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Vereador desarquiva projeto que proíbe arrastão na manhã da Quarta-Feira de Cinzas

Por Guilherme Ferreira / Júnior Moreira

Vereador desarquiva projeto que proíbe arrastão na manhã da Quarta-Feira de Cinzas
Psirico puxa arrastão desde 2014 | Foto: Max Haack / Ag Haack / Bahia Notícias

O líder da bancada do governo na Câmara, Henrique Carballal (PV), desarquivou esta semana um projeto que proíbe a realização de festas públicas durante a Quarta-Feira de Cinzas, incluindo o tradicional arrastão que acontece entre a Barra e Ondina durante a manhã. O vereador justifica que a data deve ser respeitada por representar o primeiro dia da Quaresma, de acordo com o calendário cristão. A proposta proíbe "a realização de arrastões e ressacas de Carnaval ou qualquer outro evento semelhante, a partir da utilização de trios elétricos, palcos fixos ou móveis, músicos a solo ou bandas musicais, carros de som, caixas de som amplificadas ou similares, nos prédios ou logradouros públicos" entre 5h e 23h59 da Quarta-Feira de Cinzas. A matéria deixa aberta a possibilidade de realizar eventos públicos ou privados em locais fechados. Caso ela seja aprovada, fica estipulada uma multa no valor de R$ 500 mil para quem desrespeitar a lei. Em entrevista ao Bahia Notícias, Carballal destaca que apesar do Estado ser laico, o calendário cristão é incorporado no Brasil. "O Carnaval existe porque existe a Quaresma. Ou seja, invadir a Quaresma, impedir que as igrejas realizem seus rituais é negar a existência do próprio Carnaval", ressalta o vereador, apontando que o projeto busca "fortalecer o Carnaval" na cidade. "Nos últimos anos, ao invés da celebração da tradicional Missa das Cinzas, em diversos pontos da capital baiana as igrejas têm sido obrigadas a fechar as suas portas para dar passagem às ressacas e arrastões pós-carnavalescos", relata o projeto de lei. A matéria foi apresentada inicialmente por Carballal em fevereiro do ano passado. Com o início da nova legislatura, ela foi automaticamente arquivada. A Câmara registrou o desarquivamento a pedido do autor nesta segunda-feira (6), mas ainda não há previsão de quando o projeto de lei deve ser votado. Entre os grupos que integram o tradicional arrastão da Quarta-Feira de Cinzas, o Psirico participa da festa em Salvador desde 2014. Em entrevista ao Bahia Notícias, o vocalista Márcio Victor usou o argumento do Estado laico para defender a festa e pediu para que o autor do pedido de proibição "se preocupe com atitudes religiosas que tragam o povo para dentro da igreja". "Ficaria muito triste se essa lei fosse aprovada, porque vai fazer uma falta enorme pra muita gente, mas respeito qualquer atitude religiosa", comentou o cantor. Ele ainda destacou que o arrastão serve como uma despedida do Carnaval e é voltado especialmente para quem precisa trabalhar durante a folia. "A Quarta-Feira de Cinzas não atrapalha ninguém e na quinta-feira a gente pode começar a pedir ao Papa ou a quem quer que seja para dar essa folguinha pro povo", brincou Márcio Victor. Procurado, o cantor Daniel Vieira, que também puxou um trio elétrico na última quarta, não foi localizado para comentar sobre o projeto de Carballal.