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A verdade na venda do Fazendão

Por Murilo Jacques Barbosa e Fernando Passos

A verdade na venda do Fazendão
Foto: Acervo pessoal

Emoção e sentimento sempre  estarão presentes em tudo que o Esporte Clube Bahia faz. Até na venda do Fazendão, palco de muitas conquistas e glorias. Mas sempre tem o lado negativo que são as dívidas trabalhistas milionárias contraídas irresponsavelmente nas gestões anteriores à democracia e que engolem somas enormes de dinheiro mensalmente. Por tudo isso, mesmo doendo o coração precisamos vender o Fazendão.

 

O presidente do clube, em reunião do Conselho Deliberativo, afirmou que não há urgência na venda pois o Bahia não está dependendo desses recursos para quitação de compromissos imediatos. Ainda bem, pois a proposta apresentada, ainda que o valor esteja coerente com valores de mercado, tem muitos problemas que não atendem aos interesses do nosso Bahia.

 

Sobre os detalhes da proposta, a primeira é o valor de R$ 22 milhões que está, de fato, alinhada às avaliações de mercado realizadas por profissionais da área. O destaque neste quesito seria a forma de pagamento, que chama a atenção pelo extenso prazo e parcelamento, com a entrada de R$ 8,8 milhões em 18 parcelas e o saldo de 13,2 milhões em 12 parcelas com início em 24 meses após a due diligence, ou seja, após a aprovação de todas as licenças, estudos e autorizações. Mesmo corrigido pelo INCC, é um prazo muito extenso para o negócio.  

 

Em relação aos riscos, um destaque importante é que caso haja impossibilidade de qualquer natureza, como por exemplo a não concessão de licenças para a construção, o Esporte Clube Bahia arcaria com o risco e devolveria o valor integralmente para a construtora, sem qualquer multa incidente. O risco é todo do Esporte Clube Bahia e esta parte precisa ser revista. 

 

Também vale destacar que neste tipo de negócio imobiliário há uma prática comum de mercado chamada permuta financeira, na qual o dono do terreno tem um percentual de toda a receita do empreendimento, o que é vantajoso tanto para o vendedor, que recebe um percentual que gira em torno de 8% a 15% da receita total, e para o comprador, que vincula o pagamento ao recebimento e ao sucesso do negócio. Houve questionamento durante a reunião do Conselho Deliberativo ao presidente Bellintani sobre tal modalidade e o mesmo afirmou que usou desta prática em um terreno pessoal, e que o agradou muito, sendo uma possibilidade para o Fazendão. Mas não há nada nesta proposta em votação com tal modalidade, ou seja, há ainda muito o que se discutir antes da aprovação. 

 

A venda do Fazendão é necessária, não há porque ser contrário a tal demanda. Todavia, um patrimônio não pode ser desfeito às pressas. Os moldes da proposta atual não atendem a necessidade do Esporte Clube Bahia, além de 100% do risco ser do Clube. Assim, é imperativa a avaliação de outras propostas ou revisão ampla da proposta atual.

 

*Murilo Jacques Barbosa, conselheiro do EC Bahia, e Fernando Passos, sócio do EC Bahia

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias