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Entrevista

'É o meu melhor momento', revela Tony Salles ao anunciar trio sem cordas do Parangolé

Por Renata Pizane

'É o meu melhor momento', revela Tony Salles ao anunciar trio sem cordas do Parangolé
Foto: Alexandre Galvão/ Bahia Notícias
Com quase dois anos no Parangolé, Tony Sales acredita que vive sua melhor fase no grupo, que possui uma história de 18 anos. Em entrevista ao Bahia Notícias, o cantor afirma que não se sente cobrado por substituir Léo Santana, não descarta a possibilidade de seguir em carreira solo e avalia que a suposta crise no Axé Music pode ser superada quando o sertanejo deixar de ser a música principal no país. Apostando na mistura do funk com o pagode, o Parangolé lança o clipe oficial do hit “Devagarinho”, que contou com a participação de Mc Delano e Nicole Bahls, e anuncia que vai comandar um trio sem cordas na quinta-feira de Carnaval no circuito Barra-Ondina.  
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Vocês estão trabalhando agora a música “Devagarinho”, que originalmente é um sucesso vindo do funk, como é essa parceria entre funk e pagode?
 
É uma parceria com MC Delano, um cantor mineiro muito talentoso. Aproveitamos essa música que ele gravou no meio do ano passado, através de Alisson Max, para fazer nossa versão. O interesse partiu do Parangolé.

Você acha que o “pagofunk” é uma saída para renovar do pagode baiano?
Não acho que essa coisa de rotular seja o que a gente busca. A gente faz uma música que tenha a ver com a nossa ideia, não nos apegamos ao “pagofunk”. Mudar é algo que vem naturalmente. 

A banda Parangolé tem uma história de 18 anos no pagode baiano, mas você tem cerca de dois anos nos vocais do grupo, qual balanço que você faz desse período? 
O ano de 2015 foi o meu melhor á frente da banda. Em 2014, quando entrei no grupo, foi um momento conturbado, de adaptação. Eu venho de uma história de sete anos com o Raghatoni, então estava perdido tentando me encontrar naquilo que não era meu. Depois que passou o Carnaval senti mais segurança. Uma coisa que me ajudou nessa adaptação rápida foi a receptividade do público.

E os planos para 2016?
Vamos trabalhar nosso novo CD/DVD e logo depois do Carnaval, a banda viaja para Europa, onde faz apresentações na Suiça, Portugal e Itália. 

Depois de “Devagarinho” vai ter alguma outra música no mesmo estilo?
A gente está trabalhando o CD novo que gravamos durante o Salvador Fest, em setembro, e lançamos no final de novembro. Ele tem seis músicas autorais. Além de Devagarinho, temos algumas outras apostas que estamos cantando nos shows, como “Pegada do Negão”, que é uma composição minha que fala sobre a mulher que não se apega a ostentação, temos também “Agachando”, que é uma situação completamente diferente dessa outra e Devagarinho, por tratar dessa relação com a academia. 
 
No início da carreira, a banda tinha uma essência mais popular, com letras que exaltavam a “favela”, por exemplo. Você acha que o grupo perdeu essa raiz ao longo do tempo ou é conseqüência do estilo de cada vocalista?
Não sei dizer se perdeu, a banda se adapta ao cantor. Então, hoje procuro deixar o Parangolé a minha cara.Para o público também é importante olhar para banda e perceber que ela parece comigo. Essa mudança é natural, de acordo com o tempo. Dois anos já foram suficientes para mexer em muita coisa. Tenho muita autonomia na banda, aliás, esse foi um dos motivos que me fizeram assumir os vocais. Eu tenho essa coisa da liderança. 
 

 
O cavaquinho era uma referência do Parangolé no início, agora a banda parece optar por um repertório com músicas mais swingadas e com apelo de coreografia, ao que você atribui essas mudanças?
É a minha cara. No primeiro ano, estávamos usando as coisas antigas da banda como referência. Desde o ano passado estou construindo essa identidade, com músicas como “Tchuco no Tchaco”,“Pegada do Negão”, “Senta e Chora”. Explorar a coreografia é algo meu mesmo, a dança é algo automático pra mim. Gosto de cantar coisas com linguagem alegre e com coreografia. 

Você tem planos de seguir em carreira solo? Não vou dizer que nunca, mas não penso nisso agora porque estou vivendo uma nova fase da minha vida. Só esse passo que já dei do Raghatoni para cá, já é uma história nova que estou vivendo. Não consigo pensar nessa possibilidade no momento, só quando o “bicho”estiver pegando ou algo não ser como imaginava e acontecer um desgaste natural. Graça a Deus está tudo bem. Meu contrato é até 2017 e, pelo andar da carruagem, devo renovar.

Como será o Carnaval do Parangolé? Vai ser aqui e fora. Desde o primeiro ano dessa nova formação que a gente faz assim.Um lugar que a gente não pode faltar é Porto Seguro, a gente faz sábado de folia lá. E estamos para fechar outro dia. Faremos ainda dois dias no Pará e estamos pra finalizar a agenda até segunda-feira (18). Em Salvador vamos fazer um bloco sem cordas, o arrastão do Parango, no circuito Barra-Ondina, na quinta-feira.

 
Você acredita que tocar fora de Salvador durante o Carnaval seja uma saída para enfrentar um possível enfraquecimento da festa? 
Não. É uma coisa antiga tocar fora. É uma forma de atender grandes festas e locais, como é o Carnaval de Porto Seguro, por exemplo. A quantidade de artistas que faz isso é bacana.Vejo mais como uma expansão da festa que a gente faz. 
 
O Bloco Traz a Massa, um dos quais o Parangolé já comandou, anunciou que não vai sair esse ano por conta da “crise”, assim como diversos artistas vão puxar trio sem cordas neste ano. Você acha que é um momento ruim para música baiana?
Está sendo há algum tempo, é uma realidade que estamos vivendo. Mas isso é normal, não temos como viver uma constante. A música da gente está precisando de um novo momento. Não sei quando isso vai acontecer. Atualmente a música que está sendo mais consumida no Brasil é o sertanejo. Quem vai mudar esse momento é o povo, porque é ele quem decide o que consome. Já tivemos o momento do funk, que chegou com força em Salvador, mesmo as pessoas não acreditando que isso aconteceria. No dia que as pessoas decidirem que não querem mais escutar o sertanejo, a música principal volta a ser o axé. Eu escuto de tudo, meu ouvido tem que ser desbloqueado, risos.

Você substitui Léo Santana em um momento que o Parangolé estava consolidado no pagode baiano com essa fase “renovada”. Acha que houve uma preocupação em promover uma ruptura do que era o Parangolé com Léo?
Sim, tem essa preocupação. Marcelo Brito, empresário da banda e dono da Salvador Produções, quando me procurou teve essa preocupação de não deixar a “peteca” caír. Ele foi atrás de alguém que já estivesse cantando para dar continuidade. Acho que isso funcionou na aceitação do público. Desde a época do Raghatoni queria trabalhar com ele.

Você sente que existe muita cobrança com você para superar o sucesso que Léo Santana fez quando liderou a banda?  Não acho que existe cobrança. Existe o trabalho de Léo e o trabalho de Tony. São duas coisas diferentes apesar de cantarmos a mesma coisa. Temos trajetórias diferentes e isso faz com que a gente não se esbarre. Eu busco fazer uma vertente diferente mesmo estando na banda que ele fez trajetória. 

Você acha que a exposição da sua vida pessoal com Sheila Carvalho já atrapalhou sua carreira à frente do Parangolé em algum momento?
Tem coisas que vem para o bem, outras para o mal. Mas até mesmo as coisas que não são positivas ajudam. Precisamos tirar o proveito de tudo. Não vejo que essa exposição prejudique, até porque são as pessoas que nos procuram. Posto pouca coisa familiar nas minhas redes sociais, apesar de ser uma coisa que os fãs gostam. A gente só não pode viver dando satisfação, porque chega um momento que a coisa aperta e você não consegue mais recuar, perde o controle. É preciso ter controle. 

E como vocês lidam com essa exposição do casal na criação da filha de vocês?
A gente se preocupa com o que está passando. Uma notícia negativa vai repercutir para o resto da vida. Se é positiva, relacionada ao nosso trabalho, a gente se orgulha. Inclusive, uma das profissões que ela quer ter é ser cantora e dançarina. É um reflexo do que ela vê em casa. Penso em aumentar a família em breve. Quero montar um time de futebol.

Você posaria nu novamente? 
Não. Eu não diria que me arrependo, foi um momento da minha vida que passou. Não posaria novamente. Tenho um novo foco para minha vida. Naquele momento que aceitei o convite foi por dinheiro.