaros” (2019); “Vamos de mãos dadas” (2018); “Campo de Batalha” (2017) e “Future Afro Brazil Visions in Time” (2017). Suas obras fazem parte de acervos públicos como o do Museu de Arte do Rio, Casa de Cultura da América Latina e Museu de Arte Moderna da Bahia. É representado em Salvador pela Roberto Alban Galeria.