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Flerte Flamingo aposta em shows com outras bandas para crescer com o cenário de Salvador

Por Lara Teixeira

Flerte Flamingo aposta em shows com outras bandas para crescer com o cenário de Salvador
Foto: Divulgação / Michaela Sousa

O ano de 2018 foi positivo para as bandas baianas. Os grupos recém-formados ou que já estão há mais tempo na estrada, mas não conseguiram atingir suas metas, estão se fortalecendo e se unindo para construir um cenário musical mais ativo em Salvador. O Flerte Flamingo é um deles. 

 

O grupo formado atualmente por Leonardo Passovi (voz/guitarra), César Neto (baixo/voz), Rodrigo Santos (guitarra/voz), Bernardo Passos(percussão) e Moacyr Cortes (Bateria) estreou em abril de 2017, e em novembro do mesmo ano, lançou o seu primeiro EP, “Postura e Água Fresca”. Em 2018, a banda tem conseguido conquistar novos públicos e também consolidar um evento próprio, “Pasinada”, em que convida outras bandas para se apresentar junto com eles. Leonardo revelou ao Bahia Notícias que acredita que a trajetória da banda está indo bem. "Em termo de resposta de público, eu diria que está crescente. Se for avaliar número de gente que aparece nos shows, estamos com um bom resultado". 

 


Leonardo Passovi e Rodrigo Santos | Foto: Bahia Notícias / Priscila Melo 

 

O Flerte Flamingo iniciou sua carreira participando de festivais em que eram convidados, mas não era algo que dava um retorno financeiro significativo para a banda. Só que de acordo com o vocalista “era importante tocar”, até porque eles precisavam mostrar o seu trabalho para o público baiano. A partir do evento produzido pelo grupo em 2018, que já teve três edições, Rodrigo apontou a mudança que sentiu nas pessoas que passaram a acompanhar a banda. “Eu acho que a gente tem percebido essa mudança do público, principalmente depois que o Pasinada começou. Porque antes realmente era mais o pessoal que andava com a gente. Mas o que eu sei é que em alguns bares ou festas estão colocando o nosso som, e isso faz com que as pessoas comecem a conhecer a banda”, comemora o guitarrista. 

 

 

Durante as três edições do Pasinada, a banda convidou grupos baianos como Bagum, Astralplane, Trago Seu Amor de Volta, Tangolo Mangos, entre outras. Essa união de bandas é algo que está ocorrendo com frequência em Salvador, principalmente para fazer com que os fãs de uma determinada banda passem a conhecer o som de outras e dessa forma o cenário musical de Salvador comece a se fortalecer. “Como as bandas tocam juntas, o público passa a conhecer todos, e o cenário meio que nasce dessa coisa de ‘você acompanha uma banda x, e você começa a perceber que sabe que ela está sempre tocando com outras’ e isso cria aquele público comum, o pessoal que está sempre aparecendo ali. E a cena não são só as bandas, são as pessoas que frequentam, porque é um convívio que nasce ali. Eu acho que a cena de Salvador nesse sentido está crescendo bastante e as bandas estão juntas de várias formas, não só tocando, mas se conhecendo a um tempo também”, disse Rodrigo. 

 

"O importante é ter uma movimentação cultural que cative o público, ele tem que sentir identificação com isso. Não importa você ter bandas unidas que trabalham juntas e tem até vertentes e influências parecidas e esteticamente estão atualizadas se o público não vive isso. A gente está sentindo que já existe um círculo social de pessoas que tem banda há alguns anos - Digão sabe melhor do que eu, porque ele está na estrada desde 2013 -, e as bandas que circundam naquela época têm muitos membros em comum com as bandas com as quais a gente trabalha hoje”, apontou Leonardo. 

 

“Eu percebo que estamos em uma fase mais madura, até por essas pessoas estarem mais velhas, na faixa de 22 anos. Todas as pessoas amadureceram musicalmente e até profissionalmente para saber como guiar a situação, em termos de estratégia para montar a banda e para traçar seus caminhos. Eu sinto que tem algo mais consolidado aparecendo, de certa forma o número (de bandas) fica um pouco mais restrito, mas dá pra citar facilmente, Bagum, Astralplane, Tangolo Mangos quando lançar material vai entrar forte, Trago Seu Amor de Volta, Rubatosis, entre outras. Eu sinto que alguma coisa vai aparecer nesse cenário específico. Sinto também que o underground está em um momento melhor, as bandas estão mais focadas em se profissionalizar, e o acesso ao streaming é mais fácil, então você entra no mesmo hall de artistas grandes que as pessoas escutam e as coisas tendem a melhorar”, completa Leo. 

 

O Flerte Flamingo lançou seu primeiro EP, “Postura e Água Fresca”, em novembro de 2017. Ele foi trabalhado durante o ano de 2018 e no dia 22 de novembro deste ano a banda lançou duas faixas novas, intitulando o projeto como “Mais Duas Músicas de Flerte Flamingo”, com as canções “Índia” e “Eu Não Vou Lá”. O objetivo do lançamento foi de “manter o interesse do público vivo”, segundo Leo. “Foi um formato menor, quase um single duplo. Se a gente vier a lançar um novo EP essas músicas não iriam entrar, elas ficariam provavelmente para um trabalho maior, que abarque o que a gente já fez e quer mostrar. Essas músicas são quase que irmãs, estão na mesma tonalidade de acordes, tratam de temas relativamente parecidos, e letras que precisam tomar um pouco mais de atenção, diferente das letras do primeiro EP. Quando gravamos, queríamos que fosse uma pequena experiência para o público, em que você entra em um universo, que tem uma faixa que faz você mergulhar um pouco mais naquilo e depois deságua”. Com relação a um novo EP, Leonardo e Rodrigo revelaram ao BN que a banda já está trabalhando para isso. Eles falaram que já possuem alguns materiais, mas ainda não sabem o que vão escolher. 

 

Diversos artistas baianos saíram de Salvador para tentar expandir mais suas carreiras, como a banda Maglore, Luedji Luna e Vivendo do Ócio. Questionados sobre essa possível mudança, Leonardo explicou que o grupo "nunca planejou isso", mas que tudo depende do momento em que a banda se encontrar e que eles precisam ser "maleáveis" sobre essas escolhas. 

 

“De certa forma São Paulo ainda é o lugar, ir pra lá quer dizer que você cresceu. Baco (Exu dos Blues) foi pra lá e está no topo. Para as bandas que foram pra lá, mesmo sem ter demanda de ir pra lá, de certa forma é uma melhora, porque lá tem uma vida noturna constante, aqui você não enche um lugar em uma terça-feira. Tocar em Salvador, se você comparar com São Paulo, é mais difícil, porque uma casa do tamanho do Irish Pub, Portela Café, enche em São Paulo. Pelo o que eu ouvi falar, sexta e sábado é garantido que vai encher e o movimento de uma quarta-feira lá é parecido com o de uma sexta aqui, em números absolutos. Talvez a gente enxergue a necessidade de ir, mas se as coisas prosperarem por aqui, seria muito legal ficar aqui porque é nosso lugar, onde a gente nasceu. Aqui, se você parar para analisar, é o melhor exportador de arte do Brasil”, disse o vocalista. 

 

“Tudo que o Sudeste consome de realmente bom, de fantástico, é daqui. O Sudeste está consumindo muito um artista que é um rapper baiano. Um dos maiores movimentos culturais do Brasil, que teve sua expressão no Sudeste, tinha como principais artistas baianos, que eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa... Antes dele teve João Gilberto, depois Novos Baianos. O Nordeste, e em especial a Bahia, eu acredito que seja o lugar de maior efusividade criativa. Só que não tem como dar suporte e estrutura para manter aqui e fazer crescer aqui e o epicentro ser aqui. A gente fica como exportador”, finalizou Leonardo.