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Marca Bahia Notícias

Notícia

Alegando racismo, alunos de Teatro da Ufba interrompem espetáculo no Martim Gonçalves

Alegando racismo, alunos de Teatro da Ufba interrompem espetáculo no Martim Gonçalves
Foto: Reprodução / Facebook

Sob alegação de que a montagem teria cunho racista, um grupo de alunos da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba) interrompeu a apresentação do espetáculo “Sob as Tetas da Loba”, neste sábado (1º), no Teatro Martim Gonçalves, em Salvador.


Na ocasião, estudantes negros, integrantes da Organização Dandara Gusmão, empunharam cartazes e usaram palavras de ordem para criticar tanto a peça, quanto o que consideram “racismo institucional” dentro da Escola de Teatro.

 

 

O incidente gerou indignação entre professores e ganhou a atenção também do presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, que classificou o ocorrido como “absurdo”. “Como cidadão, artista e gestor de cultura não posso deixar de manifestar meu apoio ao querido Paulo Cunha e a toda a equipe do espetáculo ‘Sob as Tetas da Loba’ pela agressão sofrida na noite de ontem. Nada justifica a invasão de um palco com um espetáculo sendo encenado e espero da Universidade Federal da Bahia que medidas cabíveis sejam tomadas imediatamente”, escreveu Guerreiro em suas redes sociais.


Contrária ao ato, a professora Deolinda Vilhena também se manifestou. “De esquerda ou de direita, tendo sua origem em brancos ou negros, o que fica para a sociedade não é a causa defendida, mas a atitude tomada por seres humanos que invadem espaços, questionam a liberdade de expressão, usam de violência verbal contra artistas, trabalhadores e público, que diga-se de passagem tem o direito de ver o que quiser ver!”, escreveu, afirmando ainda que ver “aprendizes de artistas calando colegas, interrompendo um espetáculo é uma atitude fascista”. A professora informou ainda que irá prestar queixa na Polícia Federal contra um aluno ao qual ela acusa de agressão.


 A estudante Ag Flô Das Oliveiras, no entanto, defendeu a posição dos integrantes do protesto e destacou que se tratava de um “ato político” e tinha a ver com um contexto mais complexo. “Fui assistir ao espetáculo sexta-feira dia 31/05/19 a contragosto por vários motivos. Porém, dada a necessidade de assistir para falar sobre, fui.  Ao chegar na bilheteria do teatro logo o primeiro impacto: um estudante não pôde retirar o seu ingresso com o bilheteiro (negro) por fazer parte da organização Dandara Gusmão. O estudante sendo ameaçado verbalmente de forma violenta pelo segurança (negro) ao ler a notificação impressa em papel ofício impedindo a sua entrada. Minutos depois o diretor da escola pede mil desculpas ao estudante, dizendo que aquela notificação não era para ele e sim para um outro estudante da organização e que poderia sim retirar o seu ingresso, pediu muitas desculpas e disse que o erro foi do bilheteiro. O estudante não quis mais assistir. Bem como outras tantas pessoas não querem ver este ‘espetáculo’. Sim. Boicote”, relatou, destacando que no espetáculo os negros atuavam como “personagens marginais, marginalizadas, estereotipadas”.


A aluna Akua Wangai também justificou o ato e rechaçou as críticas. “Continuaremos na luta quantas vezes necessário! Eles estão nervosos porque acabamos de deixar explícito qual a tradição da Etufba: serem racistas”, escreveu, afirmando que pessoas contrárias estão espalhando mentiras. “Mas aí estão os vídeos e quem viu nossas intervenções e até quem não viu, ficou sabendo que estávamos nos impondo! Não estávamos ali pra pedir ou implorar nada a eles, as atitudes racistas da Etufba vão ter consequências, não temos medo de absolutamente nada ali. Dinheiro público não pode ser utilizado pra promover racismo por intermédio da arte, todos os mais de 50 espetáculos no mesmo perfil: pretos e pretas subalternizados e ridicularizados, sem nenhum respeito pela nossa história. Eu não estou nem aí pra opinião de quem é contra nossos atos, está evidente que a Etufba tem um antes e um depois da organização Dandara Gusmão”, pontuou.