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Cortes na Justiça do Trabalho: Decisão do STF prejudica serviços, avaliam magistrados

Por Cláudia Cardozo

Cortes na Justiça do Trabalho: Decisão do STF prejudica serviços, avaliam magistrados
Foto: Divulgação/ TST
A sociedade vai pagar o preço do corte orçamentário sofrido pela Justiça do Trabalho. É o que afirma a presidente da Associação dos Magistrados Trabalhistas na Bahia (Amatra5), Rosemeire Fernandes, diante da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar válido o corte no orçamento da Justiça do Trabalho. A representante dos magistrados trabalhistas na Bahia diz que a Justiça do Trabalho pode fechar as portas com a decisão e não atender as demandas de trabalhadores que não tem os direitos assegurados, diante da crise financeira que atravessa o país. “Eu, pessoalmente, fiquei muito consternada, perplexa com a decisão, porque, de fato, o corte inviabiliza o funcionamento dos tribunais regionais trabalhistas, de todo o país, pois o corte foi, além de discriminatório, e no nosso modo de ver, houve um grande flagrante de desvio de finalidade, e fere direitos fundamentais”, afirma. A decisão, segundo ela, como foi indicado pelo ministro Celso de Mello, que abriu a divergência no Supremo, é uma “agressão aos direitos fundamentais, uma agressão a Constituição, viola o princípio do não retrocesso judicial, fecha as portas do Judiciário trabalhista, os condena a fechar e as portas e prejudica os milhões de trabalhadores que precisam dele, até mesmo, na situação que o país atravessa”.

Ao Bahia Notícias, Rosemeire diz que desde o fim de 2015, as associações de magistrados e a própria Justiça do Trabalho realiza diversas ações para mobilizar a sociedade e denunciar o risco do corte orçamentário. “Se não houver suplementação, os tribunais começam a fechar as portas, porque já falta dinheiro para pagar contas básicas de água, luz, correio, por exemplo”, afirma. Nesta quinta-feira (30), o Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA) publicou um ato para cumprir a decisão liminar do ministro Luiz Fux, para que todas as unidades judiciais trabalhistas funcionem normalmente, não em horário reduzido para economizar energia elétrica. “A liminar vai ser cumprida, até quando, a gente não sabe”, pondera Rosemeire. A presidente da Amatra frisa que a situação “é muito grave”. “O tribunal tem que manter as condições mínimas de funcionamento, de segurança, com equipamentos funcionando, e garantir a entrega da prestação jurisdicional”, assevera. O corte, para Rosemeire, é claramente discriminatório e que a suplementação no orçamento é necessária. “A suplementação terá que ocorrer, ou a sociedade vai assumir que se decretou o fechamento da Justiça do Trabalho”, indica. Uma reunião no TRT baiano vai discutir o que será feito a partir da negativa do STF.

O presidente da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra), Germano Siqueira, disse que a decisão do STF é arriscada por sinalizar ao Congresso que ele tudo pode, apesar dos ministros terem dito que a decisão é um “voto de confiança” ao parlamento, e que não façam mais cortes na Justiça do Trabalho. “A decisão do STF pode fazer com que o Congresso ache que pode cortar verbas de programas importantes, como do Ministério da Saúde, da Educação, do Bolsa Família, do Poder Judiciário, investigações da Lava Jato, ou do sistema eleitoral”, avalia. Germano ainda lembra que, ao final do julgamento, o relator conclamou a União que faça uma suplementação no orçamento da Justiça do Trabalho. Ele ainda informou que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) já trabalha em um pedido de suplementação, mas que não acontece com a urgência devida. “O presidente do TST tem o dever de buscar a solução orçamentária em um momento como esse”, explicita. Germano ainda diz que o Parlamento, com o corte, buscou quebrar a autonomia do Poder Judiciário e “dificultar o acesso do povo à Justiça”.