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Sanfoneiro Targino Godim aponta 'destruição' de festas juninas e defende tradição

Por Bárbara Gomes

Sanfoneiro Targino Godim aponta 'destruição' de festas juninas e defende tradição
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Com a defesa pelo “forró de verdade”, o sanfoneiro e interprete Targino Godim, assim como outros forrozeiros, tem lutado pela tradição do São João no Nordeste. A partir das referências musicais em Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino e Dominguinhos, o músico tem exaltado a partir desses nomes “o respeito aos modos como foi criado o gênero”. Ao iniciar o período em que sua agenda de shows fica mais movimentada, Targino defende a áurea da festa junina com fogueira e sanfoneiro tocando nas praças. “Eu fui menino assando milho na fogueira, ensaiando quadrilha noites e noites. Meu pai trazia lenha e saía pelas ruas para quem quisesse pegar e fazer sua fogueira na noite do São João. Isso está se acabando. É um sinal de uma destruição do que foi construído por anos e anos por nossos avós. A festa de São João é de família e hoje isso tá mudando, é só uma festa que vemos em qualquer lugar”, avaliou o cantor, que destacou a descaraterização do evento com a presença de artistas de outros ritmos.

 

Targino pontuou que há músicos que se apoderam do forró, mas não tocam tal gênero. Ele ainda explicou que, por isso, não gosta de ser classificado pelo que faz como "pé de serra”. “Não gosto da nomenclatura que o meu forró seja o pé de serra. Com esse termo a gente dá espaço ainda mais para as bandas que se chamam de forró se apoderem ainda mais do nosso termo. Os jovens podem crescer achando isso, que quem faz forró é o ‘ciclano do forró’, banda do forró [usando como exemplo Aviões e Wesley Safadão]. Gosto do balanço deles, não tenho nada contra, mas não nos representa”, afirmou o sanfoneiro, ao criticar a invasão de sertanejos do Sul e Sudeste e dos “Forrós Elétricos” na festa junina. “Quem tem que tocar são os sertanejos do Nordeste. Os sanfoneiros, os que vivem sempre fazendo isso, que trabalham e aguardam esse momento pra mostrar nosso trabalho e a nossa cultura”, ressaltou.

Targino relembrou ainda a polêmica envolvendo Elba Ramalho e Flávio José, ao criticarem o São João de Campina Grande, na Paraíba, por apresentar uma grade de shows com a predominância dos sertanejos universitários. "Bato palmas para eles, por não terem medo de falar”, disse o músico, que também criticou a grade de shows da cidade de Petrolina, na Bahia, e junto com outros forrozeiros iniciou a campanha “Devolva meu São João”. “Mesmo estando na grade de shows eu critiquei. A campanha é muito mais que ‘me contrate’. Não tenho do que reclamar dos meus shows, junho tá todo vendido. Mas eu reclamo da falta da tradição. A prefeitura pode reclamar, ou algumas não me contratarem. Mas eu vou defender”, garantiu.

 

Porém, para Targino Godim, nem tudo está perdido. O artista parabenizou a cidade baiana Cruz das Almas por manter a “essência do forró” com uma programação que valoriza o gênero. “Na noite do dia 24 de junho eu toco no Pelourinho e depois em Cruz vou dividir o palco com Santana e Flávio José. Todos os dias a cidade está preservando o São João. É um lugar que eu indico. Tem outras cidades também como Uauá, mas que não fiquem chateadas comigo as outras... É que Cruz das Almas tá dando um grande exemplo”, destacou o cantor, que fez dois shows neste sábado (10) e que, a partir do dia 13 de julho, terá 18 apresentações durante um período de 18 dias.