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Psiquiatra questiona abstinência em tratamento de alcoolismo e critica AA

Psiquiatra questiona abstinência em tratamento de alcoolismo e critica AA
Foto: Marcos Sanros/USP
Um dos principais passos do Alcoólicos Anônimos (AA) para o tratamento do alcoolismo é não dar o primeiro gole. Mas para o psiquiatra Lance Dodes, diretor da unidade de abuso de substâncias de um hospital ligado a Harvard, o método de 12 passos da irmandade é falho, inclusive a parte da abstinência. Dodes, que acaba de lançar um livro sobre o assunto, defende que  a recaída integra a recuperação e deve ser vista sem julgamentos.
 
"O foco deveria ser a compreensão das emoções que levam ao primeiro gole. No AA, se há a recaída, é o paciente que não seguiu o método. A irmandade nunca falha", afirmou à Folha. O psiquiatra acredita, ainda, que o alcoolismo não devia ser tratado como uma doença, mas como um sintoma de compulsão. "Não faz sentido falar para um compulsivo por comida parar de comer. Sei que não precisamos de álcool para sobreviver, mas o que quero mostrar é que perseguir a abstinência a qualquer custo é oferecer uma má terapia”, critica.
 
O especialista ataca também a falta de evidência científica do AA e o foco estrito no problema com álcool, sem considerar outras condições psiquiátricas. Mas Olney Fontes, clínico geral e diretor do AA no Brasil, defende que seus membros se dizem guiados pela lógica espiritual, não a científica. "Se conseguirmos tirar uma pessoa do alcoolismo, já cumprimos nosso papel", explica Fontes. "Sabemos por inúmeras experiências que o primeiro gole é o gatilho para a volta do vício”, acredita. O AA está em 150 países. No Brasil, são 5.000 unidades.