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Coluna

Desmistificando a Saúde Mental: Tristeza, frustração ou depressão?

Por Fabiana Nery

Desmistificando a Saúde Mental: Tristeza, frustração ou depressão?
Foto: Divulgação
Com as demandas cada vez mais implacáveis da vida moderna, consequentes a uma busca incessante por gratificação, excelência e agilidade na execução das tarefas, sentimentos desagradáveis que geram sofrimento psíquico estão cada vez mais presentes em nosso dia-a-dia. Mas será que todo desconforto psíquico é patológico ou, ainda, deletério para a vida do indivíduo?
 
Para responder esta pergunta é primordial estabelecermos que tristeza e depressão não são sinônimos. Por mais que o sentimento de tristeza seja penoso, ele é necessário para a superação das dificuldades. A tristeza não é uma doença, mas sim uma reação normal frente a uma situação de perda, decepção ou frustração. Vivenciar a tristeza permite que o indivíduo elabore suas perdas e se reorganize internamente, possibilitando, desse modo, a superação das dificuldades de maneira saudável. A depressão, por outro lado, é um distúrbio cujas características vão muito além da tristeza. A depressão envolve uma alteração do funcionamento neuropsíquico do cérebro, caracterizado por um desequilíbrio dos neurotransmissores que regulam o humor. Fatores genéticos, ambientais e características de personalidade influenciam no desencadeamento e na gravidade desta doença.
 
O indivíduo com depressão sente-se infeliz na maior parte do tempo, mesmo sem causa aparente. A pessoa perde a capacidade de apreciar situações que antes lhe traziam prazer, deixa de conviver com amigos e familiares, apresenta perda de concentração, podendo sentir-se mais ansioso ou irritado do que o normal. Por todas estas características, a depressão é uma doença altamente incapacitante e pode comprometer toda a saúde física e mental do indivíduo, caso não seja tratada, requerendo auxílio profissional para ser controlada.
 
Da mesma forma, falar em frustração também não significa falar de algo doentio, mórbido. A frustração é uma ocorrência universal e comum a todas as pessoas, algo necessário ao amadurecimento e, consequentemente, ao desenvolvimento do indivíduo, de sua relação com o mundo e consigo próprio. O ser humano tende a querer fugir da dor e se aproximar do prazer. Portanto, há sempre uma pretensiosa tentativa de suprimir o sofrimento das frustrações ou das perdas. Entretanto, vivenciar perdas, experimentar a melancolia e a tristeza diante das frustrações, são processos importantes para o amadurecimento psíquico e aprimoramento das relações sociais.
 
Há, sem dúvida, abuso e banalização do termo “depressão”. Pela semelhança dos sintomas, a frustração se aproxima, de fato, à depressão, mas a frustração é, essencialmente, existencial, enquanto a depressão é predominantemente constitucional ou biológica. Partindo do princípio que a frustração  é essencialmente existencial, é possível adaptar-se a ela e superá-la de forma saudável e edificante. Sendo assim, não se deve temer a tristeza ou o sofrimento, eles fazem parte de uma vida saudável. A qualidade de vida e o bem-estar não estão relacionados ao maior ou menor número de frustrações ou perdas às quais uma pessoa é submetida, e sim de que forma aquele indivíduo lidará com essas situações.

Dra. Fabiana Nery, psiquiatra da Holiste. Saiba mais sobre a Holiste Psiquiatria: www.holiste.com.br