Gabrielli diz que ainda não decidiu se prestará depoimento sobre Pasadena na Câmara
Por Carol Prado
Foto: Reprodução/Antonio Cruz/ABR
Alvo de três convites protocolados por deputados oposicionistas na Câmara Federal – todos aprovados em comissões da Casa nesta quarta-feira (23) –, o secretário de Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli (PT), ainda não decidiu se aceitará a convocação para prestar esclarecimentos sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), realizada pela Petrobras em 2006, quando era presidente da estatal. Os pedidos foram deferidos nos colegiados de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de Fiscalização Financeira e Controle e de Relações Exteriores. Por meio de sua assessoria de comunicação, o petista – que passou a raramente conceder entrevistas após a repercussão negativa das informações sobre contratos firmados pela empresa no período de sua administração – informou que deve aguardar a oficialização do chamado para definir seu posicionamento. Ao Bahia Notícias, ele afirmou, em março, “não ter motivo para negar elucidações”, mas admitiu temer o que pode acontecer, caso seja instalada no Congresso a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. De acordo com matéria publicada pela Folha de S. Paulo, a preocupação do Planalto, conforme interlocutores, é de que, se concedido, o depoimento de Gabrielli na Câmara gere novos problemas à presidente Dilma Rousseff (PT), já otimista em relação ao gradual desaparecimento de denúncias ligadas às transações da petrolífera.
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Em sua última aparição marcante na imprensa, o dirigente da pasta baiana disse, ao jornal O Estado de S. Paulo, que a líder do Executivo, ex-presidente do Conselho de Administração da estatal, “não pode fugir da responsabilidade” sobre a aquisição da unidade em Pasadena. Em comunicado emitido após a divulgação da declaração, o ministro da Casa Civil Aloízio Mercadante (PT) reiterou, supostamente sob orientação superior, que o negócio foi baseado em um relatório omisso, no qual não constavam menções sobre cláusulas que, mais tarde, causariam prejuízo à companhia. Investigado por suspeitas de superfaturamento, o convênio entre a petrolífera brasileira e a belga Astra Oil foi iniciado com investimento de US$ 360 milhões, valor aplicado pela Petrobras em 50% da refinaria mais estoques de petróleo. Em disputa judicial provocada por conflitos de interesses entre as duas empresas, a estatal foi obrigada a pagar, em 2012, mais US$ 885 milhões pelas ações remanescentes. O caso é alvo de inquéritos no Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) e Polícia Federal (PF). Se aceitar o convite, será a segunda vez que Gabrielli irá à Casa Legislativa para falar sobre o assunto. No início de abril, ele participou de reunião fechada com deputados do PT e definiu o negócio como “adequado às circunstâncias econômicas da época de sua concretização”. Além do secretário baiano, o ex-diretor Nestor Cerveró, responsável pela elaboração do contrato que motivou a compra questionada, também deve ser requisitado pela Câmara. A data de ratificação dos chamados, no entanto, ainda não foi definida.