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Marca Bahia Notícias

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Curador da ‘Queermuseu’ diz que democracia está ameaçada: ‘A gente já vive outro Brasil’

Curador da ‘Queermuseu’ diz que democracia está ameaçada: ‘A gente já vive outro Brasil’
Foto: Tanam Hennicka / Divulgação

De passagem por Salvador para participar do Simpósio Internacional Arte na Educação Básica, que aconteceu no início desta semana, na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, Gaudêncio Fidelis, curador da “Queermuseu”, viu sua rotina mudar drasticamente após a exposição ser acusada de incitar pedofilia e zoofilia. Ao Bahia Notícias, ele contou que soube do fechamento da mostra por mensagem de WhatsApp de um amigo, após as denúncias do MBL, e revelou que já deu mais de 150 entrevistas sobre o tema. “Eu li o texto e fiquei absolutamente em choque. Inclusive eu li duas vezes para ver se realmente o que eu estava lendo era verdade, mas eu não tive mais que cinco minutos para me recuperar da profunda tristeza que se abateu sobre mim, porque imediatamente recebi inúmeras ligações, que nunca mais pararam, da imprensa me procurando para colaborar nesse esclarecimento”, lembra. Gaudêncio, que foi convocado para comparecer à CPI dos Maus Tratos, no Senado, por meio de condução coercitiva, avalia que as reações da extrema direita e de “setores obscurantistas”, não significam simplesmente o fechamento de uma exposição, “mas um processo que já se iniciava de maneira muito forte, que é a criminalização da produção artística e dos artistas”. Ele, que é doutor em História da Arte, pela Universidade do Estado de Nova York, acredita que as investidas contra a “Queermuseu” se configuram em censura, por construir uma situação para que as pessoas se sintam constrangidas e não tenham acesso ao conhecimento através da arte. Apesar de afirmar que no momento é preciso estar alerta para compreender e combater a “engenharia de forças obscurantistas”, o processo de censura em si, as ameaças contra a liberdade de expressão e a democracia, além do crescimento do fundamentalismo, Gaudêncio consegue enxergar também um contraponto mais otimista. “A gente não pode celebrar a tragédia, eu tenho dito isso também, mas eu acho que é o momento que a gente tem que olhar as coisas em sua perspectiva. O debate se reabriu a partir do fechamento da exposição, ele não será fechado. Eu tenho sido em grande parte protagonista desse processo, infelizmente ou felizmente, até porque o Santander se recusou a falar sobre o assunto. Mas eu acho que é uma discussão de uma parcela muito considerável da população brasileira e que não será interrompida”, avalia. Confira a entrevista completa na coluna Cultura.