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Os rituais do dia-a-dia

Por Manhana Aguiar

Os rituais do dia-a-dia
Foto: Divulgação
Ele pega o pão, passa manteiga, serve o café, adoça-o e pronto! Simples! Não. Não tão simples. Em cada milésimo de segundo em que se passou essa ação seu cérebro definiu, comparou, mediu, avaliou, decidiu. 
 
São realmente nas atividades mais elementares do dia-a-dia, quando ligamos o piloto automático, que a mente transcorre todos os seus padrões e necessidades de repetição e de controle.
 
A cada segundo, fazemos milhões de escolhas, e se alguém for parar para analisar pode encontrar razões racionais para cada uma, mas que de racional e consciente há muito pouco. Quando uma ação se torna mecânica e a fazemos sem perceber ela já passou para o domínio do inconsciente, e o inconsciente não é nada racional. 
 
Seja a mente consciente, que administra, seja sua face inconsciente, que dita as regras, seu objetivo é proporcionar a existência e assegurar a realização da vida. Isso tudo é ótimo e a mente está de parabéns quando cumpre a sua função.
 
Contudo, no mundo em que racionalidade, objetividade e presteza são sinônimos de sucesso e símbolos de força, a mente - essa ferramenta fantástica - perde o prumo e entra em desequilíbrio, pois a face inconsciente da mente, que dita as regras do nosso funcionamento, não tem nada de racional, objetiva, e só obedece ao seu próprio ritmo, aliás, é toda emoção, subjetividade e sensação.
 
Se há uma expressão em sinergia com o estado de harmonia mental é “deixa fluir!” Não é preciso viver a ilusão de estar no controle do que ocorre no cotidiano para ter a sensação de segurança, de conforto. Quando uma pessoa está segura de si, dos seus propósitos, deixar fluir é muito natural. É viver a experiência à medida que a vida se apresenta.
 
Manter o instrumento mente em ordem (no sentido de equilíbrio), é se permitir à desordem. É compreender que estar no controle além de ser uma ilusão é um sacrifício inglório. 
 
Em Demian (1919), Herman Hesse escreveu a seu modo (brilhante) o que para mim é deixar fluir. “... Para nós só haverá um dever e um destino: chegarmos a ser perfeitamente nós mesmos, conformarmo-nos inteiramente à semente da natureza em nós ativa e vivermos tão entregues à nossa vontade que o futuro incerto nos encontraria prontos a tudo o que pudesse trazer consigo...”

 
Assim, educar a mente para viver a experiência da vida como uma aventura segura e recompensadora por si mesma, é um grande passo para descobertas fantásticas que trazem, à medida que permitimos, a realização em nós mesmos.


*Terapeuta com formação em terapias integrativas de tradições ocidental e oriental. 
 
Manhana Campos – [email protected] - www.manhanacampos.com