Dependência química faz pessoas se internarem durante o Carnaval para fugir de excessos
Por Renata Farias
Além de um período de muita música e curtição, o carnaval também é conhecido pelo uso excessivo de drogas lícitas ou ilícitas. Por conta disso, a festa acaba se tornando um problema para pessoas que tentam se livrar da dependência química. Na tentativa de fugir de uma possível recaída, alguns dependentes se internam voluntariamente em clínicas de tratamento. "Ano passado eu me internei por prevenção. Sou dependente químico de múltiplas substâncias. No carnaval, por ser uma festa muito agitada, na qual Salvador se modifica muito, optei por ficar em uma clínica", contou um paciente que preferiu não se identificar. Em 2016, ele temia uma recaída no período momesco, principalmente por não contar com o apoio da família. "Minha esposa me abandonou e minha família também por causa do abuso de drogas. Nem eu estava conseguindo conviver comigo mesmo, imagine eles", comentou. Neste ano, o paciente decidiu não se internar por estar mais confiante e ter novamente o apoio dos familiares. Para Tamara Grimaldi, coordenadora do serviço de internamento da Clínica Fênix, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o mais importante é mostrar que não é necessário se privar da diversão, mas aprender que o uso de drogas não é necessário. "A gente sabe que o carnaval é um momento de excessos, em que as pessoas exacerbam todas as emoções e acabam vivenciando isso de forma desmedida. A gente propõe um novo pensar sobre como experimentar tudo de uma forma mais inteligente, mais saudável. A gente entra nesse viés de perceber que a prevenção vem primeiro. A proposta não é fazer com que as pessoas deixem de se divertir, mas que tenham uma relação muito mais saudável e proveitosa", explicou, ao ressaltar que o carnaval é um período comum para recaídas. Para o paciente em recuperação, o mais importante é admitir a necessidade de ajuda e buscar por ela.