Arquitetando: O adeus ao design disruptivo de Fernando Campana
Do inusitado à sobreposição de materiais nunca utilizados no design de mobiliário. O que poderia ser uma simples produção, virou arte nas mãos de Humberto e Fernando Campana, irmãos que fundaram juntos o Estúdio Campana.
Fernando e Humberto Campana (Foto Bob Wofenson)
A dupla trabalhou por 38 anos até essa última quarta-feira (16), quando o mundo se despediu de Fernando que, aos 61 anos, deixou uma lacuna no design brasileiro.
Fernando era arquiteto e urbanista e atuava ao lado do irmão, formado em Direito. Foi assim que construíram uma trajetória baseada na criação disruptiva, pautada na utilização de fibras naturais, tecidos, cordas, bambu e até pelúcia.
Nas mãos dos irmãos Campana essas matérias primas se tornaram nobres e únicas. Não é à toa que estão entre os poucos brasileiros a terem peças permanentes em museus renomados, como o Centre Pompidou e Musée Des Arts Décoratifs (Paris), MoMa (Nova York), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Vitra Design Museum (Weil am Rhein).
Mas foi com as poltronas “Vermelha” e “Favela” que conquistaram fama internacional, assinando posteriormente collabs com diversas grifes famosas, a exemplo da Edra, Louis Vuitton, Melissa, Paola Lenti e Lasvit.
Recentemente, lançaram a “Polifonia Campana”, a primeira exposição dos irmãos que, finalmente, apresentaram sua obra como arte. Isto é, na verdade, o que sempre foi: a prova cabal de que o bom design convive junto e em total harmonia com a expressão artística, formando uma escalada tênue e multidisciplinar.
Para os que ficam neste mundo, resta admirar e exaltar a criatividade de um arquiteto artista que deixou um legado lindo e que tem a cara do Brasil.