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'Para mim, a maior festa da Bahia é o São João', diz Chambinho do Acordeom

Por Aymée Francine

'Para mim, a maior festa da Bahia é o São João', diz Chambinho do Acordeom
Forrozeiro faz show neste sábado (21). Foto: Bruna Castelo Branco / BN
Intérprete de Luiz Gonzaga jovem no filme 'Gonzaga - de Pai para Filho', Nivaldo Expedito de Carvalho, o Chambinho do Acordeon se apresentará neste sábado (21) em Salvador na festa #TomeForró, ao lado da banda Melaço de Cana, no Coliseu do Forró (Av. Otávio Mangabeira - Patamares), a partir das 22 horas. Já na cidade, o cantor esteve no Bahia Notícias e falou sobre sua história com a música. "Sou nascido na Zona Zul de São Paulo, filho de piauienses. Em 88 eu fui morar em Jaicós, no Piaui. O meu avô tocava sanfona e era afinador, e o meu tio estava no auge como um dos melhores sanfoneiros da região. Quando eu voltei e trouxe a sanfona, depois de 3 anos, pra Zona Sul ja estava na pré-adolescência. Aí no colégio tinha o grupo do pessoal do hip hop, os rockeiros e os sambistas. Fiquei me sentindo meio um peixe fora d'água nesse ambiente, né? Mas aí eu comecei a cantar samba. Porque ele é muito parecido com o forró. Se você for ouvir o Zeca Pagodinho, vai ver que tem muita semelhança com o forró. Depois fui estudar piano, passei a minha adolescência tocando teclado, né? Com samba, MPB. Ao mesmo tempo, tinham uns mineiros na minha rua que se juntavam pra tocar Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho. Até que surgiu o movimento do forró universitário. Em 2000 eu comecei a tocar com a Banda Caiana. E daí pra frente não parei mais", contou o sanfoneiro de 35 anos. A todo o tempo, Chambinho não deixa de falar em suas referências musicais, que estão inclusas no seu repertório."No início eu fui convidado para tributos à Luiz Gonzaga e o contratante geralmente dava uma lista com repertório, queria que cantasse essa, essa e essa. Passados 3 anos, meu repertório mudou um pouco. Toco Alceu Valença, Falamansa, Dominguinhos, Trio Nordestino, Flávio José - que é uma grande referência. Eu gravei um CD de músicas inéditas que teve a participação de Raimundo Fagner, Flávio, Targino. É lógico que as pessoas falam da semelhança com Luiz Gonzaga jovem, mas antes do filme eu já vinha com uma história", comenta Nivaldo, que desde os 12 anos toca sanfona.
 

 
Adepto assumido do forró mais antigo, o cantor e ator, ainda falou sobre como a indústria musical mudou, e disse que hoje o seu gênero está perdendo espaço no mercado. "Acho que a música e o mercado está muito exigente. Agora tem essa coisa de estudar o marketing, o mercado, aquela coisa instantânea, a música chiclete, o sucesso de 15 dias. Então eu não sou contra. Cada um faz a música que acredita, eu faço o que eu acho que me faz feliz. Já chegou um empresário lá em casa oferecendo carreta de som. Me perguntou 'quem você quer que participe do seu CD? Colocou uma lista de pessoas que eu fiquei maravilhado. Mas a moeda de troca... Como eu disse, o mercado é muito exigente. Uma banda como o Aviões, eu não sei ao certo o número, mas eles devem empregar umas 300 pessoas. Eles dependem do sucesso pra manter essas pessoas. Então, é trabalho, né? Mas culturalmente falando, acho que quando se mistura muito as coisas e os ritmos não é forró", comenta. Ao lado de seu acordeon, Chambinho continuou o desabafo criticando a união dos artistas do ritmo. "O que falta é empreendimento. Uma dupla sertaneja, começando, e consegue patrocinadores, o patrocinador banda uma assessoria de imprensa. Tudo isso, no final, influencia. Eu dei muita sorte de entrar num projeto tão grande, e nem imaginávamos isso. Pensamos que era um projeto menor. Mas eu já vinha há anos batalhando. Tocando nos bares, acompanhando cantores e sentia essa falta. E também, o que falta muito no forró é um pouco mais de união. Diferente do sertanejo, que se une, lembro até do programa AMIGOS. O forrozeiro olha outro pensando 'esse cara tá chegando e vai tomar meu espaço'. Se você pensar, o Targino vai pra TV, aí aparece uma lista de outros sanfoneiros e ninguém vê. O que falta é a união.  O forró que eu faço está meio escondido. Se você colocar no Youtube aparecem milhares de sanfoneiros bons. Uma coisa que eu acho bacana do sertanejo, por exemplo, é que no meio do show eles geralmente colocam uma moda de viola e relembram Tonico e Tinoco, essas bandas. Isso é muito importante, e não tem no forró", destaca.
 

 
Paralela a vida como cantor, Nivaldo irá atuar novamente no cinema. "Vou fazer uma trilogia de Lampião. Que é do Paulo Goulart Filho e do Bruno Azevedo. Eu fui convidado para fazer um dos cangaceiros, o Sabino, que é o poeta do bando. Tá previsto pra início de julho as filmagens. Mas a gente sabe que cinema é muito complicado, né? Se música é difícil, cinema é uma logística absurda, né? Eu acho que as artes caminham juntas", conta o ator que ganhou destaque nacionalmente após seu personagem no filme que conta a história do Rei do Baião. Diferente de muitas celebridades, a fama nas telonas, não fez com o que Chambinho mudasse o rumo de sua carreira. "Mudou tudo, mas eu não perdi a essência. Minha família sempre falou 'Ah, você toca sanfona, mas vá estudar outra coisa!', sabe? E o filme realmente veio como um divisor de águas na minha vida, trouxe uma projeção nacional, me ajudou muito, mas também me trouxe um problema. Porque depois do filme, durante a divulgação, eu não tive muita oportunidade de me mostrar como sanfoneiro, dizer que eu vivo disso, que toco sanfona. Precisava falar sobre o roteiro do filme, da superprodução, um projeto de sete anos. Mas eu tive que até aparecer num programa de TV, e isso se tornou até piada. Porque ele perguntou "mas você toca sanfona de verdade?" e eu fiz 'muito obrigada! eu sou é sanfoneiro!'", completa.
 
 
No São João 2015, a agenda do cantor já está abarrotada."Tem muita coisa no interior do estado. Cruz das Almas, Cabaceiras do Paraguaçu, Santo Estevão, provavelmente Lauro de Freitas. Depois vamos pra Macaúbas, Boquira, Jacaraci, Petrolina. Cruz das Almas e Cabaceiras é o terceiro ano que a gente vem. Ano passado teve um show muito bom em Amargosa, 120 mil pessoas. A Bahia é uma potência do São João. Tradicionalmente pro resto do país falam muito de Campina Grande e Caruaru, pela tradição e por ser o mês inteiro. Mas na Bahia são mais de 400 municípios, e cada um com pelo menos 3 noites de festa. Eu discordo muito quando dizem que a maior festa da Bahia é o carnaval, pra mim é o São João", disse Chambinho, destacando a festa baiana e a música forrozeira local. "A Bahia é um celeiro de grandes forrozeiros, desde a geração do Trio Nordestino. Como compositor, o próprio Gordurinha. As pessoas pensam que ele é do Ceará né? Por causa da música "Súplica Cearense". Tem muita gente boa chegando aí, uma nova geração também", finaliza.

#TomeForró
Atrações: Chambinho do Acordeon e Melaço de Cana
Quando: ​Dia 21 de março (sábado), a partir das 22h
Couvert: R$ 25 (feminino) e R$ 30 (masculino) 
Onde: Coliseu do Forró
Endereço: Av. Otávio Mangabeira - Patamares
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