É inadmissível a agressão dirigida aos Nordestinos
Logo após o primeiro turno das eleições, tenho recebido de colegas mensagens horríveis sobre os Nordestinos.
Algumas mensagens têm conteúdo jocoso, outras se enquadram facilmente em crime de injúria racial e outros tantos desqualificam sutilmente quem nasceu nesta região do país, principalmente na Bahia.
Diante destes lamentáveis ataques, precisamos deixar alguns pontos claros:
1. O eixo do poder no Brasil nos esqueceu por séculos, desde o fim do ciclo da cana de açúcar.
2. Fomos subjugados e condenados como exportadores de mão-de-obra barata para o desenvolvimento do Sudeste e até para a indústria da Borracha na Amazônia.
3. Mais recentemente para o agronegócio como boias frias.
4. Os livros de história pouco falam da Revolução Pernambucana e da Revolução dos Alfaiates. Esta última, um massacre racista que assassinou, por traição, muitos negros, pobres, que lutavam por direitos e cidadania.
5. O 2 de Julho, verdadeira independência do Brasil, quando sangue de negros e caboclos rolou em defesa da pátria, parece menos conhecida do que a revolução Farroupilha.
Alguém já viu série de TV sobre o 2 de julho? Já viu filme? Nada.
Agora, não podemos aceitar essa campanha de desqualificação do Nordeste e, sobretudo, do nordestino pobre. Não é justa e nem justificada.
O Nordeste se sentiu representado pela primeira vez no governo do PT. Isso é fato.
O desenvolvimento nordestino nunca foi tão grande como no governo Lula. É fato.
As verbas de pesquisa da Capes, Finep e CNPq nunca foram tão acessíveis aos nordestinos. É fato.
Será que isso não conta? É só o bolsa família?
Indivíduos pouco informados, pouco inteligentes e/ou adoecidos por ideologias nazifascistas costumam ter esse tipo repugnante de reação quando têm os seus desejos contrariados.
Não estou defendendo voto no PT porque não defendo o modelo corrupto que o PT aceitou para governar. Não aceito a desfaçatez de alguns dirigentes do PT, pondero veementemente que é preciso ter juízo crítico quando falamos e quando aceitamos avaliações superficiais de conteúdo racista que defendem a supremacia de raças.
Na Alemanha de 1933 ecoavam comentários asquerosos como esse, só que o alvo eram os judeus, ciganos e pessoas diferentes do padrão ariano.
Nunca permitiremos que esta lúgubre fase da humanidade se repita no Brasil.
Vamos deixar isso claro!
Esse tipo de comportamento é criminoso e permeia a mente de perigosos psicopatas.
Reajam a esse tipo de pessoa desprovida de preceitos humanísticos básicos.
São bárbaros e muito IGNORANTES.
* Raymundo Paraná é professor titular de Gastro-Hepatologia da UFBA e membro da Academia de Medicina da Bahia
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