Enraizamento social e apoio do empresariado fortalecem o PT no poder, analisa historiador
Por Estela Marques
Foto: Arquivo pessoal
Milhares de pessoas nas ruas pedindo impeachment à presidente da República, segurando cartazes com conteúdo anti-corrupção. As cenas do último domingo (15), nas manifestações contra o governo Dilma Rousseff (PT) em todo o Brasil, remetiam a cenas vistas há mais de 20 anos, do movimento dos “caras-pintadas”. O historiador político Carlos Zacarias, no entanto, descarta qualquer similaridade entre os dois momentos que vá além do conteúdo. “O movimento [dos “caras-pintadas”] partiu de setores orgânicos da sociedade, do movimento estudantil, sindical, sociais de maneira geral, que tinham protagonizado nos anos 1980 série de manifestações que deram a Lula grande robustez eleitoral em 1989. Agora, o movimento foi protagonizado por setores inorgânicos da sociedade. Não há grupos organizados”, explica o historiador. Uma diferença crucial entre os dois momentos é o contexto político dos presidentes Fernando Collor e Dilma em seus mandatos. De acordo com Zacarias, o governo Collor não tinha nenhum apoio político e era fraco, embora o PRN (partido do qual era filiado) tivesse crescido e se tornado o maior do congresso na época. “O PT não é partido fraco, além de contar com base social muito forte, dos movimentos sociais e sindicais, a mesma que foi às ruas sexta-feira (13), e que, apesar de ser menor do que de domingo (15), pode demonstrar mais força ainda porque tem capacidade e fôlego para atrair mais setores, como o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]”, completa Zacarias.
Protesto em Salvador no útlimo domingo (15)
(Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias)