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Entrevista

Secretário da Saúde explica estratégias para Carnaval e rebate críticas a campanha contra Aids

Por Renata Farias/ Júlia Belas

Secretário da Saúde explica estratégias para Carnaval e rebate críticas a campanha contra Aids
Foto: Max Haack/ Agecom
O Carnaval de Salvador tem início nesta quinta-feira (12) e, como em qualquer festa, há sempre a possibilidade de algum incidente para o qual seja necessário atendimento médico. O secretário municipal da Saúde, José Antônio Rodrigues Alves, contou ao Bahia Notícias como a prefeitura organizará o sistema de saúde na capital baiana nos dias de festa. Além disso, o secretário também deu maiores detalhes de como serão realizados os testes gratuitos de DSTs nos circuitos, como parte da campanha #PartiuTeste, do Ministério da Saúde. Para ele, críticas que consideram a campanha homofóbica são "indevidas", já que tenta atingir um público-alvo identificado como de maior risco.
 

Foto: Júlia Belas | Bahia Notícias
 
Quais serão as estratégias da prefeitura de Salvador para atender a população durante o Carnaval?
 
Nosso esforço no Carnaval começa muito antes do Carnaval, com cerca de 30 dias de antecedência, com ações de vigilância e saúde. A essa altura, nós já temos todo o gelo produzido, as fábricas de gelo, os principais distribuidores de água, todos eles já foram visitados pela Vigilância Sanitária. Nós já fizemos ações nesse sentido, assim como já identificamos quem vai montar balcões no Carnaval para venda de comida, os principais camarotes, a vila gourmet que foi criada, os ambulantes que fazem venda em torno do Campo Grande. Essas pessoas já foram identificadas, assim como o local onde eles adquirem esses produtos, como açougues e lojas já foram devidamente visitados para se emitir o alvará da Vigilância Sanitária e para que as pessoas tenham segurança nessa área. Na estrutura do Carnaval propriamente dito, nós vamos trabalhar com 22 pontos de atendimento, sendo 10 pontos da Vigilância Sanitária, que vai ficar ativa durante todo o Carnaval, e 10 pontos assistenciais. Nesses pontos assistenciais, nós vamos ter mais de 140 leitos, sendo 10 leitos de Unidade Semi-Intensiva. Nós vamos ter unidades de cinco leitos até unidades de 20 leitos. São cerca de 5.400 plantões, o que envolve algo em torno de 3 mil pessoas, entre técnicos de enfermagem, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, agentes administrativos nos pontos de carnaval. São seis equipes de cirurgiões bucomaxilo, 55 ambulâncias do Samu, 30 motolâncias, que transportam principalmente os médicos-cirurgiões para intervenções mais graves, e duas ambulanchas que continuam ativas também no período do Carnaval dando proteção à Baía de Todos os Santos. Neste ano, nós vamos ter dois “Fique Sabendo”, onde nós fazemos exames de DSTs, como Aids, hepatite, sífilis… Essas duas unidades vão ficar na Praça Municipal e na Barra, próximo ao Beco da Off. A ideia é que nós possamos garantir a capacidade de 6 mil atendimentos.
 
Como funcionarão as 10 unidades assistenciais?
 
São unidades de cinco leitos, como aqui próximo ao Pelourinho, e também unidades de grande porte, de 20 leitos, como na Piedade e Sabino Silva. Essas unidades funcionam 24 horas, e muitos não sabem disso. Antes da folia estar na rua, nós estamos atendendo ambulantes, fazendo curativos de cirurgias dos dias anteriores, fazendo com que a transferência para unidades hospitalares seja a mínima possível. No ano passado, nós transferimos apenas 2,8% dos acidentes e dos eventos em postos de saúde. Todas as unidades vão estar se comunicando em um sistema de rádio especial para que os casos mais graves possam ser rapidamente transferidos. Cada unidade dessa conta com uma ou duas ambulâncias do Samu, além de toda a estrutura do Samu.
 

Módulos de saúde do Carnaval terão mais de 140 leitos
Foto: Valter Pontes/ Agecom
 
O senhor falou que somente 2,8% das ocorrências foram transferidas em 2014. Quais costumam ser as principais ocorrências e quais as mais graves?
 
Cerca de 55% das ocorrências, nós estamos com 10 equipamentos montados na área assistencial, seis na Barra-Ondina, que é onde ocorre a maior parte dos eventos, e quatro equipamentos aqui nos circuitos Campo Grande e Centro Histórico. O Barra-Ondina, como eu disse há pouco, compreende a maior parte dos atendimentos, mas a maior parte é de atendimentos clínicos, como intoxicação com bebidas, cefaleia, problemas de insolação. O segundo momento são realmente quedas, agressões físicas e coisas dessa natureza. A cada ano que passa, nós temos menos procedimentos cirúrgicos e traumáticos nas unidades e uma maior quantidade de atendimentos clínicos.
 
Com relação à campanha contra a Aids promovida pelo Ministério da Saúde, #PartiuTeste, como será o procedimento para aqueles que procurarem o serviço?
 
Pretendemos distribuir, para esse Carnaval, em torno de 2 milhões de camisinhas. Eu posso garantir ao folião que, a cada 500 metros que ele andar, terá um centro de distribuição. Todos os nossos postos montados na folia têm potes de camisinha para serem distribuídos, então é só chegar na recepção e fazer a retirada da camisinha. Temos quatro equipes volantes fazendo a distribuição nas ruas, e esses dois serviços vão estar na Barra e aqui próximo à Praça Municipal, praticamente em frente ao Elevador Lacerda. A ideia é que a gente possa rapidamente atrair pessoas para fazer teste de Aids. No ano passado, nós tivemos de 2,8% de incidência, 1,5% de hepatite e vários casos de sífilis. Essas pessoas são imediatamente identificadas e são encaminhadas para a rede assistencial. Na nossa equipe temos bioquímicos, biólogos e também assistentes sociais, psicólogos para fazer o receptivo das pessoas e incentivar que realmente façam o teste e passem a se cuidar mais.
 
E no caso de resultado positivo, qual é o procedimento?
 
No momento imediato que essas pessoas são identificadas, elas têm dois pontos de serviço, um na Liberdade e outro em Itapagipe. O Governo do Estado tem, na região do Garcia, uma unidade hospitalar que mantém ambulatório e também internamento, que é o Hospital Roberto Santos, e tem também o Hospital Couto Maia. Então existe uma oferta de serviços para que essas pessoas sejam atendidas. Eu queria destacar que hoje a Bahia já tem 41 pontos assistenciais para a doença, portanto é um indicativo muito interessante, apesar do percentual do que a gente identifica como novos casos ser bastante inferior a outras capitais.
 
O público-alvo da campanha foi descrito como jovens, homens gays e homens que fazem sexo com homens. Há pessoas criticando a campanha e chamando até mesmo de homofóbica, até porque a maior parte das peças publicitárias mostra homens que seriam homossexuais. Como o senhor encara essas críticas?
 
Eu acho essa crítica indevida. Tecnicamente, nós identificamos primeiro que o Brasil teve uma iniciativa que não foi usual em todo o mundo: procurou enfrentar isso sem nenhum tipo de discriminação. Graças a isso, nós conseguimos avançar e conseguimos manter um controle se não adequado, aceitável, principalmente na identificação de novos casos. Ocorrem que nós estamos identificando, nos novos casos, uma incidência maior em jovens masculinos de 15 a 29 anos, portanto, toda campanha que a gente puder fazer focando exatamente esse público. Eu não tenho dúvida que ela deve ser feita, é importante ser feita para que a gente possa não só ampliar a assistência, mas também evitar consequências futuras e malignas para a população. É para proteger a população.