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Entrevista

Tânia Regina, prefeita de Riachão do Jacuípe

Por Bruno Luiz

Tânia Regina, prefeita de Riachão do Jacuípe
Tânia Regina, prefeita de Riachão do Jacuípe | Foto: Divulgação
Em janeiro deste ano, o município de Riachão do Jacuípe, localizado na Bacia do Jacuípe, enfrentou as piores chuvas dos últimos 40 anos. Sem ter como lidar com a fúria da natureza, a cidade sucumbiu a enchente provocada pela cheia do Rio Jacuípe, que deixou mais de 600 famílias desabrigadas, destruiu bairros, pontes e estradas e a vida de milhares de pessoas. Em entrevista ao Bahia Notícias, a prefeita Tânia Regina (PDT) admitiu que a cidade não tinha planejamento para enfrentar tamanho volume d’água. "Quando a gente tem um planejamento e, depois, a gente tem que mudar ele é complicado. Foi o caso desta enchente. O valor é bem maior do que você planejou. A gente não teve esse planejamento”, confessou.  Ainda arrasada pela força da água, Riachão do Jacuípe tenta se reconstruir. Segundo a gestora, não há mais famílias em abrigos oferecidos pelo município. Algumas localidades são, aos poucos, recuperadas. Entretanto, enquanto o auxílio financeiro dos governos federal e estadual não chega, a prefeitura arca com os prejuízos da destruição. Uma conta que não é barata, principalmente em tempos de queda na arrecadação dos municípios. “A gente tem que ter um socorro financeiro. Nós estamos sentindo o peso da coisa”, destacou Tânia.
 
Como está a situação das famílias desabrigadas por causa das consequências das chuvas? Quais medidas têm sido tomadas para auxiliar as vítimas? 
A maioria já retornou para suas residências. Aquelas residências que a Defesa Civil condenou, a maioria já está em aluguel social, que o estado e o município estão pagando. Nós já providenciamos vários aluguéis sociais. São 14 famílias que vão receber este benefício. A Secretaria de Assistência Social continua dando assistência a essas famílias, com cestas básicas, doação de donativos que estão chegando. São camas, colchões, fogões que estão chegando. Algumas já estão em residências alugadas, outras em casas de parentes, mas não tem mais famílias em abrigos.
 
A cidade teve bairros arrasados, além de estradas e pontes destruídas por conta do grande volume de água que se abateu sobre o município. Como tem se dado a reconstrução de Riachão do Jacuípe? Governos federal e estadual participam deste processo?
Nós estamos recuperando as estradas vicinais, algumas pontes pequenas a gente já está dando manutenção, reconstruindo algumas pontes. Esta é a situação. As ações do governo federal não chegaram ainda, pois tivemos que esperar o reconhecimento do governo estadual quanto ao decreto do estado de emergência. O Estado já reconheceu, estamos esperando o governo federal também reconhecer. Fizemos todo o levantamento, junto com a Secretaria de Assistência Social, junto com o pessoal do estado, da Defesa Civil, que fez todo o relatório da situação. A Conder ficou de fazer o levantamento, para ver com que o estado poderá contribuir. Estamos também alimentando o sistema do governo federal, para que a gente possa também buscar dele algumas ações.
 
O governo estadual homologou recentemente o decreto de situação de emergência em Riachão do Jacuípe. O município já tem recebido a assistência governamental que o reconhecimento do decreto oferece?
Nós estamos no aguardo, pois o governador esteve no município, visitou as famílias, viu pessoalmente a situação. Eles estão nesse processo de análise do relatório, para saber o que vão enviar, como vão ajudar. Eu não estou dizendo que eles não vão ajudar, mas a ajuda que a gente tem recebido, até agora, é do aluguel social. Eles estão prometendo também, junto com o governo federal, agilizar o processo do programa Minha Casa, Minha Vida, para ativar para Riachão e ofertar para as pessoas esse benefício. A estrada BA, que liga Riachão a Conceição do Coite já foi consertada por eles, porque estava interditada. A BR-324, que a ponte cedeu, o DNIT já fez a recuperação da ponte. Vamos aguardar o que vai acontecer. Estou aguardando e cobrando algumas ações. 
 
Em janeiro, ainda no período em que a cidade era castigada pelas chuvas, a senhora, em entrevista ao Bahia Notícias, cobrou maior participação do governo estadual nas ações de auxílio às vítimas dos desastres. Até aqui, o governo do Estado teve uma participação mais efetiva neste processo?
Nós que estamos no governo sabemos dos trâmites, das situações. Às vezes, não é tão fácil, não tem licitação. Eu acredito que o governo vai mandar esse apoio. A gente recebeu um aporte de alimentos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Está chegando aos poucos. Não chega em volume muito rápido, mas a ajuda está chegando. Eu acredito que agora, passado o Carnaval, eles vão sentar e agilizar todo este processo aí. Já tive uma audiência com o chefe de Gabinete do governo do Estado, passamos todas as necessidades e ele ficou sentar com o governador para obter essa ajuda do governo estadual.
 

Foto: Una News
 
A prefeitura já fez um balanço de quanto é necessário, em recursos, para reconstruir áreas destruídas pelas chuvas? O município tem condições de arcar com estas despesas, ou terá que buscar ajuda financeira dos governos federal e estadual?
Olha, a situação das prefeituras é de queda de receitas. Agora, a gente tem que ter um socorro financeiro. A gente tá gastando com combustível, por exemplo, pois a gente teve que colocar máquinas para trabalhar. Eu tive que alugar máquinas, para agilizar essa situação das estradas vicinais. Tivemos que fazer recuperação do calçamento, pois muito foi danificado. A de recuperação de uma parede que caiu, um muro que caiu. Muita gente aparece lá pedindo materiais para reconstruir alguma coisa. Nós estamos sentindo o peso da coisa. Nós temos um relatório que a Defesa Civil fez, com o levantamento de quanto é necessário. 
 
A senhora citou a questão da crise econômica no Brasil, que acaba afetando a arrecadação dos municípios. Como este cenário de destruição deixado pelas chuvas pode impactar na situação econômica da cidade, em meio a este período de crise?
Quando a gente tem um planejamento e, depois, a gente tem que mudar ele é complicado. Foi o caso desta enchente. O valor é bem maior do que você planejou. A gente não teve esse planejamento. Emergencialmente, tivemos que comprar equipamentos, para poder fazer com que esse processo não prejudicasse tanto as pessoas. São processos de drenagem, de recuperação de pontes, de estradas, de calçamento, enfim, que não estavam no planejamento. 
 
Depois dos estragos provocados pelas chuvas, o poder municipal pretende fazer um plano de ações para se prevenir das consequências trazidas por fortes tempestades?
Quando esse volume de água vem, tudo acontece. A gente nunca pensou que ia acontecer uma coisa dessas. São coisas da natureza que nunca pensamos que vai acontecer. O que a gente fez é melhorar a qualidade das drenagens, para não acontecer o que aconteceu desta vez. A gente vai ter novos planos, como a gente está fazendo as drenagens, numa ação emergencial. Nós temos que, junto com a coordenação da Defesa Civil, estudar nos projetos que melhorem a situação e não venha acontecer da forma que aconteceu. É isto que estamos planejando. 
 
As eleições municipais estão chegando. No último ano de seu primeiro mandato, a senhora pretende concorrer à reeleição? Há algum receio de sua parte de que este cenário de destruição na cidade, provocado pelas chuvas, junto ao momento de crise econômica nos municípios possa inviabilizar um possível segundo mandato?
Não, eu acho que eleição nós temos que pensar nos três anos de mandato. Não podemos pensar nos seis últimos meses. Nisso aí, eu tenho minha consciência tranquila de que fomos um dos municípios que mais investiu. Fomos uma das cidades escolhidas para o revezamento da tocha olímpica. O critério que eles usaram foi esse, dos municípios que mais investem. O que tem que fazer pra reeleger um prefeito é seu trabalho e isto não é visto pelos últimos meses. Isto não me atinge. Nosso trabalho foi consolidado durante esses três anos. Já estamos recuperando e vamos recuperar. Isto não me preocupa.
 
A senhora pretende se candidatar à reeleição?
Se as pessoas sinalizarem que querem minha reeleição, eu irei tranquila. Se o povo quiser a reeleição, eu concorro. Há discussões no meu grupo político, há entendimentos sobre isto. Mas você está sob o desejo da população. Na minha última eleição, eu ganhei com mais de 2.000 votos de frente. É uma responsabilidade muito grande. Se as pessoas manifestarem esse desejo, vou para a reeleição tranquila. Não me preocupo quanto ao grupo, pois ele entende que deve ser o meu nome, mas eu tenho que ver qual o desejo da população.