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Revelação de geração conectada, Mariana Nolasco faz show com surpresas em Salvador

Por Jamile Amine

Revelação de geração conectada, Mariana Nolasco faz show com surpresas em Salvador
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Um dos nomes da nova geração da música brasileira revelada através da internet, a jovem cantora e compositora Mariana Nolasco, nascida em Campinas (SP), desembarca em Salvador com a turnê “Planeta Borboleta”, em única apresentação no Teatro Jorge Amado, nesta sexta-feira (11), a partir das 21h.

 

Neste, que é o segundo show da artista na capital baiana, ela apresentará o repertório de seu primeiro disco, “Mariana Nolasco”, lançado em 2018. O setlist inclui composições próprias como "Poemas Que Colori", "Que Seja Pra Ficar", "Certeza" e "Sons de Amor" e também algumas surpresas pensadas especialmente para o público baiano. “A maioria do show são músicas autorais, são músicas do CD, que já foram lançadas, e tem uma inédita também que eu canto muito pra ver o que as pessoas acham”, conta a cantora. “É uma música que eu fiz muito na minha, assim, faz um tempão que eu escrevi ela, mas eu vou deixar para o show... (risos). É uma das surpresinhas. Em Salvador vai acontecer uma surpresa específica que não aconteceu nas outras cidades”, diz cantora de 21 anos.


O primeiro e único álbum, lançado de forma independente, por meio de financiamento coletivo, veio após Mariana se debruçar em muitas dúvidas antes de bater o martelo, dentre elas a real motivação para tocar o projeto e a aceitação do público. “Lembro que quando fui lançar o disco eu fiquei me perguntando muito pra que lançar. Eu pensava se é porque eu quero, porque acho bonito, porque quero ser famosa, rica, porque eu gosto. Comecei a me questionar muito (risos). Falei assim: ‘por que que eu quero lançar um disco, gente?’. Aí eu comecei a entender, ah, não sou eu que quero, são as pessoas que querem que eu lance, aí começou a fazer mais sentido”, conta a artista, que além de atingir a meta do crowdfunding encontrou mais um imenso desafio pela frente: lançar um CD sem o respaldo de uma gravadora. “Eu não sabia que era tão caro. Você tem a gravação de todos os instrumentos, ai você paga os músicos, paga ensaio com músicos, tem a produção em si, tem mixer, tem máster, é muita coisa. Aí eu falei: ‘nossa, e agora?’. Aí eu lancei na internet [a campanha de financiamento coletivo], vamos ver se as pessoas querem mesmo, porque se ninguém quiser não vai fazer sentido nenhum eu lançar. E aí eu lancei, com esse intuito. Se tiverem pedidos eu estarei aqui. E aí tiveram muitos, a galera ajudou, e eu fiquei muito feliz de ver mesmo, eu não esperava”, lembra.


Mesmo com os “perrengues” do caminho, Mariana Nolasco abraçou a experiência e aproveitou como uma espécie de escola, que lhe rendeu mais maturidade e uma maior autonomia em todo processo, não apenas na parte criativa. “Eu tive que aprender tudo, cada passinho, desde criar o ISRC para a música, até você entrar em contato com uma editora para distribuir o CD fisicamente. Então, são vários processos que acho que se tivesse uma gravadora fazendo isso eu não saberia de nada. E eu acho legal saber, afinal de contas são as minhas coisas, eu acho legal fazer parte disso também, e não só da parte criativa”, conta a jovem artista, que já recebeu algumas propostas de firmar contrato com gravadoras, mas até então não teve interesse, apesar de não descartar a possibilidade no futuro “se a proposta for boa” e se for possível “trabalhar de forma conjunta e saudável”. 

 

Confira o disco de estreia de Mariana Nolasco:


Apesar da pouca idade, a maturidade da cantora segue o mesmo ritmo de todo seu processo, que teve início na pré-adolescência, quando ela ensaiava, ainda por brincadeira, os primeiros passos na música, até o caminho que lhe levou a diversos palcos pelo país, incluindo o do Rock in Rio. Aos 10 anos, ela pediu que o irmão lhe ensinasse quatro acordes básicos, para que pudesse usar o violão só para acompanhar sua voz, porque o que ela gostava mesmo era de cantar. “Eu tinha 13 anos, e aí eu comecei numa rede social chamada ASK FM, era uma daquelas redes sociais com perguntas e respostas. Tinha como responder em forma de vídeo, então as pessoas me faziam perguntas e eu respondia cantando, e tal, até que me falaram: ‘por que você não cria um canal no Youtube?’”, lembra Mariana, que de fato criou o canal para publicar covers de canções dos mais variados gêneros e alcançou o sucesso de forma inesperada. “Teve uma versão que eu fiz há seis anos, de um funk. ‘Ai Meu Deus Como é Bom Ser Vida Loka” era o nome da música. As pessoas acharam meio contraditório, porque era uma menininha meiguinha, tocando violão e cantando um ‘funkão’ assim (risos). E aí a galera começou a acompanhar os outros vídeos também. Tinha de tudo, tinha rock, pop, sertanejo, bossa, eu sempre fui uma pessoa muito eclética”, conta a cantora, destacando que demorou para “cair a ficha” diante dos 4 milhões de seguidores na internet. “Eu postei e no outro dia acordei e fui para a escola. Todo mundo estava comentando que eu estava em não sei qual site. E eu dizia: ‘gente, o que vocês estão falando?’. Porque eu não estava entendendo ainda o que estava acontecendo. Foi muito rápido, de uma hora pra outra”, recorda. 

 

Assim como o entendimento sobre a repercussão de sua música, também levou um tempo para o hobbie se transformar em profissão. “Demorou pra virar coisa séria, pra eu levar mesmo a sério, como trabalho. Eu acho que veio depois de uns quatro anos fazendo vídeos na internet, porque antes eu fazia só por fazer”, conta Mariana Nolasco, revelando que começou a se dar conta do ofício ao começar a compor. “Quando eu lancei meu primeiro trabalho autoral eu pensei: ‘nossa, eu acho que é isso que as pessoas querem’”, lembra a artista, que sempre gostou de interpretar canções de outros cantores e mergulhar em universos diferentes.  “Eu acho que quando você canta uma música você pode interpretar ela de várias formas. E eu sempre gostei disso, porque parecia que eu entrava em contato com a mentalidade de quem escreveu e conseguia entender a pessoa, parecia que eu conhecia a pessoa”, avalia a jovem cantora.

 

Veja a versão de Mariana para o funk "Ai meu Deus como é bom ser vida loka":

 

Nos últimos cinco anos Mariana Nolasco fez versões de nomes como Luan Santana, Titãs, Cazuza, Projota, Ed Sheeran e Jorge e Mateus, mas a decisão de escrever suas próprias canções, segundo ela, foi motivada pelos amigos e fãs. “Eu acho que era muito um pedido da galera mesmo, como se fosse uma pendência. As pessoas sempre me perguntavam e eu não falava nada, até que um dia eu falei: ‘nossa, por que não?’. E aí eu comecei a tentar”, lembra a cantora, que diz não gostar de se restringir a um ou outro estilo e dispensa rótulos. “Eu nunca fui muito seletiva, sempre gostei muito de tudo, tudo que me apresentavam de novo eu achava o máximo conhecer, sempre fui muito curiosa”, explica. “Por exemplo, eu gosto muito de MPB, mas eu também gosto muito de R&B. Se for ver, não conversa muito uma coisa com a outra. Mas eu gosto de jazz, aí você vai ver que conversa mais com a MPB em algum lugar. Rap, eu também gosto e não tem a ver com nada, reggae também. Então, eu vou pegando várias vertentes, tanto de letras, quanto de arranjo, tudo, e vou trazendo. É obvio que é uma coisa mais pop o som que eu faço hoje em dia, mas esse pop é tudo, né. Hoje em dia o funk é pop se for ver, é uma música que se tornou popular”, acrescenta, ressaltando que hoje acha difícil se prender em um estilo específico. “É que tem esse negócio de que parece que você tem que ficar enfiada dentro de uma caixa, estar numa prateleira especifica, mas eu acho que isso está mudando, a galera está tão mais aberta hoje. A galera que consome nossa música está tão mais receptiva, que eu não vejo muito me colocando, tipo, ‘agora eu sou pop leve’, ‘agora eu sou nova MPB’. É só uma nova galera que está trazendo uma mensagem parecida e muito sincera, eu acho”, avalia. 


Se as músicas de outros autores que Mariana Nolasco interpreta refletem seu ecletismo atrelado ao seu toque pessoal, as autorais têm uma assinatura muito própria. Segundo ela, muito do seu inconsciente está impresso em suas composições. “Não tem como eu escrever uma coisa que eu não acredite. Não fica verdadeiro, soa estranho até na hora que for cantar, então, por mais que não seja uma história que eu esteja vivenciando, eu acredito ou acreditei naquilo. Em algum momento aquilo fez sentido pra mim. Mas eu não peguei, assim, uma história de alguém, tipo, observei muito tempo e escrevi. Nunca fiz isso assim, conscientemente”, explica, destacando que no geral, suas músicas expressam o que ela sente e o que ela vive. Agora, por exemplo, Mariana vive sozinha em São Paulo e terminou recentemente um relacionamento com o também cantor e compositor Pedro Pascual, com quem firmou diversas parcerias musicais, fato que acabou influenciando nos novos rumos de sua carreira e em sua produção autoral. “Como minha vida pessoal com o Pedro era muito junta, a gente separou e as coisas tomaram rumos diferentes, isso acabou refletindo também na estrutura de como eu trabalho, então estamos em uma reestruturação agora”, conta Mariana, revelando que enquanto roda o país com a turnê “Planeta Borboleta” já está prepara novidades. “Estou focada no meu próximo trabalho já, estou escrevendo várias coisas novas. E é muito legal, porque eu nunca tinha tido essa experiência de ficar só. Porque quando a gente fala sozinha parece que é ruim, mas é muito mais uma solitude do que uma solidão, sabe?”, conta a cantora, que tem se adaptado muito bem à nova realidade. “Eu sempre gostei muito de ficar sozinha e esse tempo que eu estou tendo agora eu nunca tive. Na casa de meus pais eu fechava o quarto e ficava lá e tal, mas ter um espaço pra mim mesmo, onde tenho as minhas plantinhas, tipo, eu mesma cuido de mim, eu mesmo faço meu café, limpo a casa, está sendo uma nova fase mesmo e aí letras novas vêm”, diz Mariana, destacando que por estar vivendo coisas diferentes, “não tem como ficar na mesma linha em relação às letras”, já que “elas vão contando o que está acontecendo”.


Neste sentido, ao longo de 2019 a artista segue com projetos referentes à turnê “Planeta Borboleta”, como o lançamento de clipes no Youtube e demais plataformas. Já para o próximo ano, ela promete materiais inéditos.  “Não sei se pretendo fazer um novo disco já pro ano que vem, mas singles e EP com certeza vai ter”, garante.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
Mariana Nolasco – Turnê Planeta Borboleta
QUANDO: Sexta-feira, 11 de outubro, às 21h 
ONDE: Teatro Jorge Amado, Pituba, Salvador-BA
VALOR:  R$ 70 inteira e R$ 35 meia