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Do teatro ao circo: Diversidade artística é essencial para história e manutenção da Concha

Por Ailma Teixeira

Do teatro ao circo: Diversidade artística é essencial para história e manutenção da Concha
'A Paixão de Cristo' foi encenada por lá 3 anos | Foto: Divulgação
Embora muito conhecida por seus espetáculos musicais, a Concha Acústica do Teatro Castro Alves nunca foi só música. Desde a sua consolidação como espaço cultural, a casa sediou apresentações únicas, como o Circo de Moscou com o espetáculo “Shangri-lá”, que misturava patinação e circo, em outubro de 2000, e “As Tartarugas Ninjas contra o Demolidor”, em dezembro de 1991. Com direção de Jacques Lagoa, os quatro ninjas originais de Nova Iorque trouxeram a turnê para o Brasil, que teve seu texto traduzido e contextualizado para a realidade brasileira. Outra performance internacional foi do ilusionista norte-americano Val Valentino, mais conhecido como Mister M., em outubro de 2000. Mas as grandes atrações não foram apenas de cunho internacional. Espetáculos sobre a história da Bahia e do Brasil levaram cerca de cinco mil pessoas a lotarem o anfiteatro para assistir sessões de “Canudos – A Guerra Sem Fim” e “Búzios – A Conspiração dos Alfaiates”. “Na época foi muito impactante porque não se tinha o costume, como até hoje não se tem, já que ninguém faz espetáculos assim nesses lugares grandes, eu sou o único maluco que ainda faz isso”, lembra o diretor Paulo Dourado sobre a primeira temporada de “A Conspiração dos Alfaiates”. O espetáculo foi apresentado em outubro de 1992 e depois levado para praças públicas, como o Santo Antônio Além do Carmo, o bairro da Liberdade e demais espaços culturais da cidade numa proposta contemporânea de teatro popular.


Sessão de 'Búzios - A Conspiração dos Alfaiates' em 2011 | Foto: Museu Vivo na Cidade

Com ingressos lotados em outros de seus espetáculos encenados, como “Rei Brasil 500 anos – Uma Ópera Popular”, em 2000, e, mais recentemente, “A Paixão de Cristo”, de 2011 a 2013, Dourado afirma que a Concha comprova a força ainda presente nesta arte. “Contrariando o senso comum de que o teatro é uma coisa chata, eu acredito que o lugar do teatro na cultura contemporânea é muito mais do que esse ‘teatrinho’ de sala fechada, essa coisa meio elitista, comercial, é o teatro da rua, em lugares públicos, com temas históricos, buscando um diálogo frontal com a cidade”, defende. O diretor lembra que Lázaro Ramos, hoje um renomado ator baiano, revelou em entrevista a uma revista que descobriu o desejo de ser ator ao assistir uma das sessões de “Canudos”, quando ainda estava na escola, na Concha Acústica. “Ele nunca tinha visto uma peça profissional de teatro e a escola dele foi uma das escolhidas pra levar os alunos e tal e ele foi. Então, ele diz na Piauí: ‘Aí, fudeu’”, conta Dourado, orgulhoso. Para o diretor, são projetos como esse, de baixo custo, que possuem grande repercussão e aceitação do público. “Esse tipo de projeto de teatro popular, contemporâneo, ele abre uma outra janela, abre um outro espaço possível para coisas que tem efetividade e afirmam um pouco da diversidade da cultura da Bahia, que não é apenas Carnaval”.


Após a exibição do filme, Caetano Veloso, Jauperi e Margareth Menezes se apresentaram | Foto: O Faniquito

Além do teatro, do circo e da dança, o cinema também foi privilegiado com o espaço, mesmo que com menor frequência. Entre 2007 e 2008, foram exibidas sessões dos filmes “Tropa de Elite”, “Saneamento Básico”, “Meu Nome Não É Johnny”, através do projeto “Sua Nota É Um Show” e a pré-estreia da produção baiana “Ó Paí, Ó”, que fez parte das comemorações de 40 anos do anfiteatro. Após a exibição do filme, Caetano Veloso, Jauperi e Margareth Menezes cantaram a trilha sonora do filme. Com esta segunda reinauguração – que acontece de sexta (13) a domingo (15) com o festival “Eu Sou A Concha” –, o espaço busca manter sua agenda de pautas diversa. “Não é só o viés da música, a música é o estruturante, mas a gente está investindo também em outras atrações de dança, de circo, que vão ser essenciais pra continuidade da programação da própria Concha”, explica Rose Lima, diretora artística do TCA. Dourado já planeja apresentar uma ópera sobre o 2 de julho, Dia da Independência da Bahia, para o segundo semestre.