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O ganhador do Prêmio Nobel é mais sensato...

O ganhador do Prêmio Nobel é mais sensato...
Foto: Divulgação
No dia 07 de novembro próximo será realizado o XI Congresso do Orçamento Participativo. Será o final de um amplo processo que prosseguiu por dezenas de plenárias populares ocorridas em praticamente todos os bairros e na enorme zona rural de Vitória da Conquista. Os delegados (as) democraticamente eleitos(as) nessas reuniões regionais aprofundarão as análises e decisões sobre as questões financeiras e o destino do município no conclave, passando a conhecer melhor as questões orçamentárias e carências de toda cidade.
 
Nas plenárias realizadas a prefeitura de forma pública e transparente informou à população os recursos financeiros disponíveis no orçamento municipal e dela recebeu valiosa colaboração sobre os problemas e soluções apresentadas por seus moradores. É realmente um aprendizado de lado a lado.
 
Tive o prazer de divulgar os recursos orçamentários    nas reuniões populares. Ressaltando sempre que o valor disponível é insuficiente para todas as necessidades do município, o que exige o máximo rigor e planejamento na aplicação das verbas, objetivo que temos conseguido graças à efetiva participação popular.  Informamos a estratégia financeira que privilegia os gastos em saúde e educação públicas (60% do total), índice que alcança até 88% do total de dinheiro disponível quando se adiciona as outras secretarias-fim, aquelas que prestam serviços diretamente à população. Dessa forma, cada vez mais temos transformado a prefeitura em um ente prestador de   serviços públicos e obras.
 
Também comunicamos que os gastos previstos para os três maiores orçamentos (saúde, educação e mobilidade urbana) têm grande dependência dos repasses do governo federal, principalmente do SUS, do FUNDEB e do Programa de Aceleração do Crescimento/PAC, valores que têm sido cumpridos pelo Governo Federal. Essa relação financeira revela que, infelizmente, a mídia, particularmente a televisão, está exagerando bastante a magnitude e a gravidade da crise existente. Existe uma crise econômica, mas que realmente não é do tamanho que os meios de comunicação apresentam. Creio que motivos estranhos à ciência econômica tentam jogar o povo brasileiro psicologicamente para baixo, diminuir sua alto-estima e disseminar o pessimismo de todas as maneiras. Faço essa observação considerando que o governo brasileiro não está insolvente porque continua honrando suas obrigações com os entes federados. Ora, evidentemente caso a crise fiscal governamental correspondesse à gravidade que é apresentada pelos meios de comunicação, o estado brasileiro não estaria honrando seus compromissos financeiros. Essa observação lembra-me a crise do governo de Fernando Henrique Cardoso que buscando saída para a situação provocada pela sua política neoliberal, descarregou o ônus nas costas dos municípios. Tal medida ocasionou uma forte reação dos prefeitos de todo o país, que organizados pela Confederação Nacional dos Municípios, promoveram a “Marcha dos Prefeitos à Brasília” que foram recebidos pela Polícia Militar e cães.
 
Nas análises políticas e econômicas sempre há enorme margem para dúvidas e incertezas. Mas, uma entrevista publicada no jornal “Folha de São Paulo” no último dia 19 fortaleceram as minhas convicções. O prêmio Nobel de economia de 2008, o respeitado economista Paul Krugman, ao ser perguntado sobre a crise financeira brasileira respondeu em termos muito mais sensatos do que o estardalhaço que tem sido feito na imprensa brasileira. Sobre a classificação de risco promovida pelas agências internacionais privadas em relação ao Brasil, tão divulgada na imprensa, soube dar a devida importância, indicando a relação desses órgãos com os interesses do mundo financeiro internacional. Considera que há evidente má vontade com o Brasil e com os países emergentes denunciando-a como tática dos competidores internacionais para desviar a atenção dos investidores. Resumindo, ressaltou que “isso gera manchetes, mas o que importa mesmo é a percepção”.  O ganhador do prêmio Nobel declarou que os fundamentos da economia brasileira estão sólidos e que, apesar da queda dos preços das commodities e do desequilíbrio fiscal, na crise atual essas condições estão muito melhores do que em episódios anteriores.
 
Essa última afirmação de Paul Krugman nos recorda a crise do governo FHC que atendendo aos ditames do FMI elevou os juros/Selic aos estratosféricos 40% que comparados aos atuais 14,25% revelam que o Brasil vencerá o momento que está atravessando. O estado brasileiro dispõe em torno de 350 bilhões de dólares em reservas cambiais ao contrário da medida desesperada de FHC que contraiu um empréstimo de 40 bilhões de dólares com o FMI (Fundo Monetário Internacional), utilizando a emissão de títulos da dívida pública externa e interna com variação na correção cambial. Essa submissão ao capital financeiro aumentou as dívidas públicas em seis vezes nos oito anos do governo de Fernando Henrique. Não se pode esconder que os mesmos grupos políticos que comandaram aquele período são os mais ferrenhos adversários da administração da presidenta Dilma Rousseff. Por isso é sempre bom a gente analisar as voltas que a história dá.
 
O Prêmio Nobel de economia – Paul Krugman – realmente prestou um grande serviço ao Brasil, colocou a situação econômica brasileira em termos sensatos, indiretamente criticou aqueles que só propagam o pessimismo e o derrotismo, não reconhecimento a grandeza e possibilidades da nação e do povo brasileiro. Ensinou a todos que crises econômicas se vencem com trabalho, otimismo e confiança no futuro.

 * Edwaldo Alves Silva é filiado ao PT

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias