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Edição de dez anos do Feira Noise evidencia cena musical independente no Nordeste

Por Bruno Leite

Edição de dez anos do Feira Noise evidencia cena musical independente no Nordeste
Foto: Reprodução / Duane Carvalho

Com dez anos comemorados neste ano, o Feira Noise Festival, que aconteceu no último fim de semana em Feira de Santana, levou para dois palcos mais de trinta atrações musicais da cena independente de todos os cantos do país. Dentre os grupos e artistas que se apresentaram estão Potyguara Bardo (RN), Francisco El Hombre (SP), Larissa Luz (BA), Zimbra (SP), Vandal (BA), Supercombo (ES), Vivendo do Ócio (BA), Barro (PE), Getúlio Abelha (CE) e Roça Sound (BA).

 

Sustentado pela ampliação da arte e da cultura na cidade, o festival também contou com espaços de artesanato como a "Feira Camelô" e o "Mulheres que Fazem Arte", além de realizar bate-papos e workshops sobre produção cultural e comunicação.

 

Um dos organizadores, Elsimar Pondé defende que um ponto em comum entre as atrações que participaram do festival é "o fato de entenderem a relevância e a importância deste mercado independente, além de compreenderem o quão rico e variado ele é".

 

Segundo Elsimar, festivais como este propiciam uma circulação e a troca de vivências e experiências. 

 

Nas edições anteriores o evento foi realizado no Centro de Cultura Amélio Amorim. Com a mudança para uma casa de shows da cidade, o festival se apropriou de outros contornos, o que para o organizador é um aspecto do amadurecimento. "São dez anos, ao longo desse período nós temos aprendido muito e amadurecido, no convívio com os artistas, com os produtores e com o público - que cobra a realização do evento, indica nomes e indica artistas", completou Elsimar, prometendo em 2020 um Feira Noise ainda maior. 



Foto: Reprodução / Duane Carvalho


Nos palcos, além da arte e da cultura, houve espaço também para expressões políticas. O músico da Franciso El Hombre, Mateo Piracés-Ugarte, acredita que o momento político atual é complexo. Sobre a questão, ele relembrou o cancelamento do show que a banda faria em Vitória na Conquista no último dia 10 de novembro em que internautas acusaram a gestão municipal de boicote (relembre aqui).

 

"Aconteceu aquilo de Vitória da Conquista e, honestamente, eu não estou lá para dizer exatamente o que aconteceu, mas eu tenho que acreditar nessa galera que está denunciando, principalmente por estarmos em um momento propício a muita censura velada. Eu me influencio nessas pessoas. A gente precisa se juntar e continuar fazendo", disse Mateo. Perguntado sobre o seu álbum mais recente, o Rasgacabeza, ele garantiu que as faixas trazem intensidade. 

 


Foto: Reprodução / Duane Carvalho


Desse mesmo sentimento emerge a performance de Getúlio Abelha, pauiense que foi para o Ceará cursar teatro e encontrou na música uma nova maneira de se expressar. O "Abelha" em seu nome é uma referência ao sobrenome da cantora Paulinha Abelha, da Calcinha Preta. No seu repertório estão canções embebidas no brega e em ritmos populares como o forró.

 

Para Getúlio, a recepção do público pelos locais onde se apresenta é sempre de surpresa. "Laricado" e "Aquenda" são algumas das letras do artista, que acumula em sua trajetória a participação em festivais como o Se Rasgum, no Pará, e o Rec-Beat, em Recife. "Geralmente tem pouca gente nas cidades que me conhecem mesmo, mas quando o show começa a acontecer as pessoas vão reagindo", contou rindo.

 

BANDAS LOCAIS
De acordo com a organização do Feira Noise, a seleção de atrações considerou não só a indicação de nomes e artistas que chegaram durante todo o ano, mas também a avaliação do cenário local. Nesse bojo estão Isa Roth, Clube de Patifes, Juli, Calafrio, A Vez das Minas, Sons de Mercúrio, Iorigun e a Roça Sound.

 

Essa última volta de uma turnê pelo Chile e traz uma sonoridade baseada na memória rural sertaneja, no samba de roda, no reggae, nas orquestras do Recôncavo e o Sound System jamaicano. Essa mistura é, segundo os integrantes da Roça Sound, inserida "de forma natural, porque são sons que a gente sempre ouviu, viveu e assistiu". O disco Tabaréu Moderno (com a identidade visual desenvolvida por Gilmar, o "Cartunista das Cavernas", da Folha de São Paulo) é o mais novo trabalho do grupo.

 


Foto: Reprodução / Duane Carvalho


Se apresentando no sábado (22) com um setlist autoral focado no pós-punk e no indie-rock, a Iorigun é outra banda feirense que foi ao festival. Iuri Moldes, o vocalista que também assume a guitarra, vê uma contribuição mútua do formato de festas como essa com as atrações. "Os festivais ajudam as bandas a crescerem e as bandas também ajudam os festivais. É uma retroalimentação", salientou.