Por uma esquerda 4.0 em 2018
Mais de 10 candidatos a presidente da República e nenhum projeto nacional.
Mesmo no campo da esquerda nenhuma das candidaturas coloca a inovação como um eixo autônomo. Nem a economia econômica criativa como estratégia.
Apesar disso estamos avançando.
No campo da esquerda, além da candidatura de Lula do PT, do centro-esquerda para a esquerda, já temos três candidaturas, a de Ciro Gomes do PDT, a de Manuela do PCdoB e a de Guilherme Boulos do PSOL. Não incluo Marina Silva porque ela mesma faz questão de afirmar que está longe da histórica e clássica divisão esquerda-direita.
Cada uma das candidaturas de esquerda com uma marca, uma história e algumas características próprias e enriquecedoras da vida política.
Até agora Ciro Gomes é quem mais tem avançado com algumas ideias mais precisas, principalmente sobre a predominância do capital financeiro rentista no conjunto da economia, primeiro grande obstáculo que qualquer estratégia de desenvolvimento teria que superar. Entretanto sua tentativa de atrair o DEM e o centrão, podem transformar essa tese em mera demagogia pre-eleitoral.
Mas tanto Ciro, como os outros abordam a inovação tecnológica exclusivamente como parte da reindustrialização. E não como eixo estratégico de desenvolvimento.
A candidatura de Ciro poderia ser a comprovação de que existe vida inteligente e esperança na esquerda fora do PT, o que seria bom para o próprio PT. Com o DEM na jogada isso fica difícil.
Tudo indica que na atual etapa, todas as candidaturas, inclusive a de Lula, se mantenham e procurem crescer. Exponham seus programas e suas alianças preferenciais. Se não houver a ameaça de que cheguem ao segundo turno duas candidaturas de direita e extrema-direita, é possível que uma eventual unidade só venha a ocorrer no segundo turno. Seria, a meu ver, o ideal.
O PSB está diante de duas opções, depois da desistência de Joaquim Barbosa: a primeira, não apoiar formalmente ninguém ou, a segunda, optar por uma das candidaturas do campo progressista. O apoio a uma candidatura fora desse campo já foi descartada em resolução do seu órgão máximo, XIV Congresso Nacional.
Se decidir pelo apoio a uma das candidaturas do campo progressista, certamente o fará mediante uma negociação programática onde se incluam, como eixo autônomo, a inovação e a economia criativa como estratégia de desenvolvimento. As novas cadeias de valor mundiais hoje se baseiam em ativos intangíveis e um verdadeiro projeto nacional não pode desconhecer isso. É, também, uma das nossas contribuições para a formação de uma esquerda 4.0.
* Domingos Leonelli é presidente do Instituto Pensar e filiado ao PSB
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