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Fala, Albuca!: Por que a Monalisa é tão famosa?

Por Beatriz Albuca - @albuquerquebeatriz

Fala, Albuca!: Por que a Monalisa é tão famosa?
Foto: Leonardo da Vinci, La Joconde, 1503-1506, Museu do Louvre.

Pintada não em uma tela comum, mas em um painel de madeira, a “Monalisa”, também chamada de “Gioconda”, é provavelmente a obra de arte mais conhecida do mundo e são diversos acontecimentos que, combinados, criaram a fascinação em torno desse quadro. 

 

Leonardo da Vinci teria começado sua produção em 1500, levando alguns anos para terminá-la, apresentando uso de técnicas inovadoras e fundamentais para o desenvolvimento do Renascimento. A principal dentre elas: o Sfumato. A técnica que consiste em criar contrastes bem equilibrados entre luz e sombra, não foi inventada por Da Vinci mas foi ele quem a aperfeiçoou. O resultado é esse traço esfumaçado da pintura, que permite o equilíbrio entre cores e formas, a separação entre mulher e paisagem é feita sem uma linha aparente desenhada, apenas com a escolha de proporcionar mais nitidez sobre ela do que sobre a paisagem. Nessa técnica esfumada, a ondulação dos cabelos se mistura com o movimento do rio. É também graças ao sfumato que temos essa impressão de que a imagem se move e que seu olhar nos acompanha.

 

O objetivo de Leonardo: a harmonia entre ser humano e natureza.

 

Da Vinci sempre foi um observador da natureza e deixou em seus cadernos muitos registros importantes para posterioridade. Tamanha obsessão pelo funcionamento do corpo humano permitiu a representação do enigmático rosto da Monalisa. 

 

Até hoje seu sorriso é uma incógnita. A impressão é que ela sorri, contudo se observarmos somente os detalhes da boca veremos que, na verdade, ela está inclinada para baixo, como numa expressão de tristeza. Já foram feitos muitos estudos com auxílio de sistemas de computação que reconhecem as emoções através da análise das expressões humanas e alguns resultados podem até indicar medo ou angústia, mas a grande maioria resulta em emoções derivadas da felicidade.

 

Apesar da grandeza da obra italiana, não é em razão da sua qualidade artística que ela recebeu toda a fama. Em 1911, um italiano que já havia trabalhado no Louvre conseguiu roubar o quadro e sair pela porta da frente do museu. Até então a tela não era tão conhecida, visto que só foram notar sua ausência no dia seguinte. 

 

Vincenzo Peruggia não preciso de muita preparação para o feito: na época, o sistema de segurança do Louvre e da Monalisa não era tão desenvolvido quanto é hoje, e teria sido o proprio Vincenzo o responsável pela instalação da porta de vidro que protegia a obra de Leonardo Da Vinci. Uma curiosidade é que a maioria dos visitantes do Louvre hoje ficam decepcionados com o tamanho da tela (53cm x 77cm), mas foi justamente seu tamanho que incentivou Vincenzo a roubá-la: ele afirmou que simplesmente retirou a obra de onde ela estava pendurada, escondeu sob o uniforme e saiu pela porta da frente do Museu do Louvre. Não se sabe ao certo suas motivações, mas Vicenzo alegou razões patriotas, alegando que Napoleão teria roubado o quadro da Itália, o que é mentira, visto que a França comprou a Monalisa. Finalmente, por dois anos o quadro ficou desaparecido e só foi possível reencontrá-lo quando Vincenzo tentou vendê-lo para um colecionador.

 

Na época, o poeta Guillaume Apollinaire chegou a ser preso por uma semana e Pablo Picasso apontado como suspeito. Multidões passaram à ir ao museu para ver o espaço vazio onde a Gioconda costumava ficar e escritores começaram a inventar historias sobre o quadro. Foi então a repercussão midiática do caso que tornou a tela uma celebridade tal qual conhecemos hoje. Uso o termo celebridade porque foi exatamente o mesmo processo de criação de uma celebridade ou de uma “star hollywoodiana”: a fama vem da repercução midiática de algum fator que está em paralelo ao fator artístico e fora do plano pictural do quadro no caso da Gioconda. 

 

Em resumo, apesar de ser uma obra prima e atingir um padrão excelência, não foi sua qualidade artística que impulsionou sua fama mas sim fatores externos, um fenômeno bastante comum hoje em dia no processo de culto às celebridades.