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Juiz do Rio será julgado por pendurar quadro que critica atuação policial

Juiz do Rio será julgado por pendurar quadro que critica atuação policial
Juiz João Batista Damasceno recebeu apoio de desembargadores
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) julga nesta segunda-feira (10) um caso inusitado contra o juiz João Batista Damasceno, por ter pendurado em seu gabinete o quadro “Por uma cultura de paz”, de Carlos Latuff. A ação foi aberta contra o magistrado por suposto descumprimento de dever funcional. A origem da representação foi um ofício do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ), com apoio de algumas associações de policiais. A Corregedoria do Tribunal fluminense considerou que o quadro tem uma leitura crítica sobre à polícia, e que o ato de pendurá-lo em um gabinete é uma crítica a outra instituição, um comportamento que seria indevido a um magistrado. De acordo com Damasceno, a presidente do TJ-RJ, desembargadora Leila Mariano, é filha de policial, e que isso pesou na decisão. Em setembro do ano passado, em sessão plenária, ela leu o ofício de Bolsonaro, e fez constar em ata que o tribunal mandou tirar o quadro. Antes de ser notificado, o requerido retirou a obra.

O desembargador Siro Darlan, em solidariedade ao juiz, ofereceu “asilo artístico” ao quadro em seu gabinete. No feito, Darlan destacou que o direito constitucional da livre manifestação de pensamento é garantido aos magistrados, que podem defender seu ponto de vista em defesa da moralidade e da causa pública. Ainda em setembro, a Corte fluminense determinou a retirada do quadro do gabinete de Darlan. O desembargador virou alvo de uma sindicância para apurar a conduta, que foi considerada uma “afrontosa à decisão colegiada”. De acordo com o site Vi o Mundo, o quadro de Latuff, junto com outras obras de arte, foram levadas a leilão. O dinheiro arrecadado no pregão foi utilizada para adquirir uma casa para família do pedreiro Amarildo. Quem arrematou o quadro foi a desembargadora Kenarik Boujikian, presidente da Associação Juízes para Democracia (AJD), que o pendurou em seu gabinete no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Segundo Siro Darlan, “esse julgamento também descortina uma prática nada republicana que vige nos tribunais de excluir os que incomodam e contestam essas práticas excludentes. O tribunal serve a uma minoria que o comanda de acordo com suas conveniências e interesses. Já vi magistrados sendo perseguidos por ousarem ler fora dessa cartilha conservadora e conivente.”