Conselheiros da OAB dizem que TJ-BA precisam escutar sociedade sobre titularização de juízes
Conselheiro Osvaldo Camargo | Foto: Reprodução
Os conselheiros rebatem ainda a afirmação dada pelo tribunal de que as comarcas agregadas não têm processos suficientes para justificar sua existência. Para eles, se o serviço não é oferecido, não é demandado. “Quando ele é ofertado, a demanda cresce. Muitas pessoas deixam de recorrer ao Judiciário porque sabem que não terão juízes para resolver processos ou que estes terão resultado postergado para a habilitação de netos”, analisam. Os conselheiros explicam que, no mundo atual, se busca “aumentar a relação juiz-população mais favorável à sociedade; a concepção de jurisdição agrega novos componentes (presença do Estado, prevenção de conflitos, educação, dissuasão do discurso do ódio, fins sociais, etc); a ampliação desejável do acesso à justiça, que é direito fundamental; a razoável duração do processo como direito fundamental igualmente; a potencialização do princípio do juiz natural, a presença do Ministério Público no município, a adequação aos objetivos da República”.
Conselheiro Ubirajara Ávila | Foto: Reprodução
Os membros da OAB frisam que sabem da situação “caótica do Judiciário da Bahia” e que ela não pode ser atribuída a atual gestão, mas que se espera que é que esta “não agrave as distorções que herdou”. “Agora, ao invés de buscar meios para minorar os efeitos e buscar remédio consistente (mesmo que provisórios) que atendam o curso que deveria ser normal, o Tribunal de Justiça nega titularizar juízes substitutos e, ao mesmo tempo, os transforma em juízes itinerantes, com efeito perverso para esses que são obrigados a pular de comarca em comarca e não recebem a verba de substituição”, afirmam no comunicado. “O fato, por seus efeitos danosos, não interessa apenas aos juízes substitutos, nomeados no último concurso. Interessa a todos, porque o Poder Judiciário presta serviço à sociedade e esse não será realmente prestado se um juiz fica um ou dois dias numa comarca, um ou dois dias em outra comarca, e um dia auxiliando juízes de comarca maior, todas já atoladas em processos. Esse tipo de ajuste apenas acumula erros para o futuro. Está na hora de adotar medidas que realmente apontem para soluções mais duradoras, em outras palavras: soluções de legalidade e de política de expansão”, pontuam. A nota ainda questiona se o Poder Judiciáiro não tem o dever de ouvir a sociedade, os juízes e as comunicadas sobre a aglomeração de comarcas. “No atual litígio entre Juízes Substitutos e Tribunal de Justiça, falta ouvir a sociedade. Um bom início para tal coisa é fixar traços iniciais de uma estratégia de desenvolvimento da prestação jurisdicional para ser discutida por todos os interessados”, finalizam.