Poucos dias após o Carnaval, festas de Salvador mudam foco e entram no clima do São João

Muita gente ainda pode estar colhendo os efeitos do Carnaval 2017, sejam eles nas paqueras que se efetivaram, saudade do clima dos quase 15 dias de festa, ou até mesmo na famosa virose pós-folia, este ano apelidada de “Santinha” - graças ao sucesso da canção de Léo Santana. Porém, para a lógica mercadológica, o tênis desgastado já foi definitivamente substituído pela sandália de couro e, com isso, o axé começa a ceder lugar para o forró. O arrastão da Quarta-feira de Cinzas foi no dia 1º de março e, passada pouco mais de uma semana, Salvador já recebia o primeiro ensaio junino. O nome era "Esquenta de São João" e entre as atrações estava o cantor Norberto Curvêllo, que ficou famoso ao comandar por 13 anos o grupo Cangaia de Jegue. “Acho essa virada sensacional. Na verdade, a galera do forró fica esperando o Carnaval acabar para começar a época deles. O Baiano gosta de festa, né? E é bom, pois enquanto uma é mais pra cima, em clima de solteirice, a outra é mais fria, pra dançar coladinho”, inicia em entrevista ao Bahia Notícias. “Agora é o nosso momento e fazemos a preparação parecida com os artistas que puxam o trio. Sem falar que a quantidade de dias também é semelhante”, lembra.

(Montagem: Noberto Curvêllo e Léo Macedo, respectivamente)

Outro artista que se prepara para a maratona de shows é Léo Macedo, vocalista do Estakezero. A banda baiana é uma das mais conhecidas do seguimento e comandará seu primeiro ensaio no próximo dia 24, com participação de Seu Maxixe e Falamansa. “É um movimento natural de anos, é tradicional. Vai acabando o clima de verão e as pessoas se voltam para o São João. O Estakazero tem essa característica de antecipar os festejos com os ensaios”, pontua. Ele aproveita para celebrar essa mudança do foco na indústria das festas. “É importante para não ocorrer uma saturação, né? A gente fica fora da mídia durante o verão e com muita tranquilidade encaro isso. Prefiro descansar e recarregar as baterias”, assume. Prova dessa alternância é o aumento, nos últimos dias, de mais de 100% pela procura de aulas de forró na unidade Rosas da academia Hammer, na Pituba, comandadas por Lucas Rafael. O professor ensina no empreendimento há dois anos e celebra o momento: “Todos querem arriscar uns passinhos, mesmo os mais tímidos. Afinal, forro bom é aquele dançado a dois. Muitos têm o desejo de realizar os giros do forró universitário”, comenta aos risos.

(Foto: Zelito Miranda)

Para quem dispensa as aulas e procura apenas colocar o ritmo em prática, uma opção gratuita é o retorno do cantor Zelito Miranda, com a primeira edição da 8ª temporada do projeto Forró no Parque, neste domingo (19), a partir da 11 horas. O evento, que este ano volta ao Parque da Cidade, no Itaigara, contará com a participação de Maciel Melo e reverenciará São José, que, segundo a tradição nordestina, é responsável por garantir a chuva e boa colheita. “É tão lindo ver que o forró superou essa certa rivalidade entres as festas, né? Só na Bahia, 417 cidades festejam o São João simultaneamente. É a maior festa do Estado, pois o Carnaval é grande só aqui na Capital. Além disso, vários bairros já comemoram também”, festeja o veterano. Entre os baianos que aguardam ansiosamente pela época do “arrasta pé” está o estudante John Queiroz, 26 anos. Natural de Valença, região do Baixo Sul, e residente em Salvador há quase 3 anos, ele brinca inicialmente ao dizer que gosta é de festa e depois assume: “Sou apaixonado por São João, mais do que pelo Carnaval. Claro, acho que cada um tem seu lugar. Porém, acredito que por ser do interior vejo o clima de forma diferente”, contextualiza. Por fim, além das festas listadas, já estão agendados diversos outros eventos, a exemplo do Forró das Antigas, no dia 8 de abril, no Wet’n Wild, que terá entre as atrações Limão com Mel, Magníficos e Mastruz com Leite.  Os ingressos variam entre R$ 45 e R$ 90.