Acupunturista esclarece prática e critica nível técnico da profissão
Foto: Luiz Fernando Teixeira/ Bahia Notícias
Prática milenar de origem chinesa, a acupuntura pode ser usada no tratamento de doenças desde cardíacas até psíquicas. Até mesmo a estética pode ser beneficiada com a busca de um equilíbrio energético para o paciente. De acordo com André Kopke, fisioterapeuta, acupunturista e diretor acadêmico do Instituto Universalis, o mais importante não é necessariamente a aplicação de agulhas, sementes ou uso de laser, mas o diagnóstico. “Cada atendimento é personalizado. O ponto que eu usaria em você para tratar dor de cabeça pode não ser o mesmo para tratar dor de cabeça em outro paciente, porque a causa é diferente”, afirmou em entrevista ao Bahia Notícias. Ainda assim, existem masterpoints que representam a energia de cada órgão. Multidisciplinar e não regularizada, a acupuntura pode ser realizada por qualquer profissional com formação técnica ou superior no tema. No entanto, Kopke defende que apenas profissionais de saúde possam exercer a profissão.
Como funciona a acupuntura? Quais os efeitos da prática?
A acupuntura é uma das especialidades da medicina chinesa. É feita com agulhas, mas pode ser feita também com sementes, com eletroestimulação ou laser. A ideia da acupuntura é buscar o equilíbrio energético do paciente, fazer com que sua circulação de energia flua sem obstáculos ou problemas. A saúde do paciente é restabelecida dessa forma.
Práticas de medicina alternativa geralmente são alvo de muitas críticas e até mesmo consideradas placebo. Como o senhor vê esse tipo de crítica?
A acupuntura tem, mais ou menos, uns 5 mil anos. Acredito que, para enganar a população por 5 mil anos, é necessária uma técnica infalível. Na verdade, essa crítica acontece, eu já ouvi muito, mas não corresponde à verdade. Quem frequenta o ambulatório, quem é paciente sabe os benefícios. Eu estive na China no ano passado. É um país um 1,7 bilhão de pessoas que utilizam a medicina chinesa. É um país com muito mais gente para se enganar, caso não funcionasse.
O senhor começou a falar sobre a origem da acupuntura. Como surgiu essa técnica?
A acupuntura surgiu na China e existem diversas teorias sobre isso. A que eu mais acredito e corroboro foi de uma observação de camponeses chineses. Eles começaram a observar que pressionando determinados pontos do corpo era possível obter alívio de dores. A partir daí a acupuntura foi evoluindo, utilizando pedras, metal, até chegar às agulhas que utilizamos hoje, que são descartáveis.
A parte mais fácil da acupuntura é a aplicação das agulhas ou estimulação a laser ou pressão com os dedos... A parte mais complicada é justamente fazer o diagnóstico. Quando você determina um ponto, existe antes uma anamnese, um trabalho de observação, palpação. Vem principalmente da observação do pulso e da língua, porque tanto o pulso quanto a língua do paciente são os principais meios para fechar um diagnóstico.
Cada paciente então tem os pontos específicos onde deve ser feita a aplicação para tratar determinado problema ou existe uma regra geral?
A gente não gosta muito de usar essa regra geral. Foram criados os masterpoints, que são os pontos que você utilizaria para gerar equilíbrio. Na verdade, cada atendimento é personalizado. O ponto que eu usaria em você para tratar dor de cabeça pode não ser o mesmo para tratar dor de cabeça em outro paciente, porque a causa é diferente. Sempre lembrando que é um tratamento olístico, então a gente vê o paciente como um todo. Às vezes a sua dor de cabeça vem de uma disfunção no rim, enquanto a dor de cabeça de outro paciente vem de uma disfunção do fígado. É preciso fechar o diagnóstico para saber os pontos que serão utilizados.
No caso das agulhas, a aplicação é feita apenas na pele ou atinge outro tecido?
Vai depender do ponto que está sendo utilizado, mas a aplicação das agulhas passa da pele, atinge quase a terminação nervosa. Isso varia entre os pacientes. Há pacientes obesos que, por conta da camada de gordura, é necessária uma agulha maior.
O paciente sente dor durante a aplicação?
É necessário que o paciente sinta a sensação da energia, que se chama “de qi”. Isso é importantíssimo, porque ele não está fazendo acupuntura se não sente isso. Quando estive na China, fui fazer uma sessão de acupuntura. Lá o estímulo deles é muito mais forte, você quase não suporta fazer acupuntura. Eles estimulam muito mais uma agulha mais calibrosa. É necessário sentir o “de qi”.
Qualquer profissional pode utilizar a acupuntura para tratamento? Como é feita a regulação dessa prática?
Hoje a acupuntura é praticada multidisciplinarmente, ou seja, qualquer profissional da área da saúde pode fazer. Inclusive a gente tem a PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares), que é do Governo Federal. Nela é claro: todas os profissionais da área da saúde podem fazer acupuntura, sem indicação prévia de outro profissional.
Há algum tipo de regulação do Conselho de Medicina?
O que existe é uma tentativa de tornar a acupuntura um ato médico, ou seja, realizada apenas por médicos. Em 2012, na regulamentação da profissão de medicina, no Ato Médico, a presidente Dilma vetou um artigo que estabelecia que a acupuntura seria restrita aos profissionais médicos. Na justificativa do veto, ela é clara ao dizer que a acupuntura é uma prática multidisciplinar. A acupuntura não é nem regulamentada no Brasil. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo possuem técnico em acupuntura. A pessoa tem segundo grau e faz um curso de acupuntura credenciado pelo Governo do Estado.
Isso não acaba expondo os pacientes de alguma forma a profissionais que não são qualificados para exercer aquela atividade?
Se você entrar na Classificação Brasileira de Ocupações, vai ter lá acupunturista. Existe a profissão, ela apenas não é regulamentada. A partir da regulamentação, cria-se um Conselho, que vai fiscalizar o profissional perante a sociedade. Eu sou fisioterapeuta e já presto esclarecimentos ao meu Conselho de Fisioterapa. A técnica que eu estiver usando é indiferente para o conselho, desde que eu tenha ética. Nesse caso, não expõe o paciente porque quem faz é um profissional da área de saúde. Quando você parte para o técnico, eles precisam trabalhar sob a supervisão de um profissional da área de saúde. Por isso sou contra a questão do técnico, que é até uma polêmica. Eu acredito na acupuntura como é feita na China, de maneira multidisciplinar, por todos os profissionais da saúde graduados em suas devidas faculdades, que depois fazem uma pós-graduação voltada para acupuntura. Eu coordeno hoje a maior pós-graduação da Bahia, que tem médicos, enfermeiros, fisioterapeutas... Eles passam dois anos estudando, fazem 800 horas de parte prática nos ambulatórios da instituição. Então ele sai dali com a formação completa. Por isso acho importante a acupuntura ficar só na área de saúde.
A medicina chinesa é um pouco diferente da medicina ocidental. A acupuntura visa sempre o reequilíbrio energético. Por exemplo, se você tem uma dor na coluna, significa que seu fluxo de energia não está passando normalmente, por isso você tem dor. A gente estimula as agulhas para que libere o fluxo de energia e essa dor desapareça. Alguns distúrbios são mais complicados de se tratar, mas ela age como um suporte. Por isso eu sempre digo que é importante que a gente trabalhe como a China funciona. A China trabalha em conjunto com as medicinas oriental e ocidental. Isso é muito comum lá. Tem certas disfunções que o médico já encaminha direto para o acupunturista.
Eu ia perguntar justamente se há algum tratamento que a acupuntura extingue a necessidade de uso de medicamentos ou da medicina ocidental como um todo.
Sim, existe. O tratamento para tabagismo, por exemplo. A acupuntura ajuda muito. Para algumas dores, distúrbios menstruais, cefaleia, enxaqueca, existe um resultado bem interessante com acupuntura. O importante é que o paciente seja avaliado. Ele pode ser avaliado por um fisioterapeuta, psicólogo, médico... Tem que ser identificada a necessidade do tratamento. Há casos em que a acupuntura não vai causar o efeito que a gente deseja, então outros medicamentos podem ter um resultado melhor.
Com relação ao paciente, existe uma idade mínima ou máxima para recorrer à acupuntura?
Não existe uma idade. Em crianças a gente apenas busca não usar agulhas. Alguns acupunturistas utilizam laser, porque criança pode ter medo de agulha. E pode ser feita até o fim da vida.
Existem contraindicações?
Tudo depende do paciente. A gente precisa ficar atento a algumas questões, como dores não diagnosticadas. Isso é uma contraindicação, porque você pode fazer acupuntura em um paciente e acabar mascarando um problema muito maior por não saber o diagnóstico. Pode ser um tumor, mas você está achando que é uma dor lombar.
Como funciona a acupuntura? Quais os efeitos da prática?
A acupuntura é uma das especialidades da medicina chinesa. É feita com agulhas, mas pode ser feita também com sementes, com eletroestimulação ou laser. A ideia da acupuntura é buscar o equilíbrio energético do paciente, fazer com que sua circulação de energia flua sem obstáculos ou problemas. A saúde do paciente é restabelecida dessa forma.
Práticas de medicina alternativa geralmente são alvo de muitas críticas e até mesmo consideradas placebo. Como o senhor vê esse tipo de crítica?
A acupuntura tem, mais ou menos, uns 5 mil anos. Acredito que, para enganar a população por 5 mil anos, é necessária uma técnica infalível. Na verdade, essa crítica acontece, eu já ouvi muito, mas não corresponde à verdade. Quem frequenta o ambulatório, quem é paciente sabe os benefícios. Eu estive na China no ano passado. É um país um 1,7 bilhão de pessoas que utilizam a medicina chinesa. É um país com muito mais gente para se enganar, caso não funcionasse.
O senhor começou a falar sobre a origem da acupuntura. Como surgiu essa técnica?
A acupuntura surgiu na China e existem diversas teorias sobre isso. A que eu mais acredito e corroboro foi de uma observação de camponeses chineses. Eles começaram a observar que pressionando determinados pontos do corpo era possível obter alívio de dores. A partir daí a acupuntura foi evoluindo, utilizando pedras, metal, até chegar às agulhas que utilizamos hoje, que são descartáveis.
A parte mais fácil da acupuntura é a aplicação das agulhas ou estimulação a laser ou pressão com os dedos... A parte mais complicada é justamente fazer o diagnóstico. Quando você determina um ponto, existe antes uma anamnese, um trabalho de observação, palpação. Vem principalmente da observação do pulso e da língua, porque tanto o pulso quanto a língua do paciente são os principais meios para fechar um diagnóstico.
Cada paciente então tem os pontos específicos onde deve ser feita a aplicação para tratar determinado problema ou existe uma regra geral?
A gente não gosta muito de usar essa regra geral. Foram criados os masterpoints, que são os pontos que você utilizaria para gerar equilíbrio. Na verdade, cada atendimento é personalizado. O ponto que eu usaria em você para tratar dor de cabeça pode não ser o mesmo para tratar dor de cabeça em outro paciente, porque a causa é diferente. Sempre lembrando que é um tratamento olístico, então a gente vê o paciente como um todo. Às vezes a sua dor de cabeça vem de uma disfunção no rim, enquanto a dor de cabeça de outro paciente vem de uma disfunção do fígado. É preciso fechar o diagnóstico para saber os pontos que serão utilizados.
No caso das agulhas, a aplicação é feita apenas na pele ou atinge outro tecido?
Vai depender do ponto que está sendo utilizado, mas a aplicação das agulhas passa da pele, atinge quase a terminação nervosa. Isso varia entre os pacientes. Há pacientes obesos que, por conta da camada de gordura, é necessária uma agulha maior.
O paciente sente dor durante a aplicação?
É necessário que o paciente sinta a sensação da energia, que se chama “de qi”. Isso é importantíssimo, porque ele não está fazendo acupuntura se não sente isso. Quando estive na China, fui fazer uma sessão de acupuntura. Lá o estímulo deles é muito mais forte, você quase não suporta fazer acupuntura. Eles estimulam muito mais uma agulha mais calibrosa. É necessário sentir o “de qi”.
Qualquer profissional pode utilizar a acupuntura para tratamento? Como é feita a regulação dessa prática?
Hoje a acupuntura é praticada multidisciplinarmente, ou seja, qualquer profissional da área da saúde pode fazer. Inclusive a gente tem a PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares), que é do Governo Federal. Nela é claro: todas os profissionais da área da saúde podem fazer acupuntura, sem indicação prévia de outro profissional.
Há algum tipo de regulação do Conselho de Medicina?
O que existe é uma tentativa de tornar a acupuntura um ato médico, ou seja, realizada apenas por médicos. Em 2012, na regulamentação da profissão de medicina, no Ato Médico, a presidente Dilma vetou um artigo que estabelecia que a acupuntura seria restrita aos profissionais médicos. Na justificativa do veto, ela é clara ao dizer que a acupuntura é uma prática multidisciplinar. A acupuntura não é nem regulamentada no Brasil. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo possuem técnico em acupuntura. A pessoa tem segundo grau e faz um curso de acupuntura credenciado pelo Governo do Estado.
Isso não acaba expondo os pacientes de alguma forma a profissionais que não são qualificados para exercer aquela atividade?
Se você entrar na Classificação Brasileira de Ocupações, vai ter lá acupunturista. Existe a profissão, ela apenas não é regulamentada. A partir da regulamentação, cria-se um Conselho, que vai fiscalizar o profissional perante a sociedade. Eu sou fisioterapeuta e já presto esclarecimentos ao meu Conselho de Fisioterapa. A técnica que eu estiver usando é indiferente para o conselho, desde que eu tenha ética. Nesse caso, não expõe o paciente porque quem faz é um profissional da área de saúde. Quando você parte para o técnico, eles precisam trabalhar sob a supervisão de um profissional da área de saúde. Por isso sou contra a questão do técnico, que é até uma polêmica. Eu acredito na acupuntura como é feita na China, de maneira multidisciplinar, por todos os profissionais da saúde graduados em suas devidas faculdades, que depois fazem uma pós-graduação voltada para acupuntura. Eu coordeno hoje a maior pós-graduação da Bahia, que tem médicos, enfermeiros, fisioterapeutas... Eles passam dois anos estudando, fazem 800 horas de parte prática nos ambulatórios da instituição. Então ele sai dali com a formação completa. Por isso acho importante a acupuntura ficar só na área de saúde.
A medicina chinesa é um pouco diferente da medicina ocidental. A acupuntura visa sempre o reequilíbrio energético. Por exemplo, se você tem uma dor na coluna, significa que seu fluxo de energia não está passando normalmente, por isso você tem dor. A gente estimula as agulhas para que libere o fluxo de energia e essa dor desapareça. Alguns distúrbios são mais complicados de se tratar, mas ela age como um suporte. Por isso eu sempre digo que é importante que a gente trabalhe como a China funciona. A China trabalha em conjunto com as medicinas oriental e ocidental. Isso é muito comum lá. Tem certas disfunções que o médico já encaminha direto para o acupunturista.
Eu ia perguntar justamente se há algum tratamento que a acupuntura extingue a necessidade de uso de medicamentos ou da medicina ocidental como um todo.
Sim, existe. O tratamento para tabagismo, por exemplo. A acupuntura ajuda muito. Para algumas dores, distúrbios menstruais, cefaleia, enxaqueca, existe um resultado bem interessante com acupuntura. O importante é que o paciente seja avaliado. Ele pode ser avaliado por um fisioterapeuta, psicólogo, médico... Tem que ser identificada a necessidade do tratamento. Há casos em que a acupuntura não vai causar o efeito que a gente deseja, então outros medicamentos podem ter um resultado melhor.
Com relação ao paciente, existe uma idade mínima ou máxima para recorrer à acupuntura?
Não existe uma idade. Em crianças a gente apenas busca não usar agulhas. Alguns acupunturistas utilizam laser, porque criança pode ter medo de agulha. E pode ser feita até o fim da vida.
Existem contraindicações?
Tudo depende do paciente. A gente precisa ficar atento a algumas questões, como dores não diagnosticadas. Isso é uma contraindicação, porque você pode fazer acupuntura em um paciente e acabar mascarando um problema muito maior por não saber o diagnóstico. Pode ser um tumor, mas você está achando que é uma dor lombar.