Blog do Preto quer falar com os homens sobre obesidade enquanto patologia (grave)!
Não sei se todos sabem, mas trabalho como RP e precisei fazer uma visita na Clínica da Obesidade para um job. Lá no espaço, fiquei chocado como a ficou claro que a obesidade é uma doença crônica e assim deve ser tratada tanto por pessoas que vivem com a patologia quanto pelos profissionais de saúde - e eu serei um deles em breve.
Pensando nisso, resolvi escrever sobre o fato dA obesidade ultrapassar o simples incômodo estético de “não caber na roupa e sim ser escolhido pela roupa que cabe”, como certa vez ouviu de uma paciente a Dra. Dandara Reis, endocrinologista da Clínica da obesidade e endocrinologista clínica e hospitalar no Hospitais São Rafael e Santa Isabel.
Segundo a médica, “ter obesidade significa ter maior chance de desenvolver problemas orgânicos como diabetes, hipertensão, colesterol e triglicérides elevados, mas também de ter desfechos mais graves, como infarto”.
A profissional, que também é Mestre em Saúde Coletiva e professora do internato de clínica médica e saúde da família da UNEB, alerta para algo não menos importante: o excesso de peso está relacionado a comprometimento ortopédico, com queixa de dor passando a permear a vida desses indivíduos e DM algumas situações levando à incapacidade para realização de tarefas simples, como sentar e levantar da cadeira.
Mas se isso fosse tudo. A obesidade também está relacionada ao adoecimento psicológico que muitas vezes é minimizado, mas que afeta tanto a vida desses indivíduos. Em trabalho desenvolvido pela Dra Dandara, em colaboração com grupo do IEDE (Rio de Janeiro), entre 307 indivíduos com IMC >30kg/m2, encontramos prevalência de, pelo menos, um transtorno psiquiátrico de 60,9% e 32,6% possuía mais de um diagnóstico psiquiátrico. O diagnóstico mais prevalente foi o TCA (transtorno de compulsão alimentar) (25,4%), seguido pelo transtorno de ansiedade (16,3%), depressão (16%), fobias (14,6%).
Se você segue ainda lendo este texto, provavelmente está se perguntando: e como é possível tratar ou lidar com essa doença chamada obesidade? Será que eu tenho obesidade? E como eu posso fazer para prevenir a obesidade?
Comece pelo mais fácil. Descubra se você a tem. Para isso, pegue a calculadora e faça a seguinte conta:
Peso : (altura x altura).
Se o valor for igual ou maior que 30, você já tem obesidade. Caso o valor esteja entre 25-29,9, você já tem uma condição chamada sobrepeso e precisa ficar atento, afinal está caminhado para obesidade.
E para tratar é preciso lembrar que o acompanhamento multidisciplinar é fundamental e a equipe mínima deve ser formada por um endocrinologista, nutricionista e educador físico. Entretanto, muitas vezes vamos precisar do apoio do psicólogo e psiquiatra (às vezes apenas temporariamente).
O mais importante, porém, neste e em qualquer tratamento, é o próprio indivíduo. Doenças crônicas exigem que a gente pense que dias bons vão existir e que a gente não pode esquecer deles só por causa dos dias que não serão tão bons. Assim, a regra é balançar o esqueleto e, no tocante aos alimentos, descascar mais e desembalar menos. E sempre lembrar que, depois de “enfiar o pé na jaca” um dia, sempre podemos e devemos voltar a nossa rotina.
Por último, prevenir a obesidade vale para todos. Alimentação saudável faz bem e não tem efeito colateral e muito menos contraindicação. Prática regular de atividade física (buscar a avaliação do cardiologia antes pode ser necessário em alguns casos) faz bem ao corpo e a alma. E ainda te faz dormir melhor. E, se você tem familiares acima do peso, ter um endocrinologista para chamar de seu médico é uma boa opção também.
Segundo a médica, existem três linhas de de tratamento da obesidade, que são mais utilizados, além de tudo o que você já leu aqui. São eles:
- uso de medicamentos para obesidade. Que sempre devem ser acompanhados por um médico e avaliados manutenção, efeitos colaterais, associação com outros medicamentos que o paciente já usa assim como efetividade. E cuidado com os remédios que se dizem naturais.
Ser natural não significa não ter efeitos colaterais. Então busque um endocrinologista para te auxiliar. Ele será o melhor profissional para isso.
- Cirurgia bariátrica é uma opção. Entretanto devemos atentar que é um procedimento mais invasivo com os riscos de uma cirurgia. Além disso ele deve ser feito juntamente com o acompanhamento multidisciplinar antes, durante e após o procedimento. Seus efeitos não são duradouros se as escolhas não mudarem.
- Tratamento no formato de internamento. É um formato presente no Brasil e em alguns centros na Europa. Ele geralmente é dividida em uma fase intensiva de perda de peso com dietas de baixa e muito baixa caloria e quantidade de carboidratos (também conhecida como dieta LOW carb). Fornecem resultados de perda de peso que podem ser semelhantes a cirurgia bariátrica e devem ser acompanhados por equipe multidisciplinar. Na segunda fase existe um seguimento do indivíduo visando garantir a manutenção do peso perdido e mesmo apoiar o paciente na transição para a fase de manutenção ambulatorial do peso. Está é uma ferramenta muito importante e que não tem contra indicações. Podendo ser usada por pessoas com obesidade que tem contra indicação as duas opções terapêuticas anteriores ou que não as deseja. Além disso ela é uma opção para pessoas que já tentaram outras opções de tratamento e tiveram reganho de peso ou mesmo para super obesos que não podem fazer a cirurgia e precisam perder peso para fazer a bariátrica. Uma outra opção ótima é para aqueles indivíduos que está acima do peso e não se enquadram nos tratamentos anteriores mas entendem a importância de prevenir a obesidade e podem usar o tratamento como forma segura para redução de peso.
Assim, pense bem antes de olhar para alguém e dizer: ele (a) tem um rostinho lindo! Se emagrecesse…
Agradecimento;
Clínica da Obesidade que cedeu, gentilmente, a profissional para esse post.