
Um bom ponto de encontro do pessoal de Jornalismo e também de outros cursos, na década de 70, era a Taba dos Orixás, um improvisado bar que nasceu no Vale do Canela e que virou “point”. Havia também o Avalanche, bar que ficava na rua Araújo Pinho e onde ocorreu um fato inusitado com uma atriz do teatro baiano. Ela estava numa mesa com uma amiga e um gaiato encostou perguntando se podia sentar. Elas disseram não e ele retornou à mesa dele, onde ingeriu mais doses que lhe deram coragem de repetir a abordagem: “Posso sentar?”. “Pode”, respondeu a atriz sorrindo. E ele sentou, cantando de galo. Mas qual não foi a surpresa quando a atriz disparou: “Olha, cara, eu vou sentar no seu colo agora e se seu pau não subir você vai ter que sair da mesa, tá legal?”. Ela nem esperou a resposta e aboletou-se no colo do cara, a torcida das mesas vizinhas começou a gritar e ele, envergonhado e com cara de besta, perdeu a aposta e retirou-se correndo.
Outro caso de abordagem infeliz aconteceu com minha amiga L. , o que tem de bonita tem de desaforada. Uma vez, ela sentou num barzinho e pediu um chope e algo para comer. Com menos de cinco minutos já encostou um cara: “Posso sentar?” “Não, disse ela”. Daqui a pouco lá vem o segundo cara, a mesma recusa. Quando o terceiro pretendente encostou na mesa L. se levantou e gritou para os quatro cantos: “Que porra é essa? Será que uma mulher não pode entrar sozinha na porra de um bar e tomar a porra de um chope sem ser incomodada o tempo todo?” E aí bebeu e comeu em paz.
A cantina da Escola de Biblioteconomia e Comunicação da UFBA, que abrigava o curso de Jornalismo na década de 70, era um bom lugar de samba e cerveja, principalmente na sexta-feira. Uma tarde, quem apareceu lá foi Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil), dos Novos Baianos, com um retrovisor de Fusca na testa. Um colega perguntou: “Baby, pra que é esse espelho na testa?” E ela respondeu: “É pra pessoas verem refletida sua própria consciência”.
Não se pode esquecer do Bar Quintal (vizinho ao Passeio Público, grande reduto da esquerda, principalmente entre 1979 e 1994), que já merece o segundo livro, porque o primeiro foi lançado em 2015: “Memórias do Bar Quintal do Raso da Catarina”, de Sérgio Guerra, Gutemberg Guerra, Clara Arcela e Paulo Roberto Bonfim.
Diz no livro o professor Sérgio Guerra sobre os frequentadores do Quintal: “Curiosamente, esta confraria, etílica e noturna, conseguia agregar os mais variados segmentos da esquerda e negava o axioma de que “a esquerda só se reunia na cadeia”, pois independente das polarizações eventuais, eleitorais e/ou sindicais, a noite acolhia a todos e o álcool embriagava igualitariamente”.
No Quintal, além da cerveja bebia-se o “chope ao forno” e o “Príncipe Maluco”, uma dose de cachaça pura acompanhada por uma banda de limão melada na canela em pó. Você dava um trago na pinga e mordia a banda do limão temperada. O melhor tira-gosto era jabá com farofa d’água.
O artista plástico Ângelo Roberto (já falecido), um dos mais assíduos frequentadores do Quintal, descobriu que dentro do Cemitério Jardim da Saudade tinha um bar que ficava aberto dia e noite e passou a frequentá-lo, principalmente porque, segundo ele, “possuía uma vizinhança extremamente educada, respeitosa, silenciosa e que nunca reclamava de nada”, conta Sérgio Guerra no livro e acrescenta: “Por esta razão, quando todos os bares da cidade fechavam as portas, AR se deslocava para o Jardim da Saudade e lá tomava todas até que o dia amanhecido lhe devolvesse, enfim, os bares novamente abertos”.
O Bar Colon, que acho estar até hoje no Forte São Pedro, era outro reduto de professores, artistas e jornalistas. Vizinho ao Colon havia uma funerária, onde uma vez um poeta baiano entrou, recém-saído do Colon e já “travado”, e comprou o caixão mais luxuoso que havia. Dias depois, já em nova farra e com pouco dinheiro, voltou à funerária e pediu um caixão um pouco mais simples, recebendo a diferença em dinheiro. E foi assim, sempre trocando de caixão para conseguir tomar uma, até chegar ao mais barato, desprovido de qualquer enfeite.
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