Estrela de musical sobre JK avalia que Brasil 'ainda não é nação': 'Está na contramão'
Por Ailma Teixeira
Com sessão única em Salvador, a cantora mineira Glaucia Nasser apresenta o musical "JK Um reencontro com o Brasil", obra da Fundação Brasil Meu Amor, da qual é cofundadora. O espetáculo, que visa contar a trajetória do país no século XX e também a vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek, será apresentado às 20h desta sexta-feira (28), no Teatro Isba.
Para Glaucia, o que dá a esse musical maior relevância é o fato de que o Brasil desconhece a sua história. "Você vai nas escolas falar de JK, ninguém sabe, por exemplo, que a gente construiu uma capital em três anos. Do meio do nada. Se a gente pensar nessa façanha, como ela foi uma grande façanha... Os norte-americanos também construíram sua capital, mas eles levaram quase 100 anos", compara a artista.
Presidente do Brasil de 1956 a 1961, Kubitschek assumiu o Executivo federal pelo Partido Social Democrático. Seu maior feito durante o mandato foi a construção de Brasília para ser a nova capital do país, substituindo o Rio de Janeiro. Morto em 1961, ele agora terá sua história contada através de canções compostas por Glaucia e outros artistas nacionais.
A cantora reconhece que a população brasileira tem feitos para se orgulhar, mas por falta de conhecimento não consegue se organizar para a construção de um futuro melhor. De acordo com ela, foi justamente isso que motivou a fundação a produzir o espetáculo, com ingressos a R$ 2, cujo intuito é lembrar ao público que o país já teve um objetivo comum e conseguiu fazer transformações positivas a partir dele.
"Você pode observar que nas grandes nações do mundo, principalmente do primeiro mundo, se dá muito valor à memória. Se você pegar a França, como exemplo, Paris, você vê a história nas paredes de Paris, nas ruas da cidade, nos museus... Todo país que se tornou uma nação, a primeira coisa que ele fez foi dar o valor ao passado, às glórias que foram obtidas no passado e aos seus heróis. O Brasil está na contramão, então às vezes a gente acha que não conseguiu chegar onde a gente deveria como nação, aliás, a gente nem pode dizer que o Brasil ainda é uma nação", critica a cantora.
Usando a denominação do filósofo francês Ernest Renan de que uma nação é “uma alma, um princípio espiritual”, ela afirma que para ser considerado nação, o país precisa antes reconhecer essas “glórias do passado”, conquistadas conjuntamente, para voltar a se unir em torno de um bem comum e, então, repetir esses triunfos.
No cenário atual do país, por exemplo, protestos a favor de uma nova intervenção militar tomaram as ruas (veja aqui e aqui). O Brasil enfrentou um golpe militar em 1964, que se estendeu por 20 anos de ditadura com registros de perseguição política, morte e tortura àqueles que se rebelavam contra o regime ditatorial.
SERVIÇO
O QUÊ: Musical ‘JK Um reencontro com o Brasil’
QUEM: Glaucia Nasser
QUANDO: 28 de setembro, às 20h
ONDE: Teatro Isba - Av. Oceânica, 2717, Ondina
QUANTO: R$ 2