Parte do elenco de &ldquo;A Vida Invis&iacute;vel&rdquo;, o ator Greg&oacute;rio Duvivier disse ter confirmado a acusa&ccedil;&atilde;o de funcion&aacute;rios da Ag&ecirc;ncia Nacional do Cinema (Ancine), de que a Secretaria de Gest&atilde;o Interna do &oacute;rg&atilde;o proibiu a exibi&ccedil;&atilde;o do filme em evento para os servidores (<a href="https://www.bahianoticias.com.br/cultura/noticia/36577-servidores-da-ancine-sao-proibidos-de-exibir-filme-brasileiro-indicado-ao-oscar.html" target="_blank">clique aqui</a>).

 
&ldquo;Acabo de confirmar: exibi&ccedil;&atilde;o gratuita d&rsquo;A Vida Invis&iacute;vel foi cancelada pela Ancine&rdquo;, declarou o artista, por meio de suas redes sociais. &ldquo;Motivo alegado: a nova diretoria me odeia e acha que Rodrigo Teixeira [produtor do filme] &eacute; &lsquo;comunista&rsquo;&rdquo;, acrescentou. Duvivier disse ainda que funcion&aacute;rios descontentes com a censura planejam projetar o filme na rua.

 
Com dire&ccedil;&atilde;o de Karim A&iuml;nouz, &ldquo;A Vida Invis&iacute;vel&rdquo; foi selecionado para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Longa-metragem Internacional (<a href="https://www.bahianoticias.com.br/cultura/noticia/35766-a-vida-invisivel-desbanca-bacurau-e-e-selecionado-para-representar-brasil-no-oscar.html" target="_blank">clique aqui</a>). O elenco do longa conta com Fernanda Montenegro, que foi xingada por Roberto Alvim, hoje secret&aacute;rio especial da Cultura e ent&atilde;o diretor da Funarte (<a href="https://www.bahianoticias.com.br/cultura/noticia/36355-diretor-que-ofendeu-fernanda-montenegro-e-nomeado-para-secretaria-de-cultura.html" target="_blank">clique aqui</a>).&nbsp;

O filme &#39;A Vida Invis&iacute;vel&#39;, do cearense Karim A&iuml;nouz, que est&aacute; na disputa para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional, estreia nesta quinta-feira (31) nos cinemas brasileiros. Por&eacute;m, Salvador recebe uma pr&eacute;-estreia do filme nesta quarta-feira (30), &agrave;s 20h, durante a abertura do XV Panorama Internacional Coisa de Cinema. O evento ainda ir&aacute; contar com um debate ap&oacute;s a exibi&ccedil;&atilde;o do longa entre o diretor do filme, a atriz Carol Duarte e o p&uacute;blico.&nbsp;

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Rio de Janeiro, d&eacute;cada de 1950. Eur&iacute;dice (Carol Duarte) &eacute; uma jovem talentosa, mas tamb&eacute;m introvertida. Guida (Julia Stockler) &eacute; sua irm&atilde; mais velha, e o oposto de seu temperamento em rela&ccedil;&atilde;o ao conv&iacute;vio social. Ambas vivem em um r&iacute;gido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eur&iacute;dice se esfor&ccedil;a para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor com Antenor (Greg&oacute;rio Duvivier).

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Apesar da trama do filme se passar na d&eacute;cada de 50, ela aborda quest&otilde;es atuais vividas pelas mulheres e tamb&eacute;m faz um destaque a &quot;masculinidade t&oacute;xica&quot;, termo utilizado por Karim A&iuml;nouz durante entrevista ao Bahia Not&iacute;cias, que ocorre daquela &eacute;poca at&eacute; os dias de hoje. &quot;Quando eu digo que o filme representa um grito contra o patriarcado, quero dizer que apesar de haver mudan&ccedil;as e apesar da gente estar em um momento cr&iacute;tico em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; condi&ccedil;&atilde;o da mulher, eu queria muito falar dos homens tamb&eacute;m, porque eles n&atilde;o mudam, entende?&quot;.&nbsp;

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&quot;As mulheres s&atilde;o muito diferentes hoje, mas os homens continuam muito parecidos. Eu queria muito falar n&atilde;o s&oacute; da condi&ccedil;&atilde;o feminina, mas como a masculinidade pode ser t&oacute;xica ao ponto de ter destru&iacute;do a vida da Eur&iacute;dice, como que ela continua t&atilde;o forte. Quando voc&ecirc; v&ecirc; o governo federal que a gente tem, eu acho que isso vem de uma masculinidade que &eacute; altamente t&oacute;xica, e que &eacute; nociva, e que precisa estar no poder a qualquer custo. Ent&atilde;o &eacute; nesse sentido que eu falo que ele &eacute; um grito contra o machismo. Ele n&atilde;o &eacute; exatamente um filme feminista, porque eu n&atilde;o sou mulher, mas ele &eacute; anti patriarcal, anti machismo, anti tudo que a masculinidade t&oacute;xica pode provocar n&atilde;o s&oacute; nas mulheres, como no mundo. E como que essa viol&ecirc;ncia &eacute; naturalizada. O filme fala muito disso, um cara como o Antenor que parece uma crian&ccedil;a ali, ele era um chefe de fam&iacute;lia, ele tem uma posi&ccedil;&atilde;o de poder que era algo muito grande, ent&atilde;o no filme &eacute; para olhar aquilo tamb&eacute;m de uma maneira meio ir&ocirc;nica&quot;, apontou o cearense.&nbsp;

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O longa, que &eacute; uma adapta&ccedil;&atilde;o do livro &quot;A Vida Invis&iacute;vel de Eur&iacute;dice Gusm&atilde;o&quot;, de Martha Batalha, n&atilde;o prioriza um amor entre amantes, mas sim um amor entre irm&atilde;s, que por atitudes patriarcais encontram dificuldades para se reencontrar. Karim acredita que cada uma das irm&atilde;s tinha uma miss&atilde;o para cumprir dentro da hist&oacute;ria, que seriam: &quot;Guida tinha a voca&ccedil;&atilde;o de ser livre, e eu acho que ela viveu essa voca&ccedil;&atilde;o at&eacute; o fim, mesmo com tudo que ela precisou passar. J&aacute; a de Eur&iacute;dice, era falar atrav&eacute;s da m&uacute;sica, ser uma grande pianista, mas essa voca&ccedil;&atilde;o n&atilde;o foi vivida at&eacute; o fim&quot;, argumenta.&nbsp;

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<img alt="" src="/fotos/entretenimento_noticias/36307/mg/ff.png" style="width: 380px; height: 257px;" /> 
Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o / Bruno Machado

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O filme conta tamb&eacute;m com a participa&ccedil;&atilde;o especial de Fernanda Montenegro. Karim revelou ao BN que a primeira pessoa que surgiu em sua cabe&ccedil;a para interpretar uma das personagens principais da trama, ap&oacute;s uma passagem de 50 anos da hist&oacute;ria, foi a atriz carioca. &quot;Quando eu olho para ela eu penso em for&ccedil;a, em integridade, em muitas coisas que eu queria que a personagem fosse. E eu n&atilde;o conseguia pensar mais ningu&eacute;m&quot;, conta o diretor. &nbsp;

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Karim ainda disse que n&atilde;o esperava que Fernanda fosse aceitar, j&aacute; que seria uma participa&ccedil;&atilde;o de aproximadamente 10 minutos. &quot;Escrevemos uma carta e mandamos junto com o roteiro para ela. Depois nos encontramos e ela n&atilde;o falou nada sobre participar do filme, eu logo pensei: &#39;ela est&aacute; aqui apenas sendo elegante&#39;. Em um determinado momento ela falou: &#39;o nosso filme&#39;, e eu fiquei muito encantado. Tem sido n&atilde;o s&oacute; uma colabora&ccedil;&atilde;o profissional incr&iacute;vel, mas temos um carinho muito grande, eu por ela e ela pelo filme&quot;.&nbsp;

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O diretor de &quot;A Vida Invis&iacute;vel&quot; confessou estar muito curioso em como os espectadores homens sair&atilde;o da sess&atilde;o do filme. Segundo Karim, as perguntas que ele escuta dos homens ap&oacute;s terem assistido o filme s&atilde;o &quot;Como foi a fotografia do filme?&quot; ou &quot;Como est&aacute; sendo a campanha do Oscar&quot;. Mas na verdade, ele disse querer saber como esse p&uacute;blico se sente ao olhar para os personagens.&nbsp;

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&quot;Eu acho que o filme tem tocado muito as mulheres, porque ele fala de coisas que a gente n&atilde;o tem falado, de hist&oacute;ria que n&atilde;o t&ecirc;m sido contadas. &nbsp;Mas eu t&ocirc; muito curioso com os espectadores homens, porque poxa vida, &eacute; uma vida que foi sequestrada da Eur&iacute;dice, por um desejo de se manter uma fam&iacute;lia, como ela diz para o pai: &lsquo;o que que voc&ecirc; fez que voc&ecirc; queria proteger minha fam&iacute;lia?&#39;. Ent&atilde;o estou muito curioso para escutar os homens&quot;, declara A&iuml;nouz.&nbsp;

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&ldquo;A gente fala tanto do Brasil que &eacute; um pa&iacute;s super machista. E eu tenho muito respeito pelas mulheres, porque, se n&atilde;o me engano, 40% dos lares brasileiros s&atilde;o sustentados e liderados por elas. Ent&atilde;o acho que &eacute; muito importante que a gente pense nisso. &Eacute; um debate muito importante, ainda mais porque para mim essa masculinidade que &eacute; t&atilde;o nociva ao machismo, ele &eacute; a base do fascismo. Para mim realmente &eacute; ali que est&aacute; a base de tudo, o desespero para estar no poder. N&atilde;o trago no filme um debate te&oacute;rico, porque n&atilde;o acho que o cinema n&atilde;o &eacute; discurso, mas espero que as pessoas sejam tocadas e pensem nisso&rdquo;, finalizou o diretor.&nbsp;

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Notícia

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