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Entrevista

Banda De Mainha abre portas ao poder feminino: 'Não somos brinquedos'

Por Júnior Moreira

Banda De Mainha abre portas ao poder feminino: 'Não somos brinquedos'
Foto: Caio Lírio/ Bahia Notícias
A banda De Mainha está em constantes mudanças. Desde seu surgimento em 2014, o grupo passou por algumas formações, mas há 6 meses é liderada pela camaçariense Dammys Monteiro. A cantora que já participou de seletivas dos programa Ídolos, da Record, e The Voice Brasil, Globo, afirma que a ideia do conjunto é "colocar a mulher no centro das coisas, tanto para o lado de força feminina, quanto para o lado romântico. As músicas são pensadas dessa maneira. Buscamos mostrar os pensamentos reais das mulheres e deixar claro que não somos um brinquedo das propagandas comerciais". Para isso, o grupo propõe uma mistura do sertanejo com ritmos tipicamente baianos, como axé e pagode, e um repertório que vai desde a sua autoral "Se liga no Recado" até releituras de Wesley Safadão, Anitta, Pablo, Tayrone, Aviões do Forró, Luan Santana, e Gustavo Lima. Em entrevista ao Bahia Notícias, a banda revelou suas influências, desafios e mudanças.

A banda De Mainha é de Salvador e você assumiu o comando há 6 meses, mesmo fazendo shows em Camaçari. Como surgiu o convite?  

A minha formação musical é de barzinhos em Camaçari. Sempre toquei na noite lá e em uma das apresentações, o percursionista da banda me viu cantando e acabou indicando meu nome para fazer o carnaval; uma espécie de freelancer. Eu fui e as pessoas curtiram meu trabalho e depois foi feito o convite para continuar no comando. E de lá pra cá, as coisas têm dando muito certo. 

Qual a atual proposta da banda? E como você definiria o estilo musical? 
O conceito da banda é colocar a mulher no centro das coisas, tanto para o lado de força feminina, quanto para o lado romântico. As músicas são pensadas dessa maneira. Buscamos mostrar os pensamentos reais das mulheres e deixar claro que não somos um brinquedo das propagandas comerciais. Quanto ao estilo, estamos em produção de um novo CD, em que haverá uma reconstrução musical, mas, basicamente, De Mainha, agrega a base do sertanejo com outras referências da Bahia, como o Axé, algumas células do pagode, até o forró, com o vanerão compõe a nossa mistura. 

Durante o carnaval de 2016, a banda adotou o nome De Mainha Elétrica, essa versão mais agitada vai permanecer?
Quando a banda foi fundada em 2014, o nome era Forró de Mainha. No momento em que assumi para o carnaval, decidimos modificar para De Mainha Elétrica, pois trazia sentido para o que estávamos preparando. Hoje, seguimos como De Mainha. 

  

A música de trabalho é "Se liga no Recado", de Nêgo John e Papito. A canção aborda o poder da mulher e remete às músicas desde Simone e Simaria até Anitta. Foi essa a ideia? Como está sendo a recepção do público?  
É uma música que mostra a independência da mulher. Somos livres e, por isso, a canção trata de uma figura feminina que escolhe realmente com quem ela deseja se relacionar. Não é porque um cara roubou um beijo; ou porque ela ficou com ele uma noite, ele adquire o direito de fazer o que quiser, sabe? Pra ela foi só aquela momento e tá tudo certo. Busca quebrar aquele pensamento comum que "se namorar tem que casar" (risos). Hoje em dia, não é assim. Pagamos nossas dívidas; viveremos de acordo com nossos desejos. Então, a música mostra que ela não precisa de um cara para direcionar sua vida. As críticas têm sido construtivas. O projeto vem crescendo e as pessoas têm aceitado de uma maneira bem positiva. Com muito trabalho, estamos conquistando nosso espaço. O mercado é insistência, né? A concorrência é imensa, mas ao buscar diferenciar o produto, com essa adaptação do sertanejo para a cara da Bahia, o resultado chega. Tá sendo muito gratificante mesmo.  

Apesar das músicas fortes, de poder, e solteirice, você é casada há anos.  É "Mainha" que manda em casa também? 
Sou casada, mas é "Mainha" que manda lá também (risos). A música não mexe só com as solteiras. Todas as mulheres se identificam com a banda, até pelo poder que conquistamos. Como já disse, não dependemos dos nossos maridos. Trabalhamos, cuidamos da casa, dos nossos parceiros, caso desejarmos, mas principalmente, somos livres. O Alisson é uma espécie de produtor pessoal (risos). Nós temos uma relação de cumplicidade. Fui muito abençoada, pois é um cara que me apoia em tudo; está sempre do meu lado. Ele sempre acreditou em mim, sabe? Às vezes, mais do que eu e minha família. E se hoje estou aqui, ele tem muita contribuição nisso.  

A banda já tocou com outros artistas, como Tony Salles, com a banda Avenida 7 e Duas medidas. Como foi esses encontros?  
Nosso show de estreia foi com Tony Salles. Eu fico muito honrada, pois são pessoas que já erámos fãs e agora temos uma espécie de amizade e parceira. Com o tempo, vamos construindo os laços e tudo isso tem somado positivamente. São super generosos.   

Dammys, quais são suas maiores influências artísticas?  
Sem sombra de dúvidas, Ivete Sangalo. Sempre influenciou muito na minha carreira. Sou fã de carteirinha. Mas adoro também o Harmonia do Samba, a Daniela Mercury, Claudinha. Como venho de barzinho, Fagner e Zé Ramalho me formaram também. Enfim, a música popular brasileira mexe muito comigo e é o que tento traduzir no meu trabalho.   

Você já era conhecida em Camaçari, mas aqui em Salvador está no começo. Como está sendo esse início? Já consegue perceber diferença da Dammys dos barzinhos para a de agora? 
A Dammys do barzinho ainda tá aqui, mas hoje é muito mais madura. Meus ideais estão mais definidos. Estou tendo a oportunidade de trabalhar com músicos experientes e que me passam diversas dicas. É uma família que me ajuda a crescer sempre. Agradeço muito a Salvador. Os artistas daqui nos abriram as portas, assim como o público e os veículos de comunicação.  

De Mainha participou do Forró do Nacci, que é uma instituição que cuida de crianças com câncer. Qual a lição que você tirou desse show?  
Faltam palavras para mensurar a magnitude desse evento. Foi uma festa que tocou em mim. Às vezes, esquecemos de agradecer pelo que temos e lá percebi que aquelas crianças estampam felicidade, coragem e luta pela sobrevivência. Eu sou apaixonada por criança e dar de cara com elas naquela situação me deixou muito sensibilizada. Nós apoiamos a causa, compramos o discurso mesmo. O show foi ótimo. Quero voltar mais vezes. A lição que tiro é colocar em prática o amor ao próximo. Mesmo que não possa colaborar financeiramente, ajude com carinho.   

Você participou das seletivas do Ídolos e do The Voice Brasil. Acha que esses programas contribuíram na sua carreira? De qual forma? Participaria novamente?  
A vida é feita de seleções. Os programas foram muitos criteriosos e me ensinaram a ficar mais tranquila; a entender que a vida não é só aquilo; que não acaba com um "não". Ao ser eliminada, levantei e sacudi a poeira. Me fez ter forças para receber outras negativas, sabe? Pois na vida de cantora é o que mais acontece. Sinceramente, não me vejo mais em um programa de calouros. Sou Dammys Monteiro, tenho uma estrutura. Hoje, participaria de uma coisa mais profissional. A mídia vai me trazer um espaço, mas não encaro mais esses programas como uma porta de entrada. Já temos uma equipe. Nosso empresário nos dá toda uma estrutura que não vejo necessidade de participar novamente.  

Como enxerga a De Mainha daqui a 10 anos? 
Desejo que nosso som tenha conquistado o país. Sonhar é permitido e viva quem pode sonhar! Antes, meu almejava ter uma banda; dar entrevistas e hoje estou aqui. Estamos dando o primeiro passo e com o tempo iremos conquistar o mundo, se Deus quiser. Sonho alto, não tenho medo. Como diria o ditado mais velho do mundo: "O não você já tem. Vá atrás do sim!"

Veja a passagem da Banda De Mainha pelo Bahia Notícias: