Durante a inaugura&ccedil;&atilde;o do novo Mercado S&atilde;o Miguel, na Baixa dos Sapateiros, na manh&atilde; desta quinta-feira (5), o prefeito ACM Neto fez um breve balan&ccedil;o das pol&iacute;ticas municipais voltadas para reativar o setor cultural de Salvador, fortemente afetado pela pandemia do novo coronav&iacute;rus.&nbsp;

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Sobre o mercado do entretenimento, Neto afirmou que houve um avan&ccedil;o no processo de retomada. &ldquo;Primeiro permitimos, n&atilde;o s&oacute; o voz e viol&atilde;o, mas tamb&eacute;m que haja apresenta&ccedil;&atilde;o em duplas em bares, restaurantes, etc., permitimos a reabertura de teatros, centros culturais, de circo, portanto, eu diria a voc&ecirc; que o que est&aacute; ainda represado s&atilde;o os eventos comerciais, que implicam na venda de ingressos, com apresenta&ccedil;&atilde;o de bandas, que s&atilde;o muito tradicionais em nossa cidade. Mas eu ainda nao me sinto em seguran&ccedil;a para permitir festas em Salvador&rdquo;, argumentou, projetando progressos com parcim&ocirc;nia.

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&ldquo;Vai chegar num ponto, e eu acho que pode ser que n&atilde;o demore muito, que a gente permita pequenos eventos. Por exemplo, hoje n&oacute;s temos um limite de 200 pessoas. Esse limite foi estabelecido pelo governo e a prefeitura concordou com ele e aderiu a ele. Pode ser que um pr&oacute;ximo passo, e eu n&atilde;o estou aqui marcando data, seja permitir eventos dentro desse limite de 200 pessoas&rdquo;, disse ACM, lembrando que no dia 11 a prefeitura realiza um evento teste no Centro de Conven&ccedil;&otilde;es (<a href="https://www.bahianoticias.com.br/noticia/253543-salvador-tera-evento-teste-no-centro-de-convencoes-para-avaliar-retomada.html" target="_blank">clique aqui e saiba mais</a>), que pode servir de par&acirc;metro para os pr&oacute;ximos passos.&nbsp;

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&ldquo;&Eacute; um evento modelo. N&atilde;o &eacute; musical, mas eu estou muito esperan&ccedil;oso que a partir dessa experi&ecirc;ncia a gente possa validar internamente protocolos que permitam a gente olhar esse horizonte da retomada de feiras, exposi&ccedil;&otilde;es, e quem sabe at&eacute; eventos com venda de ingressos, tendo, repito, um limite no n&uacute;mero de pessoas&rdquo;, cogita o prefeito, destacando, no entanto, que n&atilde;o est&aacute; &ldquo;prometendo nada&rdquo;.

A salvaguarda para patrim&ocirc;nio imaterial do estado ser&aacute; contemplada em chamada p&uacute;blica pelo Programa Aldir Blanc Bahia da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA). O edital, lan&ccedil;ado pelo Instituto do Patrim&ocirc;nio Art&iacute;stico e Cultural da Bahia (IPAC), nesta quinta-feira (01), contar&aacute; com recursos da ordem de R$ 6 milh&otilde;es, oriundos da Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Minist&eacute;rio do Turismo. As inscri&ccedil;&otilde;es ser&atilde;o gratuitas, pelo e-mail - chamamento.lab@ipac.ba.gov.br, no per&iacute;odo de 01 de outubro a 03 de novembro de 2020, no site da SecultBA.

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Os objetivos da iniciativa, que ser&aacute; coordenada pelo IPAC, s&atilde;o: a preserva&ccedil;&atilde;o, salvaguarda, valoriza&ccedil;&atilde;o, pesquisa, invent&aacute;rio, publica&ccedil;&atilde;o, difus&atilde;o, dinamiza&ccedil;&atilde;o, desenvolvimento de dossi&ecirc;s de pesquisa e estudos de normatiza&ccedil;&atilde;o de patrim&ocirc;nio cultural imaterial da Bahia, registrado e/ou em processo de patrimonializa&ccedil;&atilde;o pelo Instituto. Ao todo s&atilde;o 31 bens culturais imateriais, dos quais sete est&atilde;o em processo de reconhecimento provis&oacute;rio, por meio do Registro Especial, e 90% s&atilde;o patrim&ocirc;nios afrodescendentes, dada a singularidade da cultura baiana.

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Ser&atilde;o selecionadas at&eacute; 19 propostas, observando a ordem de classifica&ccedil;&atilde;o e a disponibilidade or&ccedil;ament&aacute;ria. Para o diretor geral do IPAC, Jo&atilde;o Carlos de Oliveira, o edital contribuir&aacute; para a preserva&ccedil;&atilde;o efetiva de ritos p&uacute;blicos, festividades e celebra&ccedil;&otilde;es populares que representam a mem&oacute;ria e a identidade do povo baiano. &ldquo;A ideia &eacute; inovar com o chamamento dos detentores da cultura para serem agentes de constru&ccedil;&atilde;o, proponentes e gestores de pol&iacute;ticas estrat&eacute;gicas de curto e longo prazo, contribuindo assim para o efetivo envolvimento da sociedade e a articula&ccedil;&atilde;o desta, com os diferentes n&iacute;veis de Governo, na valoriza&ccedil;&atilde;o de seus bens de cultura&rdquo;, explica o diretor.

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Os pedidos de esclarecimentos referentes ao edital e seus anexos dever&atilde;o ser encaminhados &agrave; presidente da Comiss&atilde;o de Sele&ccedil;&atilde;o at&eacute; o dia 23 de outubro, exclusivamente de forma eletr&ocirc;nica, por meio do endere&ccedil;o duvidas.lab@ipac.ba.gov.br.

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No total,&nbsp;19 propostas e 31 bens ser&atilde;o contemplados no edital: 
1.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Carnaval de Maragojipe 
2.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Festa D&rsquo;Ajuda 
3.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Bemb&eacute; do Mercado 
4.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Of&iacute;cio das Baianas de Acaraj&eacute; 
5.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Of&iacute;cio de Vaqueiros 
6.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Capoeira 
7.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Desfile de Afox&eacute;s 
8.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Festa da Boa Morte 
9.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Festa do Divino Esp&iacute;rito Santo 
10.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Zambiapunga e Caretas do Baixo Sul&nbsp; 
11.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Chegan&ccedil;a, Marujada e Embaixadas 
12.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Samba de Roda do Rec&ocirc;ncavo Baiano 
13.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Prociss&atilde;o do Fogar&eacute;u 
14.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Festa de Santa B&aacute;rbara 
15.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Centro de Abastecimento de Feira de Santana 
16.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Festa de Senhor Bom Jesus dos Passos, o padroeiro dos garimpeiros de Len&ccedil;ois 
17.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Romaria de Senhor Bom Jesus da Lapa

18.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Terreiro Il&ecirc; Ax&eacute; Ogunj&aacute; 
Terreiro Il&ecirc; Ax&eacute; Itayl&ecirc; 
Terreiro InzoIncossiMukumbi Dendezeiro 
Terreiro Aganj&uacute;Did&ecirc; &ndash; IciMim&oacute; 
Terreiro Asep&ograve;EranOp&eacute;Ol&ugrave;wa 
Terreiro HumpameAyonoHunt&oacute;loji 
Terreiro Raiz de Air&aacute; 
Terreiro Ogod&ocirc;Dey 
Terreiro Loba&rsquo;Nekun 
Terreiro Loba&rsquo;Nekun Filho

19.&nbsp;&nbsp; &nbsp;Terreiro da Caj&aacute; 
Terreiro de Culto a Baba EgumOm&oacute; Il&ecirc; Agboul&aacute; 
Terreiro TuntunOlukotun 
Terreiro Lajuomim

&quot;Acaraj&eacute;&quot;, &quot;gog&oacute;&quot;, &quot;Arembepe&quot;, ou at&eacute; mesmo a palavra &quot;ax&eacute;&quot; s&atilde;o termos e express&otilde;es oriundas da l&iacute;ngua Iorub&aacute;-Nag&ocirc;. Apesar de serem presentes no cotidiano brasileiro, principalmente do baiano, a origem dos dizeres &eacute; pouco conhecida pelos falantes - assim como formas de fala como o &quot;vumbora&quot;, derivada do Iorub&aacute; &ldquo;Mo mb? wa&rdquo; (que significa &ldquo;estou indo&rdquo;).

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Apresentar essa origem e ensinar o idioma &eacute; justamente um dos objetivos de um curso ministrado pelo professor Adelson Silva de Brito, o intensivo &ldquo;Li&ccedil;&otilde;es de L&iacute;ngua Iorub&aacute;-Nag&ocirc; para Iniciantes&rdquo;, que teve na inf&acirc;ncia, na Salvador da d&eacute;cada de 1960, uma introdu&ccedil;&atilde;o &agrave; l&iacute;ngua, falada pelos idosos negros do seu bairro.&nbsp;

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A ideia do projeto &eacute; oferecer aos inscritos conte&uacute;dos relacionados ao cotidiano Iorub&aacute;-Nag&ocirc;, tanto na &Aacute;frica quanto nas v&aacute;rias comunidades Iorub&aacute;s. A metodologia inclui a realiza&ccedil;&atilde;o de cinco aulas e a disposi&ccedil;&atilde;o de v&iacute;deos, textos, not&iacute;cias diversas, literatura, an&aacute;lises de prov&eacute;rbios e outros materiais que fixem o aprendizado.

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Trazida para o Brasil nos corpos das pessoas da di&aacute;spora africana vindas da costa ocidental do continente - de localidades que hoje pertencem a pa&iacute;ses como Sud&atilde;o, a pr&oacute;pria Nig&eacute;ria, Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana, Guin&eacute; e Togo -, o dialeto teve a nomenclatura inicial de &quot;Nag&ocirc;&quot;, por conta do povo que o falava, chamado aqui pelo mesmo nome da l&iacute;ngua. &quot;Hoje, a l&iacute;ngua Nag&ocirc; &eacute; chamada de Iorub&aacute; ou Ioruba-Nag&ocirc;, e a parte da &Aacute;frica ocidental antigamente chamada de k&agrave;r&ograve;-oj&iacute;ire, &eacute; hoje conhecida como Terra Iorub&aacute;&quot;, aponta o docente.

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Atualmente, no pa&iacute;s, in&uacute;meros terreiros de Candombl&eacute; de na&ccedil;&atilde;o Queto (ou Nag&ocirc;) difundem a l&iacute;ngua em seus ritos e em suas pr&aacute;ticas religiosas. Elas assumem participa&ccedil;&otilde;es centrais na vida dos praticantes. Mas, para al&eacute;m disso, o Iorub&aacute; &eacute; uma l&iacute;ngua conversacional como o Ingl&ecirc;s ou o Espanhol.

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Na Bahia, em especial, uma quest&atilde;o chama a aten&ccedil;&atilde;o: al&eacute;m da rela&ccedil;&atilde;o hist&oacute;rica com o povo Nag&ocirc;, o estado&nbsp;&eacute; considerado, desde 2018, a Capital Iorub&aacute; para todas as Am&eacute;ricas - alcunha que foi declarada pelo rei Adeyeye Babatunde Ogunwusi II, da cidade hist&oacute;rica de Ile-If&eacute;, em visita oficial ao Brasil.

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&quot;&Eacute; dessa conjuntura que nasceu no seio das comunidades Iorub&aacute;-Nag&ocirc; da Bahia&nbsp;o interesse pelo interc&acirc;mbio com as comunidades originais em &Aacute;frica e a percep&ccedil;&atilde;o de que existe um universo vivo e pulsante rico em cultura, teatro, m&uacute;sica, literatura e religi&atilde;o em l&iacute;ngua Iorub&aacute;. Todos, por isso, querem aprender&quot;, justifica Adelson.&nbsp;

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Para ele, &quot;o curso traz a oportunidade de inclus&atilde;o de uma l&iacute;ngua que eleva a autoestima do afrodescendente ao n&iacute;vel de cidadania indentit&aacute;ria, e lhe d&aacute; a certeza da riqueza da sua cultura, &uacute;nica e motivadora para seu orgulho e independ&ecirc;ncia&quot;.

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Diferentemente da divis&atilde;o entre laicidade e religi&atilde;o praticada na cultura ocidental, segundo o professor, o Iorub&aacute; tem como um dos pilares o culto &agrave; ancestralidade como uma pr&aacute;tica de conex&atilde;o com a experi&ecirc;ncia vitoriosa de antepassados. &quot;O ocidental resolveu classificar essa filosofia de vida como religi&atilde;o, n&atilde;o restando alternativa ao Ioruba-Nag&ocirc;&quot;, classificou.

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O curso &ldquo;Li&ccedil;&otilde;es de L&iacute;ngua Iorub&aacute;-Nag&ocirc; para Iniciantes&rdquo; acontece entre os dias 24 de setembro e&nbsp;22 de outubro, com aulas semanais (toda quinta-feira, das 16h &agrave;s 18h) no formato on-line e carga hor&aacute;ria de 20 horas, com direito a certifica&ccedil;&atilde;o, promovido pelo Gabinete Portugu&ecirc;s de Leitura (GPL), em Salvador. A&nbsp;inscri&ccedil;&atilde;o custa&nbsp;R$ 100 e pode ser realizada nas plataformas Sympla e Eventbrite. Outras informa&ccedil;&otilde;es e a programa&ccedil;&atilde;o completa do curso est&atilde;o&nbsp;no&nbsp;site do GPL (<a href="http://www.gplsalvador.org" target="_blank">clique aqui</a>).

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