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'Bundas’ dominam Carnaval de Salvador e compositores comentam sobre sucesso do tema

Por Júnior Moreira

'Bundas’ dominam Carnaval de Salvador e compositores comentam sobre sucesso do tema
Montagem: Bahia Notícias

No final de 2017, Lulu Santos se viu no meio de um furacão ao postar no seu Twitter a seguinte mensagem: "É tanta bunda, polpa, bum bum granada e tabaca que a impressão que dá é que a MPB regrediu para fase anal". Foram apenas 105 caracteres, mas o suficiente para o artista ser bombardeado por todos os lados como alguém que rejeita as letras consideras reflexos das camadas mais populares e, geralmente, esquecidas pelo poder público. Para piorar, a frase do técnico do “The Voice Brasil” foi ecoada no mesmo dia do lançamento da última tacada de Anitta - com o projeto Check Mate -, a tão comentada “Vai Malandra”, que exibiu frames das nádegas da carioca ao longo do vídeo. Passados dois meses, os balanços do Carnaval começam a ser divulgados e qual não é a surpresa ao verificar que as “bundas”, através do funk, dominaram as escolhas do público. Aqui em Salvador, a Playax, empresa de dados e estratégia de audiência de música, levantou, a pedido do jornal Correio, as três músicas mais executadas pelos soteropolitanos durante os dias 8 e 13 de fevereiro, período oficial da folia. Na liderança ficou “Que Tiro Foi Esse”, da Jojo Todynho, com 700 mil visualizações, sendo o ranking completado pelo hit de Anitta, “Vai Malandra”, e “Rabiola”, do MC Kevinho. As duas últimas tratam do “bumbum”.  Ao analisar o top 10 de duas das principais plataformas digitais de músicas, neste período, o tema seguiu firme. No Deezer ficou assim: “Vai Malandra” (1º); “Ta Tum Tum” (2º), MC Veinho, Simone & Simaria; “Rabiola” (4º); “Envolvimento” (7º), Mc Loma e As Gêmeas Lacração e “Agora Vai Sentar” (10º), Mc Jhowzinho, Mc Kadinho. Já no Spotify, os destaques foram: “Vai Malandra” (1º); “Agora Vai Sentar” (2º); “Rabiola” (5º) e “Amor de Sua Cama” (10º), Felipe Araújo, que apesar de sertaneja contém teor sexual.

(Foto: Tierry e Magno Santanna | Bahia Notícias)

Com o protagonismo evidente de letras sobre este assunto, o Bahia Notícias quis saber a opinião de alguns compositores. Tierry, por exemplo, um dos maiores hitmakers do Brasil, defendeu a existência. “Acho que música, independente do gênero, tem que ser feita. Se fala de bunda, se fala do que for, se é o povo que está consumindo, pedindo, acho que tem que ser feita. Contudo, acredito no limite. Por exemplo, essa música que foi tirada do Spotify, o menino fazia apologia ao estupro. Então, assim, esse tipo tem que ser banido da sociedade, pois o mundo já está um caos. Não temos como permitir uma atrocidade dessas”, aponta o artista em relação à faixa “Só Surubinha de Leve”, de MC Diguinho, que quando saiu da plataforma digital estava em primeiro lugar entre os Virais do Brasil. Em seguida, o baiano respaldou seu argumento: “Acho que realmente temos que ir de acordo com a maré. Vejo muitos artistas criticando esse tipo de canção e claro que a gente precisa dar valor a outros tipos de letras, porém é um fato que textos que falam sobre amor, papo do dia-a-dia, não fazem tanto sucesso. Temos que entender. Criticar não vai mudar. Cada coisa no seu momento”, encerrou. Entretanto, o também compositor Magno Santanna explicou que pedidos com esse teor não costumam chegar para ele. O baiano, que é responsável por versos de “Vou Te Amar o Ano Inteiro” (Bell Marques), “Vai Vendo” (Lucas Lucco), “Os Anjos Cantam” (Jorge e Mateus) e “Desce com a Gente” (Harmonia do Samba), reforçou não ter nada contra essa fase fonográfica. “Os cantores costumam pedir músicas com possibilidades para coreografias. Às vezes, dão um tema para fazer em cima disso. Geralmente, não chegam pedidos com bunda para mim, mas isso está tão forte que ‘Elas Gostam’ ganhou vários troféus”, argumentou, lembrando o recente sucesso de Márcio Victor com Àttooxxá. “Tento fazer letras que agradem crianças e pessoas mais velhas. Não quero que fiquem ruins para esses públicos”, retifica e complementa. “Essas músicas sobre bundas são fáceis. Não tem erro nenhum, sabe? Todo mundo está fazendo esse estilo de música. Sou a favor da música, da alegria, que as pessoas dancem”, garantiu. Depois, pontuou que pode ser uma fase, como já tinha dito Tierry. “Toda hora a música muda, assim como os temas. Pode ser que passe rápido”.

 

Outros tempos

 

Como mostrado, esse levantamento não levou em consideração as rádios locais - que este ano se esforçaram para apresentar as apostas dos baianos  -, pois evidenciou as escolhas das plataformas online. Contudo, de acordo com o Connectmix, que traçam o ranking das mais executadas no sistema sonoro, o top 3 do gênero Axé, durante o período momesco foi “Lacradora”, Claudia Leitte e Maiara e Maraísa, com 31415 execuções, seguida de Ivete e Mc Livinho com “Cheguei Pra Te Amar”, (29875 execuções) e Léo Santana na faixa “Várias Novinhas” (20320 execuções).  As 10 mais ainda são completadas por “Baldin de Gelo”, “No Groove”, “À Vontade”, “Encaixa”, “Banzeiro” e “Sarrando”. Por fim, se o Axé acabou ficando em segundo plano para as "bundas", mesmo na festa que o tem como forte, nem sempre foi assim. Segundo o jornal O Dia, as músicas “Praieiro”, de Manno Goés, “País Tropical”, Jorge Ben Jor, “Não quero dinheiro”, Tim Maia, e “Quebra aê”, Durval Lelys, ocupam parte do top 10 das mais tocadas no período desde 1999. O ranking considera músicas que estouraram até 2017. O quadro ainda é encorpado por “Eva” (Katamar/Ficarelli/Umto), “100% Você” (Alexandre Peixe/Beto Garrido), “Arerê” (Alaim Tavares/Gilson Babilônia), “Na Base do Beijo” (Rita Mendes/Alaim Tavares), Lepo Lepo (Magno Santanna/Filipe Escandurras e “Parara” (I'm Soul Good) (Tomate/Diego Nascimento).