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Entrevista

Juracy Oliveira, novo prefeito do município de Ipirá

Por Marcos Maia

Juracy Oliveira, novo prefeito do município de Ipirá
Jota (à direita) com o vice Albertino Gomes | Foto: Reprodução/Acorda Ipirá
Eleito através de uma votação indireta após a morte do então prefeito de Ipirá, Bacia do Jacuípe, Ademildo Almeida (relembre), Juracy Oliveira, o “Jota”, afirma que sua gestão - que terá cerca de quatro meses - tem enfrentado tentativas de sabotagem por parte da oposição local. “Nós estamos enfrentando um boicote a nossa gestão, porque está composta de pessoas apadrinhadas pelo outro grupo. Essas pessoas estão sendo orientadas a faltar ao serviço, a deixar de fazer determinadas atividades”, conta. Em entrevista ao Bahia Notícias, Oliveira ainda citou a desorganização das contas do município como um dos maiores desafios que enfrentará durante seu mandato-tampão (entenda), algo pouco usual no cenário político baiano. “As folhas de pagamento estão com índice elevadíssimo. Estamos também com problema na questão eleitoral, que proíbe a demissão de servidores no período de três meses antes e depois das eleições”, acrescenta. O novo prefeito também comentou as circunstâncias da vitória de sua chapa e negou que a mudança de voto do vereador Raimundo Simas durante a votação (saiba mais) tenha tido qualquer aspecto de manobra fraudulenta. “Eu não acredito que Raimundo, sendo o homem que é, faria uma negociação desse tipo. Nós também não faríamos”, garante.

O senhor tem um papel importante na política local, mas nunca foi efetivamente eleito para uma função pública. Agora chegou ao poder através de um mandato-tampão depois de quatro pessoas ocuparem a cadeira do executivo municipal nos últimos quatro anos.  Quais os desafios e dificuldades que o senhor identificou de cara? Gostaria de saber o que o senhor fará efetivamente para contornar essas questões e se tem intenção de montar uma equipe própria. Já aconteceram ou acontecerão exonerações?
Eu já ocupei cargos públicos. Não como chefe do executivo, mas já fui chefe de gabinete e secretário do município. Então, tenho certa experiência com relação à administração pública. Com relação a esse momento de transição, nós temos menos de seis meses para adequar as contas, que nessa primeira análise, estão extremamente desorganizadas. As folhas de pagamento estão com índice elevadíssimo. Estamos também com problema na questão eleitoral, que proíbe a demissão de servidores no período de três meses antes e depois das eleições. Então, isso será um agravante para que a gente consiga atender todos os itens que a Lei de Responsabilidade Fiscal nos exige. Esse é um dos nossos maiores desafios. Fora isso, nós não estamos cogitando a possibilidade de exoneração em massa, até mesmo porque a legislação não permite. Da mesma forma, não seríamos irresponsáveis de tomar uma atitude dessas porque o município precisa funcionar. Apesar de ser de uma corrente política adversária à gestão anterior, temos responsabilidade com o andamento do serviço público. É nisso que estamos nos apegando. Estamos na verdade relocando funcionários, mudando pessoas de função, para que a máquina pública possa funcionar. Estamos tentando implementar uma gestão mais profissional e  fiscalizadora para que sobre recursos e  os serviços prestados a comunidade possam melhorar.

Então, reiterando: Não existe a possibilidade de exoneração por causa da eleição, mas posteriormente também não existe qualquer tipo de intenção nesse sentido...
Não existe a possibilidade. Além da questão da eleição, existe a preocupação como o funcionalismo da máquina. Algumas pessoas serão exoneradas, como cargos de confiança e gente que não tinha uma função definida no serviço público. Já houve um enxugamento para o tamanho do município, mas já mexemos onde foi possível mexer.  O problema, por exemplo, é que foi inaugurada há poucos dias uma UPA, na qual foram contratados vários servidores sem registro no nosso RH. Foram feitos contratos, mas nós não conseguimos encontrar ou identificar esses servidores nos nossos sistemas. Então, esse é mais um desafio para a nós equacionarmos: Não deixar que a máquina pare ao mesmo tempo em que temos que ter uma situação regular, uma vez que não podemos fazer pagamentos a quem não tem contrato com a prefeitura.

A vitória do senhor para cumprir esse mandato tampão representa o retorno do grupo dos "Jacus" a prefeitura depois de um longo hiato longe do poder. Coincidentemente, temos a corrida eleitoral no próximo mês de outubro. Gostaria de saber qual será o papel do candidato do grupo, o Marcelo Brandão, no período da sua gestão?
Quando o nosso grupo, liderado pelo doutor Luis Carlos, decidiu lançar um nome para essas eleições indiretas definimos que esse mandato é totalmente independente de um possível futuro mandato de Marcelo Brandão. Ele é nosso amigo e parceiro, mas está fazendo campanha para eleição. Ele não participa do nosso governo. Claro que ele é ouvido e discute ideias que iremos implantar agora para que ele possa dar continuidade em caso de vitória, mas a gestão de agora é independente do governo que por ventura nos suceder. O nosso grupo entende que Ipirá atravessa uma situação difícil, tanto é que nós falamos disso nas nossas reuniões com a população. Não poderia ser diferente. Nós não temos essa questão de mudança, de perseguição, de procurar o porquê que vão votar em determinado candidato. Nós sempre discutimos formas de entregar ao próximo gestor uma Ipirá melhor do que a que recebemos agora.

Agora gostaria de perguntar sobre as circunstâncias da sua vitória.  O vereador Aníbal Aragão afirmou que está movendo uma ação para anular a sua eleição. Parece que ele se sustenta em uma questão regimental que o parlamentar Raimundo Simas não disse o seu nome, se referindo ao senhor como "Jota", e que isso tornaria o voto inválido. Gostaria de saber se o senhor já recebeu alguma notificação a respeito disso. Quais providências deverão ser tomadas a respeito dessa ação?
Quando o presidente da Câmara convocou as eleições indiretas, ele, junto com outros vereadores, montou uma resolução que iria orientar aquele procedimento. Entre as cláusulas, existia uma que dizia que as controvérsias seriam discutidas em plenário, e assim foi feito. Houve realmente esse questionamento, porque votaram pelo meu apelido que é público e todos conhecem. Quando o presidente proferiu que a nossa chapa seria a vencedora, a oposição começou a se revoltar. Eles saíram do plenário e foram embora. Só que a lei municipal diz que nós temos a maioria. Assim, a maioria, o secretário assumiu a presidência da câmara, convocou os outros vereadores, e lá colocaram em votação as questões que foram levantadas. Aprovaram essas determinadas questões e deram o voto como manda a Lei Orgânica, o Regimento e essa coisa toda. Com relação a essa ação, nós tivemos a notícia que ele entraria com essa ação na justiça, mas a liminar foi negada. Estamos trabalhando na prefeitura normalmente, organizando as coisas do município.

A última pergunta diz respeito ao episódio protagonizado pelo vereador Raimundo Simas durante a sua vitória. O senhor foi beneficiado pela virada de mesa do parlamentar aos 45 do segundo tempo. Algumas fontes consultadas pela reportagem afirmaram que constam sob Simas acusações de que ele vendeu dois mandatos na câmara para suplentes em ocasiões anteriores. Gostaria de saber se o senhor já ouviu essas acusações, e se existe alguma possibilidade de algo dessa natureza ter motivado o voto do Simas no senhor.
Eu não acredito que Raimundo, sendo o homem que é, faria uma negociação desse tipo. Nós também não faríamos. Quando o vice-prefeito, que ocupava o cargo de prefeito veio a falecer, nós tínhamos a maioria. O Raimundo Simas, já no último mês de maio, se não me engano, tinha saído do partido ao qual ele fazia parte e entrou no PMDB, que é da nossa base. Raimundo Simas estava com o nosso grupo, porém tinha uma relação pessoal com Anibal quando ele assumiu a presidente da Câmara. Ele veio para ajudar o governo, mas eles subestimaram as pessoas, não respeitaram suas opiniões. Eu tenho certeza que Raimundo Simas foi movido muito mais pelo desprestígio que ele encontrou no governo. Ele é vereador em uma cidade pequena, e deve muita satisfação aos seus eleitores. Então, quando ele começa a solicitar auxílio e começa a ser pisado, começa a não ser atendido, ele decide sair da base. Ele é um político experiente e um homem de bem da nossa comunidade, não existe possibilidade nenhuma de compra de voto. Assim como também acredito que não houve com Ney Sodré, que era do nosso grupo, está filiado ao PSDB, e quinze dias antes da eleição decidiu apoiar a chapa de Aníbal. Sodré argumenta que ele teve algumas desavenças com o líder do nosso grupo, e eu respeito. Tanto respeito que é meu amigo, sem problema algum. Agora, o que eu acho é que quando uma pessoa decide denegrir a imagem de uma pessoa porque ela mudou de opinião, dizendo que ela se vendeu ou negociou, eu acho que isso é de uma irresponsabilidade enorme. As pessoas tem o direito de se manifestar, de não concordar. Ele recebe o mandato para isso, para colocar a opinião dele. E tentaram a colocação dele na vice com a oposição de algumas coisas pensando achando que ele seria pressionado pela situação. Como ele é um homem de postura, não cedeu aos impulsos do poder e votou pelo resgate do município de Ipirá.  

Gostaria de fazer alguma consideração final?
Eu gostaria de deixar uma mensagem administrativa, dizer aos servidores que fiquem tranquilos, que não haver nenhum tipo de demissão. Nós estamos enfrentando um boicote a nossa gestão, porque está composta de pessoas apadrinhadas pelo outro grupo. Essas pessoas estão sendo orientadas a faltar ao serviço, a deixar de fazer determinadas atividades. Estão plantando um clima de terror no município e nós não vamos aceitar isso de forma alguma.  Amanhã irei a um programa de grande audiência no nosso município, vou apresentar números e dados do município e vou falar isso para comunidade, porque a gente tem que ter esse compromisso com Ipirá. Fica aqui o meu apelo a atual oposição para que eles venham compor e a gente possa terminar um mandato de quatro prefeitos, conturbado como um todo.