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De gerações diferentes, Sarajane, Vina Calmon e Mari Antunes falam da força das mulheres no axé

Por Júlia Belas

De gerações diferentes, Sarajane, Vina Calmon e Mari Antunes  falam da força das mulheres no axé
Fotos: Divulgação
O primeiro dia de 2015 em Salvador contou com uma homenagem da cantora Daniela Mercury à presença feminina nos 30 anos de axé music. Para o tradicional Pôr do Som, na Praça Cayru, Daniela convidou artistas como Claudia Leitte, Marcia Freire, Sarajane, Margareth Menezes e Márcia Short para o palco do Réveillon soteropolitano. Pouco mais de três meses depois, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o Bahia Notícias conversou com algumas representantes do axé music para entender as dificuldades e conquistas das representantes do gênero. Para Sarajane, considerada como a primeira rainha do axé e que marcou a sua carreira com o sucesso "A Roda" nos anos 80, a voz feminina se tornou uma referência. "Quando eu trouxe a música dos guetos, dos blocos afros, os nossos queridos africanos para o grande salão que era o Carnaval, eu trazia uma referência diferente", contou a artista ao Bahia Notícias. Uma das revelações do Carnaval 2015, a cantora Vina Calmon, da banda Cheiro de Amor, vê que as pioneiras são responsáveis pela grande força feminina no axé. "Eu acho que o mercado da axé music sempre foi muito democrático, e não é à toa que as mulheres sempre tiveram um papel muito importante na construção dessa história. Basta puxar o histórico. Tem Sarajane, Laurinha, Márcia Freire, Daniela Mercury... São muitas", comenta.
 

Sarajane, a precursora do axé com o sucesso 'A Roda'. Foto: Fábio Meneses / Ag. Haack / Bahia Notícias
 
O diferencial feminino, para Sarajane, é a maneira como as mulheres interpretam as canções. "A mulher canta a música baiana de uma forma serena. Ela interpreta com alegria, amor, é fascinante", aponta. Vina acrescenta que uma redução do preconceito mostrou que o axé é um espaço para todos os estilos. "O que eu acho é que ainda existia um pouco daquele 'pré-conceito' de estilos de homem e de mulher. Talvez não seja nem algo pensado, apenas aquele 'senso comum' que já estava ali e as pessoas tomam um choque quando surge algo novo no meio, como a Pitty, quando surgiu no rock. Hoje, se olharmos o panorama mundial da música, é impossível não citar mulheres de destaque em todas as vertentes", opina.
 

Vina Calmon, vocalista da tradicional banda Cheiro de Amor. Foto: Joilson César / Ag. Haack / Bahia Notícias
 
As cantoras ainda são unanimidade ao falar das dificuldades ao entrar no mercado. Sarajane, que teve que deixar o grupo Novos Bárbaros por causa de uma gravidez, não se arrepende da escolha. "Eu era uma criança adulta. Tinha uma mãe e irmãos para sustentar e, na adolescência, tive dois filhos. Mãe solteira, criar filhos sozinha não é fácil, mas hoje os vejo como um triunfo. Criei cinco filhos, três deles casados e já com filhos. Tenho vida porque os pari, eles são a minha força", contou a cantora. Vina não é mãe, mas revelou ao BN que é difícil assumir uma carreira. "Não é fácil sair de lá de Santa Maria da Boa Vista (PE) e assumir uma banda como o Cheiro de Amor em tão pouco tempo. É muita correria, uma vida praticamente sem rotina, com ensaios, shows, viagens, gravações e entrevistas. Lidar com tudo isso e ainda ter tempo de me cuidar é um grande desafio", avalia. Já Mari Antunes, do Babado Novo, reclama da dificuldade entre manter a vida pessoal e a profissional.  "Acredito que hoje em dia a maior dificuldade é se firmar no mercado. Conseguir conciliar a vida pessoal com a profissional que anda muito corrida. A agenda anda cheia, graças a Deus, porém estou tirando de letra".
 

Mari Antunes, vocalista do Babado Novo. Foto: Mauro Zaniboni /Ag Haack
 
As cantoras, no entanto, lamentam as cobranças com relação à boa forma. "Na minha época, a principal dificuldade era quando você engravidava. Hoje, as meninas ainda têm que ter uma estética que não existe, como mulheres-bonecas, malhadas, pele lisinha. Voz, para mim, é como espírito: não tem cor, forma. Tem apenas que cantar bem", afirma Sarajane. Vina, que tem um ano à frente do Cheiro, também falou sobre a exposição. "As dificuldades que eu enfrento não são exclusivas do mercado da música na Bahia. Ao escolher estar à frente de uma grande banda, acabo tendo uma exposição maior, e assim acabo meio que 'dando a cara a tapa'. A mesma pessoa que, de repente, cria o título de 'musa' é a que depois diz que você está com uma celulite aqui e outra ali", disse.