Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Artigo

Artigo

O potencial do 'ecoenoagroturismo' da Chapada

Por Luciano Ribeiro

O potencial do 'ecoenoagroturismo' da Chapada
Foto: Divulgação

Para muita gente, a Chapada Diamantina é sinônimo de paisagens encantadoras, com cachoeiras de poço escuro que convidam a banhos frios após trilhas para todos os fôlegos. É verdade, mas essa região é rica não apenas por conta da natureza que a abraça, mas também pela economia agrária pujante, que convive bem com o meio ambiente, além da produção de vinho e cachaça de qualidade, que geram empregos e renda para milhares de famílias.

 

São atividades que ainda têm um potencial enorme de crescimento – basta um empurrãozinho do Estado – e, de quebra, ajudam a atrair um perfil variado de visitantes à Chapada, seja aquele que gosta dos atrativos naturais, o vinho ou o chamado turismo rural. Estamos falando do “ecoenoagroturismo”, que ganha força em municípios como Mucugê, Ibicoara, Barra da Estiva, Abaíra e Piatã, cidades que tive o prazer de visitar ao lado do presidente nacional do Democratas, ACM Neto, no projeto “Pela Bahia”.

 

Mucugê, por exemplo, não se destaca apenas por concentrar mais da metade dos 152 mil hectares do Parque Nacional da Chapada Diamantina. O município que no passado deu início à exploração de diamante na região hoje orgulha o agro baiano como um dos maiores produtores de batata-inglesa do país, terreno em que a vizinha Ibicoara, onde está a imperdível cachoeira do Buracão, também se destaca.

 

Mas Mucugê e Ibicoara têm mais em comum: ambas pretendem conquistar cada vez mais o paladar de quem gosta de um bom vinho. Na divisa entre os dois municípios, na Serra do Sincorá, a Fazenda Progresso começou, em 2012, a plantar videiras experimentais em uma área de dois hectares. Atualmente, já são quase 50 hectares com uvas plantadas para a produção da bebida.

 

Na mesma fazenda se produz, além da batata-inglesa (15 mil sacas por dia) e da uva, tomate, alho, feijão, milho e soja. São, no total, 13 mil hectares plantados e 2,2 mil trabalhadores empregados. Mas se o governo do estado colaborasse, sobretudo investido na melhoria das estradas para o escoamento da produção e em telecomunicações para o incremento dos negócios, o cenário seria ainda vantajoso.

 

Durante a visita de dois dias à Chapada, também visitamos fazendas e cooperativas em Barra da Estiva, Abaíra e Piatã. Barra da Estiva, onde nasce o Rio Paraguaçu, ajudou a fazer da produção de morango o segmento agrícola de maior expansão nos últimos anos na Bahia, com o crescimento de 5.375% em pouco mais de uma década. Trata-se de um ramo que gera milhões de reais anualmente para famílias que vivem e dependem do campo, que mereceriam um investimento maior do estado em cursos qualificação técnica, outra demanda da região.

 

Em Abaíra, que clama pelo asfaltamento da rodovia estadual que liga o município a Mucugê, a produção artesanal de cachaça precisa voltar a receber a atenção do governo baiano, como acontecia na gestão de Paulo Souto, que nos acompanhou na viagem. Hoje, produtores não se sentem mais estimulados a atuar cooperativados e muitos, sem incentivos, trabalham na clandestinidade, sem as condições adequadas, apesar dos esforços locais em prol do segmento feitos pelo prefeito Edval Luz Silva, mais conhecido como Diga.

 

A última cidade visitada no périplo à Chapada foi a fria e charmosa Piatã, onde tivemos a oportunidade de dialogar com produtores de café gourmet. Vale lembrar que a colonização da região, antes do advento do ouro e do diamante, começou justamente com a criação de gado e a produção de café, além da presença dos quilombolas. Hoje, parte do café da região, que já virou atração turística há um bom tempo e recebeu prêmios e selos internacionais, é exportado até para o consumo do Papa no Vaticano.

 

Como se nota, a realidade econômica dessa região da Bahia tem um potencial enorme ainda a ser explorado, principalmente se houver uma parceria entre o poder público e o setor privado, o que ainda falta para o boom do “ecoenoagroturismo”. É um caminho que deve ser percorrido para o bem do futuro não só Chapada Diamantina, mas de todo o estado.

 

*Luciano Ribeiro é ex-deputado estadual

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias