Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Matheus e Kauan falam sobre Carnaval e sucesso: ‘Nossa maior agenda é no Nordeste’

Por Aymée Francine

Matheus e Kauan falam sobre Carnaval e sucesso: ‘Nossa maior agenda é no Nordeste’
Foto: Estela Marques / Bahia Notícias
Eles vieram pela primeira vez em Salvador em 2014. De lá pra cá, Matheus e Kauan deixaram de ser mais uma dupla sertaneja para ganhar o reconhecimento dos soteropolitanos e uma dos grupos sertanejos mais requisitados da cidade. Prova disso é que, em 2016, os irmãos tocam pela quarta vez no Carnaval de Salvador e, ao Bahia Notícias, falaram sobre o sucesso fora do eixo sul-sudeste. "Hoje a maior agenda de show da gente é no Nordeste. O Nordeste abraçou a gente de uma forma muito especial, a gente faz shows pra 20, 30 mil pessoas, e muito especial. A gente tenta retribuir esse carinho todo, porque são pessoas muito acolhedoras, gostam muito da gente", contou Kauan. Aos 21 anos, Matheus é compositor de mais de 700 músicas, entre hits de Luan Santana, Cristiano Araújo e, neste ano, uma novidade: concorre ao prêmio de música do carnaval com "Vai que Cola", interpretada pelo amigo Filipe Escandurras e os Filhos de Jorge. Veja a entrevista completa!

Meninos, me corrijam se eu tiver errada, vocês se apresentaram pela primeira vez em Salvador em 2014, certo? De lá pra cá muita coisa mudou na carreira de vocês. E com o público soteropolitano?
K: Então, a gente ficou muito feliz com a galera ter abraçado a gente de uma forma muito legal. A gente nem esperava ser da forma que foi. Já é a quarta vez que a gente vem pro carnaval de Salvador e a gente tá muito feliz com o resultado do nosso trabalho. A gente vem fazer show, a Bahia inteira, praticamente, canta nossas músicas. Então a gente tá muito feliz com esse resultado e espera que ele dure por muitos anos, aí.
 
Em 2015, 75 das 100 músicas mais executadas nas rádios do Brasil foram sertanejas. Vocês estão na lista com “Que Sorte a Nossa”. Como vocês enxergam essa concretização da "invasão sertaneja", que já vem tomando forma há um tempo, mas parece ter dominado tudo de vez agora?
M: Eu acho que o sertanejo é um gênero musical que mistura todos os estilos. Então, se você pegar pra ouvir, vai ver que tem um pouco do axé, do pagode, do country americano. Então acho que é por isso que acabou sendo tão eclético em termos de público. Antigamente quem gostava de rock’n roll não ouvia a música sertaneja, isso mudou muito. A mentalidade das pessoas acostumou a ouvir. No Carnaval de Salvador, ninguém sabia o que era sertanejo e hoje existem trios elétricos aqui. Então acho que faz parte do crescimento, é a base isso aí. Por isso que as pessoas gostam e está sempre nos primeiros aí.
 

 
Falando nisso, vocês retornam daqui a pouco para Salvador pro Carnaval. Se apresentam no Camarote Villa Mix no domingo, que, por acaso, é o mesmo dia que o Jorge & Mateus puxam o bloco Pirraça. Alguma possibilidade de estarem no trio cantando em parceria com eles? E o contrário, no show de vocês?
M: Vamos fazer com certeza. Mandar esse som com ele.
K: A gente sempre faz, quase todos os anos que a gente veio, tocamos com eles em cima do trio. É uma energia incrível, sensacional.
M: A gente faz um show meio-dia em Olinda e depois vem pra cá.
 
Comparam muito vocês com eles? Lembro quando ‘Que Sorte a Nossa’ começou a tocar aqui e muitos que não conheciam vocês, acreditavam que era Jorge e Mateus.
K: A gente gosta. Não tem como não gostar. Não pela comparação, mas porque a gente se espelha muito neles. Por a gente ser do mesmo escritório, fazer trabalho semelhantes e shows juntos, ter essa semelhança no timbre de voz também... Mas a gente se sente muito orgulhoso em parecer com a dupla número um do Brasil. A gente espera chegar aonde Jorge e Mateus chegaram, com nosso trabalho, nosso esforço. E eles são pessoas fundamentais em nosso trabalho, nossa vida. Foram os caras que acreditaram na gente desde o início. Então a gente fica muito feliz com essa ‘comparação’.
 
Vocês fazem alguma adaptação no show pra se apresentar na folia?
M: Antigamente, no começo, a gente fez muito de pegar todas as músicas do repertório e trazer pro axé, mas aí as pessoas começaram a falar ‘ah, mas já tem tanto trio passando cantando axé, a gente tá aqui pra ouvir também o sertanejo que vocês tocam’. Então, antes a gente fazia todas, hoje a gente escolhe umas músicas mais animadas que a gente coloca numa levada mais dançante pra se aproximar do que o pessoal vem escutar no Carnaval, já que o pessoal vem pra escutar música animada. Então a gente pega as românticas, dá uma acelerada, mas é basicamente o show do Matheus e Kauan mesmo e, graças a Deus, tem agradado bastante.
 

Matheus Aleixo. Foto: Estela Marques / Bahia Notícias
 
Muito se discute, hoje, sobre uma nova forma que o Carnaval de Salvador vem tomando. Assisti a uma entrevista de vocês no ano passado em que você, Matheus, já trata o sertanejo como um dos ritmos naturais a festa. A gente sempre pergunta sobre a aceitação do pessoal daqui, mas isso a gente já sabe que é geral. O que fico na dúvida é: as duplas e cantores sertanejos ainda se sentem, caso já tenham se sentido, peixe fora d'agua nesse tipo de situação? Dá um frio na barriga?
K: Sente, porque é uma responsabilidade muito grande. E é um estilo de show diferente do que a gente tá acostumado a fazer no ano todo, em rodeios, pecuárias. Então, além de estar no maior Carnaval do mundo, a gente tem o peso de escolher bem o que vai trazer, o que vai fazer, se a galera vai gostar. Mas a gente prepara isso com o maior carinho do mundo e temos certeza que vai ser mais um ano de grande sucesso da gente aqui em Salvador.
 
Assim como Jorge & Mateus e Luan Santana, vocês se caracterizam muito mais pelas canções românticas, de amor, do que as de balada - digamos assim. É uma escolha de vocês? Sentem que isso difere o público de alguma forma?
M: Acho que é bem natural, né? Quando o artista quer começar a carreira ele não pode deixar se influenciar pelo que tá acontecendo, tá tocando na noite. Isso não é legal pra uma carreira duradoura. Então, a gente faz o que acredita que é verdadeiro, que acredita que pode dar certo, ou não, mas a gente faz o que gosta. A gente hoje pode falar que faz o que ama, canta as músicas que gosta. Nosso público particular também, gosta muito das músicas românticas. Mas a gente não pode deixar de gravar as músicas animadas pro pessoal poder dançar no show. Nosso show hoje é bem eclético, a gente faz de tudo.
K: A gente sempre se preocupa muito também com que vai passar nas letras. Porque a gente tem fã de 2 anos, 3 anos até fã de 90. Então, a gente se preocupa muito com o que a gente vai falar nas músicas, e por isso esse lado romântico sempre prevalece.
 

Kauan Rosa. Foto: Estela Marques / Bahia Notícias
 
Matheus, falando em Luan Santana, eu vi que você é o compositor, ou um dos compositores, de vários sucessos dele. Além de outras músicas de sucesso, como 'Mente pra mim' que fez muito sucesso aqui na Bahia. Menino, de onde vem essa inspiração toda tão novo? Porque, você tem 22 agora, né? Mas não é de hoje que escreve... Como é isso?
M: Na verdade eu tenho mais de 700 músicas. É que não são todas registradas... Mas elas ficam lá guardadinhas. Eu acho que é um dom que Deus deu pra gente, de escrever música. É uma coisa bem natural que acontece. Pra inspiração tem que estar com a cabeça boa, pensando positivo, leve, daí a gente consegue fazer muita coisa que se pareça com o cotidiano das pessoas, todo mundo vive no dia a dia. A gente não tem a oportunidade de vivenciar todo que a gente escreve nas músicas, até porque a gente não tem muito tempo, mas a gente pega o cotidiano das pessoas, história de amigos, aí faz as músicas e tá muito dando certo.
 
Então, todo ano tem uma música que talvez não ganhe como ‘música do carnaval’, mas que todo mundo reconhece pela beleza da letra, melodia. Esse ano, a música que mais está ganhando força nesse sentido é sua, “Vai que Cola”. Já tinha composto axé antes? 
M: Essa música eu fiz como um samba reggae e mostrei pro meu amigo [Filipe] Escandurras, que é um grande compositor junto comigo, um grande parceiro de composição. Aí hoje ele é o vocalista dessa banda, então ele foi passar uns dias lá em Goiânia, eu mostrei, ele gostou demais. Então a gente fez uma mistura lá e eu fico muito feliz que esteja fazendo sucesso.

 
 
Você e Escandurras compõem em diferentes ritmos, né? Sendo que as escolas musicais de vocês são muito diferentes, mas ainda assim, vocês passeiam um pelo ritmo do outro com certa facilidade. Como funciona é processo? É mais fácil, mais difícil, é diferente compor em outra seara musical?
M: Olha, na verdade, composição é um negócio muito doido. Às vezes a gente faz a melodia primeiro, às vezes a letra. Essas composições mais animadas eu costumo fazer a letra primeiro e depois colocar uma melodia que encaixe e vejo que fica mais legal num ritmo mais acelerado... Foi assim com ela.
 
Vocês estão pra lançar um DVD ao vivo "Na Praia", né? Me desculpem, mas eu não tenho como deixar de perguntar... Brasília é uma cidade que não tem praia. Por que a escolha?
M: Olha, na verdade, se a gente olhar a definição, por que eu me preocupei com isso. Fiquei pensando, a gente vai gravar um DVD ‘Na Praia’ em Brasília, que não tem praia. Mas eu fui olhar a definição no dicionário e praia quer dizer tudo que tem areia e tem água, então já que tem areia e água, vamo falar que é Matheus e Kauan ‘Na Praia’. Mas, realmente, quem não sabe que não é o mar fica muito parecido, porque tem as lanchas e tal, é num lago bem grande em Brasília. Ficou uma cara bem praia, vamo levar esse show pra estrada.
K: É um projeto que a gente vai fazer, uns shows ‘Matheus e Kauan na praia’ – esses realmente na praia. A gente vai fazer aqui em Salvador, Fortaleza, queremos levar pro Brasil inteiro. É esse projeto do DVD, né? Queremos fazer um show bem especial, vamos escolher os lugares, então essa é a base do nome do projeto.

 
Quais são as novidades desse novo DVD, desse projeto que vocês estão lançando?
K: São seis músicas inéditas que a gente vai lançar: ‘Nosso santo bateu’, ‘se entrega’, ‘incerteza’, ‘decide aí’, ‘abajur’... São algumas das músicas inéditas que a gente escolheu pro novo projeto e a gente acredita muito que elas vão se sobressair agora em 2016. Mas além desse DVD da Praia a gente já tem projeto pra muita coisa esse ano. Projeto pra trabalhos novos, estamos recebendo composições, estamos preparando tudo pra ter muita novidade pra galera esse ano.
 
Como está a recepção do Nordeste a vocês? 
K: Hoje a maior agenda de show da gente é no Nordeste. Principalmente no começo do ano e durante as festas juninas. O Nordeste abraçou a gente de uma forma muito especial, a gente faz shows pra 20, 30 mil pessoas, e muito especial. A gente tenta retribuir esse carinho todo, porque são pessoas muito acolhedoras, gostam muito da gente. Estamos tentando enfiar o sertanejo na cabeça de todo mundo, mais ainda.
M: A agenda dobra no carnaval. É bem corrido, mas a energia é muito boa. Mesmo que a gente faça dois shows por dia, parece que sempre dá pra fazer mais, é uma energia muito grande.